Pesquisa busca identificar barreiras geográficas da doença

A pesquisa em andamento ‘Difusão espacial do dengue no Estado de São Paulo e as suas barreiras geográficas‘, do doutorando Rafael de Castro Catão, com orientação de Raul Borges Guimarães, professor da Unesp de Presidente Prudente, parte da informação que trinta anos após sua reemergência no Brasil, o dengue já possui ciclos endêmicos/epidêmicos em quase todo o país.

Devido às características sociais e ambientais do território brasileiro, aproximadamente toda sua extensão é propícia ao desenvolvimento da doença. Todavia, existem algumas áreas que nunca notificaram casos autóctones. Essas áreas correspondem à clusters de municípios com características (sociais e ambientais) semelhantes, evidenciando algum fato geográfico que impede ou limita a expansão/consolidação da doença naquela área.

Essas áreas foram denominadas, pelos pesquisadores, a priori, de barreiras geográficas de difusão, que dificultam ou impedem a transmissão do dengue nesses referidos clusters. O tema barreiras geográficas está inserido dentro das pesquisas sobre difusão de doenças, presentes no seio da geografia da saúde.

‘Esta pesquisa visa estudar as barreiras de difusão do dengue no Estado de São Paulo, que aparentemente conta com quatro áreas em que não há registros de casos de dengue, ou que suas taxas estão bem abaixo da média estadual. Desta forma definimos como Hipótese da pesquisa que as barreiras geográficas de difusão do dengue no Estado de São Paulo existem e podem ser identificadas e mapeadas. O objetivo geral consiste em compreender o processo de difusão espacial do dengue no Estado de São Paulo, identificando as suas barreiras geográficas’, afirmam os pesquisadores.

Para chegar a esse objetivo, serão delimitadas conceitualmente o que seriam as barreiras geográficas de difusão do dengue e depois mapear a difusão do dengue no estado, criando modelos preditivos de barreira para a posterior análise. Para isso, primeiramente, ocorrerá uma revisão bibliográfica em periódicos e livros, nacionais e internacionais sobre os temas: difusão de doenças, barreiras geográficas e dengue.

‘Concomitantemente a essa revisão bibliográfica, iremos iniciar o mapeamento dos casos de dengue utilizando dados desagregados temporalmente (semanas e dias), mas agregados por municípios’, afirmam.

Esse mapeamento servirá de base para as análises de difusão utilizando pacotes estatísticos e de geoestatísticas que serão definidos posteriormente com uma revisão bibliográfica específica. Os dados desagregados são oriundos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação da Secretária Estadual de Saúde e o recorte temporal será de 2001 a 2013, cobrindo um período de difusão de vários sorotipos no estado de São Paulo.

‘Como se trata de um projeto em andamento, ainda não há resultados concretos, mas já existem algumas indicações metodológicas como, por exemplo, a de buscar em outras teorias diferentes da difusão de inovações de Hägerstrand (que é a hegemônica) as explicações para doenças vetoriais, pois essas não estão contempladas nesse sistema explicativo que tem por pressuposto a transmissão pessoa-pessoa, mais aplicável a estudo de doenças contagiosas como Aids, rubéola, sarampo entre outras’, explicam os pesquisadores.

Informações: rafadicastro@gmail.com

A pesquisa foi apresentada no Simpósio Internacional ‘Questões do Trabalho, Ambientais e da Saúde do Trabalhador’, que ocorreu entre os dias 15 e 17 de maio na Unesp de Presidente Prudente.

O evento foi organizado pelo Centro de Estudos e Pesquisas do Trabalho, Ambiente e Saúde (CETAS) contou com professores da Universidade da Geórgia (EUA), do Centro de Estudos Ambientais Cienfuegos (Cuba) e da Universidad Nacional de San Juan (Argentina).

A trajetória de pesquisa do coletivo CETAS expressa predomínio da compreensão dos impactos sobre trabalhadores, ambiente e a sociedade. O Centro é formado pelo Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT/Laboratório CEMOSI/OTIM), pelo Grupo de Pesquisa ‘Gestão Ambiental e Dinâmica Socioespacial’ (GADIS) e pelo Laboratório de Biogeografia e Geografia da Saúde. Neste sentido, o evento possui um eixo fundamental de discussão vinculado às atuações dos Grupos de Pesquisas que dão origem ao CETAS.

Fonte: Unesp