Entrevista Ryan Johnson_RapidEyeEm setembro de 2011 a RapidEye – distribuidora de informações geoespaciais com sede na Alemanha, possuidora de uma constelação de cinco satélites de observação da Terra – foi adquirida pelo Blackbrige Group. Para esclarecer alguns pontos da aquisição, bem como responder questões sobre mercado, futuro, distribuição de imagens e projetos no Brasil, foi realizada uma entrevista com o Presidente e CEO da companhia, Ryan Johnson.

Você poderia nos falar um pouco sobre o Blackbridge Group e como a RapidEye se insere ao seu negócio?
O Blackbrige Group foi fundado em 2000 e tem tido uma missão contínua, que é a de “Dar poder a nossos clientes, para tomarem decisões inteligentes sobre o uso do solo”. Nós temos investido sistematicamente em infraestrutura, produtos, soluções e em parcerias que complementam a cadeia de valor geoespacial. Com a aquisição da RapidEye, o grupo opera em quatro divisões: Aeroespacial, que abrange nossa rede de estação terrestre, sendo um empreendimento conjunto (joint venture) com Swedish Space Coportation; Redes que é nosso data center e plataforma em nuvem privada; Geomática que fornece serviços geoespaciais principalmente no mercado norte-americano e RapidEye que fornece dados de alta resolução adquiridos e distribuídos em todo o mundo.

Poderia nos contar um pouco como foi o processo de aquisição da RapidEye?
Acredito que seja importante que eu esclareça alguns pontos que criaram certa confusão no Mercado. Primeiro, nossa aquisição da RapidEye foi um negócio de aquisição de ativos, isso significa que nós compramos os satélites, a infraestrutura, os contratos vigentes e a marca da RapidEye e todos os direitos comerciais. Nós não compramos a companhia, ou seja, nós não somos responsáveis pelos débitos ou dívidas da companhia anterior. Segundo, do ponto de vista da “Nova RapidEye” como uma nova empresa de operações, a insolvência não existe mais. A companhia anterior ainda continua nas mãos de administradores que negociam com os bancos e credores a liquidação das contas. A “Nova RapidEye” não está envolvida neste processo.

Então o que isso significa para a RapidEye hoje?
Significa que a RapidEye é uma organização saudável financeiramente. O acontecimento mais importante foi que mudamos o  foco da empresa no fornecimento de dados e produtos de valor agregado, ou seja, não trabalhamos mais na solução de négocios. Uma capacidade do sistema RapidEye é a aquisição de grandes volumes de dados que podem ser proporcionados rapidamente. Nós queremos dar poder para nossos parceiros regionais para alavancar nossa confiável e repetitiva capacidade de imagear grandes áreas para desenvolverem serviços e soluções de negócios.

Outra mudança importante, foi  fortalecer  nossos canais de vendas. A RapidEye é uma organização centrada no distribuidor, e estamos trabalhando para garantir que  nossos parceiros  construam empresas fortes em cima dos produtos de infraestrutura e dos dados que fornecemos. Nossos distribuidores são a força de venda da RapidEye, pois fornecem a compreensão local e relações de confiança para assegurar que nossos produtos atendam às necessidades dos clientes locais. Da mesma forma, nossa equipe agora é capaz de concentrar a sua experiência na operação de nossos satélites e gerar produtos e dados que atendam inteiramente às necessidades únicas de nossos parceiros e clientes. A última mudança é o investimento que estamos fazendo atualmente, depois da reestruturação e sem a responsabilidade das dívidas e débitos da empresa anterior. Nós temos a liberdade de reinvestir no segmento terrestre, processamento de sistemas e de novos produtos. Nossos parceiros vão ver melhorias significativas nos produtos de dados e serviços com novas soluções que serão implantadas nos próximos meses.

Como seu canal de distribuição respondeu às mudanças?
Nossos distribuidores adotaram os novos modelos de licenciamento e preços que introduzimos. A RapidEye tem um acúmulo de receita contratada para 2012,  que excede o total de receita de 2011.  Muitos desses contratos são de adesão plurianuais, que permitem que nossos distribuidores expandam seus negócios e forneçam a RapidEye  receitas importantes.

Podemos destacar dois importantes projetos neste momento, que estão contribuindo com o volume de dados RapidEye a serem fornecidos. Primeiramente, o nosso projeto ESA com o fornecimento de 5.8 milhões km2 de imagens. A RapidEye irá imagear 39 países europeus durante uma curta janela de imageamento. Depois, a renovação nosso acordo com a Eastdawn Information Technology em que distribuiremos 12.6 milhões km2 de novos dados coletados anualmente durante um período de dois anos.

Por que a RapidEye está bem posicionada para apoiar projetos de imageamento no Brasil?
O Brasil apresenta alguns desafios significativos para imageamento, é um dos maiores países no mundo com cerca de 8.5 milhões de quilômetros quadrados e 60% do país faz parte da Amazônia Legal que possui uma cobertura de nuvens significativa. A RapidEye é ideal para atender estes requisitos de imageamento. Em termos globais nós imageamos acima de 4 milhões de quilômetros quadrados por dia e adicione cerca de 1 bilhão de quilômetros quadrados de imagens de alta qualidade no nosso acervo anualmente. Nós também temos a habilidade de alocar recursos de imageamento significativos para áreas específicas que nos permitiram coletar 200 milhões de quilômetros quadrados de imagens de qualidade sobre o Brasil desde que começamos em 2009.

Estes dados estão prontos para serem utilizados no monitoramento de escala nacional, para diversas aplicações: ambiental, florestal, agrícola, infraestrutura, entre outras.

Como você resumiria as perspectivas da BlackBridge para o médio prazo?
Eu diria que estamos em uma posição muito forte. Temos um portfólio diversificado de produtos em todo o grupo e temos fluxo de caixa positivo de todas as nossas divisões operacionais, destacando-se a RapidEye. Para a RapidEye especificamente, estamos no ritmo para as receitas crescerem 35% em 2012 e estamos gerando significativo fluxo de caixa, que está sendo usado para expandir o negócio. Há um reforço das condições econômicas subjacentes que impulsiona nosso negócio. Vemos iniciativas que começam a tomar forma, como é o caso da REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) e outros programas de monitoramento ambiental, que a RapidEye é, particularmente, adequada para fazer. Esses fatores e a força da nossa rede de distribuidores fornecem à RapidEye uma grande segurança para o crescimento significativo em 2012 e nos próximos anos.

E sobre a continuidade dos dados, você tem algum plano para resolver este problema com seus clientes?
Estamos comprometidos com a continuidade dos dados e vamos compartilhar a nossa estratégia com os distribuidores na nossa conferência de parceiros em setembro, e publicamente até o final de 2012. Temos tido uma abordagem muito sistemática. O primeiro passo foi estabelecer os sistemas de negócios subjacentes e as estruturas que foram necessárias para garantir a estabilidade financeira da empresa; o segundo foi o reinvestimento nos sistemas centrais para a alavancagem do sistema existente; e o terceiro lugar, que estamos tratando agora, é a continuidade dos dados.

Os satélites estão em boas condições, a equipe de engenharia da RapidEye tem feito um grande trabalho de eficiência operando o sistema. Como a maioria dos sistemas bem desenhados, esperamos que a constelação RapidEye  continue a desempenhar bem a vida útil dos Satélites para os próximos anos, dando segurança para os nossos usuários. A vida útil esperada do sistema fornece algum tempo para construir as parcerias necessárias para a próxima geração de satélites.

Os dados RapidEye estão sendo cada vez mais utilizados como referência em importantes projetos em vários países.