A redução do desmatamento na Amazônia ocorreu após a utilização de satélites de monitoramento na região, ressaltou nesta quarta-feira, 23 de Julho, o diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), Carlos Alberto Gurgel. Ele ministrou conferência na 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco.

Diretor da AEB destaca uso de satélites na redução do desmatamento
Mosaico de imagens de satélite da região amazônica

“O Brasil já chegou a queimar uma Bélgica por ano na Amazônia e com a utilização dos satélites isso foi reduzido drasticamente”, disse.

Gurgel ressaltou que os investimentos em satélites nacionais, além de garantir autonomia ao país, proporcionam uma série de serviços e aplicações para a população. “Pela dimensão territorial do Brasil, construir, colocar o satélite em órbita e retirar dele as informações que precisamos oferece autonomia ao país e traz benefícios para o setor econômico e toda sociedade brasileira”, afirmou.

Além do controle do desmatamento, o diretor ressaltou que os satélites servem para o monitoramento da cultura da cana-de-açúcar, para observar oceanos e monitorar o nível das represas, entre outras aplicações. “Recebemos informações quase em tempo real do nível das hidrelétricas”, ilustrou.

Brasil no espaço

Entre as ações do programa espacial brasileiro, Gurgel apresentou aos participantes da conferência, composta em sua maioria por estudantes de engenharia, algumas das ações do país no setor. De acordo com ele, o primeiro Satélite de Coleta de Dados nacional, o SCD-1, ao custo de R$ 15 milhões, foi lançado em 1993, e o SCD-2, em 1998. “E ambos estão em funcionamento até hoje”, ressaltou.

O diretor também falou sobre o Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBers, na sigla em inglês), que coleta dados e captura fotografias em todo território nacional. “O primeiro foi lançado em 1999 e em 2003 ocorreu outro lançamento”, disse. Já em 2007, ocorreu o lançamento do CBers-3.

Ao lembrar a falha ocorrida no lançamento do CBers-4 no final do ano passado, Gurgel explicou que o relatório dos chineses (parceiros no programa) revelou entrada de detritos em um dos motores, o que fez com que o foguete não alcançasse a velocidade necessária, como motivo do insucesso da operação. “Após o ocorrido, os engenheiros chineses desmontaram todos os seus foguetes para avaliar se não havia indícios do mesmo problema”, afirmou. Segundo ele, está previsto para o próximo ano o lançamento de mais um CBers.

Entre os projetos inéditos, o palestrante falou sobre o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC). “Ao custo de R$ 1,3 bilhão, o SGDC está sendo construído nesse momento na França e daqui dois anos vai conseguir colocar banda larga no Brasil inteiro”, disse. De acordo com o diretor, deverão ser lançados três satélites no total com vida útil de até 15 anos.

Carlos Alberto Gurgel apresentou também o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e destacou que o Brasil possui o “melhor posicionamento do mundo para lançamentos de satélites”.

AEB na SBPC

Ainda nesta tarde, o chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da AEB, José Monserrat Filho, apresenta o tema “Rumo à Lei Geral das Atividades Espaciais no Brasil” numa das sessões especiais programadas. Ele também ministra, de hoje a domingo (27), minicurso sobre o tema “A política e o direito na era espacial”.

Além disso, o Programa AEB Escola tem várias opções de capacitação entre os mais de 50 minicursos que serão oferecidos, com oito horas de duração.

Fonte: AEB