A OrbiSat, empresa da Embraer Defesa e Segurança, que atua na área de sensoriamento remoto e radares para vigilância aérea e terrestre, fechou recentemente um contrato com a Santo Antônio Energia para monitorar a área do reservatório da companhia no rio Madeira, em Porto Velho (RO), onde é responsável pela construção e operação da Usina Hidrelétrica Santo Antônio e pela comercialização da energia gerada.

O objetivo do trabalho é fazer um controle mensal de cerca de 2,8 mil km² a fim de identificar regiões que sofreram alterações na vegetação como desmatamentos, clareiras, caminhos, alterações de borda, corte seletivo de árvores e novas edificações, entre outros. Este monitoramento permitirá maior controle sob a área de proteção do reservatório, coibindo imediatamente danos ao patrimônio e gerando documentação com fatos e dados para ações na justiça. O projeto tem duração de 12 meses.

É a primeira vez no Brasil que esse trabalho é realizado com um radar aerotransportado, pois normalmente a análise de terreno é feita por fiscalização em campo. No sobrevoo realizado com o radar de abertura sintética (SAR), a OrbiSat percorreu toda a extensão da hidrelétrica em aproximadamente cinco horas. Nesta primeira etapa, a empresa mapeou toda a vegetação e infraestrutura existentes. Foi possível, inclusive, identificar a vegetação sobre a água, formada por algas e plantas aquáticas, que podem se reproduzir em excesso e danificar as turbinas da hidrelétrica. Também foi possível detectar mudanças ocorridas na paisagem em determinado intervalo de tempo. A alta resolução do radar da OrbiSat, com precisão de 1 metro, torna possível identificar até mesmo o desmatamento seletivo, no qual árvores individuais são removidas no interior da floresta.

“O mais importante foi demonstrar que o monitoramento ambiental por meio do radar é viável, mesmo competindo com outras tecnologias, como satélite e laser, e que o custo-benefício compensa”, explica Maurício Aveiro, presidente da OrbiSat. “Há uma grande redução no trabalho de campo, uma precisão excelente nas informações obtidas e rapidez no processamento dos dados, possibilitando realizar comparações mensais da área sobrevoada”. A entrega dos resultados é feita uma semana após cada voo.

A OrbiSat utiliza radares com duas bandas, X e P, para análises mais críticas do terreno, pois elas capturam informações da superfície exposta e também do terreno sob a floresta. Com isso, é possível obter informações das áreas inundadas sob a vegetação fechada, assim como do deslocamento de terreno causado por assoreamento, fundamentais para a segurança da hidrelétrica.

“Nossa capacidade de desenvolvimento da tecnologia de radares SAR permitiu alcançar este nível tecnológico. O contrato com a Santo Antônio Energia, que acreditou na nossa expertise, foi o incentivo que buscávamos. Nosso objetivo agora é ampliar esse serviço, levando o monitoramento por radar para outras áreas da Amazônia e, assim, acompanhar mês a mês a situação da floresta”, diz Aveiro.

Ao final dos 12 meses de contrato, a OrbiSat vai gerar 12 mapas para cada voo, somando cerca de 144 no total. A empresa fornecerá ainda ortoimagens e imagem diferencial nas bandas X e P.

De acordo com a Santo Antônio Energia, a legislação ambiental que orienta o empreendimento diz que, além das áreas que a empresa vai ocupar com a usina, exige a demarcação de uma área de preservação permanente. “A Santo Antônio Energia preserva aproximadamente 30 mil hectares que hoje fazem parte de um cinturão verde em volta do empreendimento”, comenta Ricardo Marques, gestor do programa sócio-patrimonial da Santo Antônio Energia.

Para evitar que a área de preservação da usina sofra com roubo de madeira, desmatamento, habitações irregulares, queimadas, entre outros, foi desenvolvido o Programa de Gestão Sócio-Patrimonial, cuja meta é controlar as áreas sob o ponto de vista social, econômico e patrimonial. “A base cartográfica que usávamos não era atualizada mensalmente. Agora, com esse investimento em tecnologia para a proteção de nossas áreas, as informações são disponibilizadas em tempo real e constantemente atualizadas”, explica Marques.