Evento aconteceu no dia 17 de agosto em São Paulo

Por Viviane Prestes
Colaboração: Laiz Santos (Santiago & Cintra)

Reflexivo – Aliar um mundo extremamente técnico a uma cultura de reflexão nem sempre é uma tarefa fácil. Sem perceber, as pessoas convivem sob essa condição, mas cabe a elas mudar, de vez em quando, o Foco das suas ações no dia-a-dia. Em casa, na rua e no escritório, com pequenas atitudes é possível perceber a diferença que uma ferramenta com tecnologia de ponta faz, mudando o curso da humanidade.

E foi exatamente isto que aconteceu na segunda etapa do Foco Santiago & Cintra, projeto cultural de divulgação científica com o objetivo de criar uma nova discussão no meio das geotecnologias. O evento, que aconteceu no dia 17 de agosto no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), foi aberto com uma reflexão sobre as mudanças ocorridas na percepção do Espaço, com a palestra de Antonio Tommaselli, especialista em imagens de satélite e professor da Universidade Estadual Paulista.

Neste painel, Tommaselli destacou a importância de se compreender a história e evolução do geoprocessamento, para assim entender o que acontece no cenário atual. “Do ponto de vista de ser gratuito e de a pessoa poder usar na hora, é uma grande revolução. Dessa forma, o grande desafio talvez esteja na capacidade que temos de interpretar e de usar esse material. O que falta são ferramentas automáticas para fornecer a informação que nos interessa”, pondera.

Foco Santiago & Cintra
Antonio Tommaselli

Entusiasta – Certa vez, um escritor norte-americano, Dale Carnegie, falou que “a melhor maneira de nos prepararmos para o futuro é concentrar toda a imaginação e entusiasmo na execução perfeita do trabalho de hoje”.

Para quem pensava que as redes sociais, que usam geolocalização, são o futuro das relações pessoais, está enganado. Estevão Rizzo, diretor de marketing digital, explicou, em sua palestra no Foco, como as pessoas podem perceber o uso social da geolocalização e de que forma isso pode contribuir no cotidiano, através de ferramentas como o Foursquare, por exemplo.

Emocionante – Esta foi a palavra que mais se ouviu após a palestra de Maria de Jesus, mais conhecida como Dona Dijé. A Quilombola, quebradeira de coco e integrante do projeto Nova Cartografia Social, foi responsável pelo encerramento do evento.

O depoimento espontâneo de Dona Dijé trouxe aos participantes reflexões sobre sua experiência de vida. “Foi uma palestra inesquecível, deixou todos inebriados e emocionados”, afirmou Luciana Maryllac, profissional de marketing.

Como o tema central das palestras foi o Espaço, a busca incessante por seu lugar é a bandeira de luta da comunidade onde Maria de Jesus vive. “Por falta de informação adequada, muitas pessoas acham que, saindo de seu espaço para pisar em terras desconhecidas, irão melhorar de vida. Se saírem do lugar onde vivem, serão mais um morador embaixo da ponte, enchendo as grandes ou pequenas cidades que não foram preparadas para recebê-las”, conta a quilombola.

Os integrantes da comunidade de Dona Dijé não sabem ler e nem escrever, e também não têm acesso a computadores. “Eu costumo dizer que vivemos, ainda, fora do mundo globalizado. A única ferramenta que temos acesso é o GPS, e só sabemos manusear este equipamento porque fomos capacitados”, enfatiza.

Dona Dijé concluiu a palestra dizendo que um dia seu povo terá o domínio da tecnologia, mas a sua maior vontade é que exista tecnologia adequada para cada lugar, para cada região e para cada povo.