Mapeamento das vias urbanas contribui para o planejamento territorial, otimiza recursos e diminui prejuízos

Por Alexandre Scussel e Eduardo Freitas

Redes de água, esgoto, gás, telefonia e energia elétrica formam um verdadeiro emaranhado nos subsolos das cidades. Este é, sem dúvida, um desafio que se impõe a todos os grandes centros urbanos: como gerenciar os milhares de quilômetros de vias de forma ágil e eficaz, agregando informações, diminuindo o risco de acidentes, controlando obras e garantindo o bom funcionamento de serviços essenciais à população.

Para fornecer soluções a questões como estas, está em fase de implementação o GeoConvias, em um dos maiores centros urbanos da América Latina, um projeto que agrega informações para uma melhor organização do território subterrâneo na cidade de São Paulo.


GeoConvias

Desenvolvido pelo Departamento de Controle de Uso das Vias Públicas (Convias), órgão da Prefeitura de São Paulo, o GeoConvias tem por objetivo gerenciar os equipamentos de infraestrutura urbana nas ruas da cidade e criar um cadastro único e digital de todos estes equipamentos, contribuindo diretamente para o planejamento urbano, para solução de interferências e remanejamentos, bem como para a prevenção de danos e sinistros.

De acordo com Antonia Ribeiro Guglielmi, Diretora do Departamento de Controle de Uso das Vias Públicas da Prefeitura de São Paulo (Siurb-Convias), em entrevista exclusiva para a revista MundoGEO, o GeoConvias está diretamente ligado à questão espacial, devido à necessidade de verificar sobreposições. Por muitos anos as análises eram feitas sem um sistema georreferenciado, sendo impossível verificar sobreposições de obras. Segundo Antonia, o prejuízo era grande, mas em 2007 um embrião do GeoConvias foi elaborado, e em 2009 foi implantado o sistema como é conhecido hoje, com controle da aprovação de obras, redes, obras públicas, tudo mapeado para viabilizar a gestão espacial.

A primeira etapa desse sistema de gerenciamento de informações georreferenciadas, desenvolvido pela empresa Logica para a Prefeitura, foi finalizada em março de 2010 e permitiu a integração das informações que estavam dispersas pelo departamento; a visualização destas informações na forma de mapa; a segurança dos dados pelo controle de acesso por perfil; a possibilidade de edição dos layers simultaneamente por vários usuários; a confiabilidade dos dados por regras de validação; e a garantia dos dados por backups automatizados. Ao final da primeira etapa, o sistema continha aproximadamente 75% do cadastro das redes subterrâneas de permissionárias, referentes ao cadastro de água, esgoto e gás, e quase 100% das informações de projetos previstos, em análise e aprovados, mapeados pelo Convias.

Segundo Milton Lichtig, Gerente de Projetos para América do Sul da Logica, o GeoConvias foi desenvolvido sobre a plataforma Smallworld da GE Digital Energy, fornecido e customizado pela Logica. A principal linguagem de programação do sistema é o Magik, uma tecnologia orientada a objetos que permite a customização das funcionalidades necessárias para o Convias. O sistema tem interface nativa com Oracle e Oracle Spatial, permitindo a exportação dos dados para estes bancos através do InSync, ou mesmo visualizar dados desses bancos externos de maneira totalmente transparente para o usuário final. Além disso, o sistema permite integração com qualquer banco de dados através de conexão ODBC, sendo ele SQL Server, Access ou qualquer outro padrão de mercado.

Subsolo Urbano

De acordo com Milton, a maioria das permissionários também usa o Smallworld no seu dia-a-dia, o que ajuda na importação dos dados para o GeoConvias. “No caso de permissionárias que usam outro formato, foi definido o shapefile como padrão para importação. Neste caso, houve uma negociação do conteúdo e da estrutura do shp, para que se adeque ao padrão, com todas as informações necessárias para a Prefeitura”.

A segunda etapa encontra-se em andamento e contempla a disponibilização das informações para a Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb), da qual o Convias faz parte; a carga dos cadastros de telefonia e de energia elétrica (recebidos depois da conclusão da primeira etapa); e a integração com outros sistemas, em especial com o Mapa Digital da Cidade (MDC). Esta etapa está sendo desenvolvida em parceria, pela Logica e a Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação (Prodam). Ao final, a expectativa do projeto é alcançar 97% do cadastro de redes de permissionárias, tanto redes aéreas quanto subterrâneas, incluindo as da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Companhia de Gás de São Paulo (Comgás), Telefonica e Eletropaulo Metropolitana, além de ter todas as informações de projetos previstos, em análise e aprovados, obras concluídas e também dos avisos de início de obras, integrando o projeto com o Sistema de Gestão de Obras (GoConvias).

Segundo Antonia, os ganhos obtidos com o GeoConvias são óbvios: permite realizar análises que não eram possíveis antes; agiliza o processo de tomada de decisão; melhora a análise, vistoria, trabalho em campo e recebimento de cadastro; gera vantagens de TI, como controle de usuário, dados seguros, backup, versionamento, alternativas para o usuário; entre outros benefícios. “O trabalho que antes levava dois a três dias, hoje leva dez minutos”, comemora.

Os passos seguintes contemplarão a disponibilização do sistema para toda a Prefeitura, para as permissionárias e para o público. Em paralelo, o Convias continuará as negociações para obtenção dos cadastros digitais das demais empresas de telecomunicação.

Sendo o maior projeto deste porte na América Latina, o GeoConvias desponta como um exemplo de iniciativa de mapeamento do subsolo urbano, gerando economia de recursos e diminuindo prejuízos para a administração municipal.