O Programa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), que já investiu US$ 30 milhões em projetos de pesquisa com duração de até seis anos, pretende ampliar de 40 para até 60 projetos apoiados até março de 2012.

As pesquisas serão desenvolvidas por pesquisadores ligados a instituições do Brasil e em colaboração com instituições como o Natural Environment Research Council (Nerc), do Reino Unido, Agence Nationale de La Recherche (ANR), da França e Interamerican Institute for Global Change Research (IAI), organização intergovernamental apoiada por nove países nas Américas.

O anúncio foi feito pelo coordenador do RPGCC, Reynaldo Victoria, durante o primeiro dia do simpósio FAPESP Week, que promove o debate sobre temas avançados de pesquisa científica e tecnológica entre pesquisadores brasileiros e norte-americanos, em Washington DC, de 24 a 26 de outubro.

“Estamos procurando adequar os temas dos projetos para cobrir áreas ainda não contempladas, induzindo pesquisas sobre saúde, paleoclima e o papel do Atlântico Sul nas Mudanças Climáticas”, afirmou o professor do Centro de Energia Nuclear Aplicada à Agricultura (Cena-USP) e coordenador do RPGCC.

Victoria relatou metas dos 21 projetos em andamento desde o início de 2009 e previu também um esforço para ampliar o número de acordos com organizações internacionais. Hoje, o Programa mantém cooperação com 21 instituições de pesquisa no mundo e também com as Fundações de Amparo à Pesquisa dos Estados do Rio de Janeiro e Pernambuco.

“Um dos objetivos centrais é construir e colocar em operação até 2014 o Brazilian Model of the Global Climate System, com foco na Amazônia e Atlântico Sul”, previu Victoria. “Queremos responder ao desafio sobre como os países poderão se desenvolver de forma sustentável no século 21”, concluiu.

O RPGCC foi lançado pela FAPESP em 2008 com o objetivo de avançar o conhecimento científico sobre as consequências das mudanças climáticas e ambientais. Entre os temas de interesse, com ênfase na biodiversidade, dos projetos que poderão ser desenvolvidos em colaboração estão os efeitos das mudanças sobre a saúde humana, o equilíbrio da radiação na atmosfera, emissões e mitigação de gases de efeito estufa e funcionamento de ecossistemas.

Monitoramento e transparência

O Brasil está considerando a possibilidade de incluir na Rio+20 uma convenção internacional sobre a transparência das informações ambientais. A informação foi divulgada por Gilberto Câmara, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O Brasil pretende levar sua experiência e propor que os países assumam a divulgação aberta de dados que dizem respeito ao ambiente no mundo.

Segundo Câmara, um projeto proposto pelo Inpe e o JPL (Jet Propulsion Laboratory, da NASA), ainda em análise, permitiria uma evolução no monitoramento ambiental por meio de satélite GTEO (Global Terriesrial Ecosystem Observatory), construído com investimentos de US$ 100 milhões do Brasil e US$ 150 milhões dos Estados Unidos. O Brasil seria responsável pela criação do corpo do satélite, painel solar, computador de bordo para coleta e envio dados.

O monitoramento ambiental feito hoje no Brasil utiliza câmaras a bordo de satélites que coletam fotos em faixas discretas do espectro. A nova tecnologia torna possível distinguir diferentes espécies

Para Robert Green, do JPL, o projeto permitirá pela primeira vez coletar informações sobre quais as espécies de plantas existentes, onde elas vivem e quais são suas condições de saúde. “Este será a primeira medição global dos ecossistemas com coleta do espectro de cada ponto do planeta”, disse.

Com informações da Agência FAPESP