Por George Serra, Geógrafo, Especialista em Geoprocessamento e TI, Instrutor Certificado Internacional ESRI e Mestre em Engenharia pela Politécnica da USP. Atua como Professor, Consultor em Estruturação de Bases e Geomarketing na Empresa GeoSert

Quando pensamos na grande quantidade de serviços e produtos geotecnológicos que podem ser usados em um ambiente de governo municipal, temos muitas possibilidades a considerar em 2015. Posso listar algumas sem titubear, como a consolidação do uso de imagens de satélite de altíssima resolução espacial e espectral, o amadurecimento do segmento de levantamentos 3D por laser scanner, desenvolvimento de novos algoritmos de classificação de imagens orientados a objetos, coleta dinâmica de dados em campo com GIS móvel, transmissão em tempo real, mapeamento colaborativo, mineração de dados e interoperabilidade, além da perspectiva de legislação e liberação do uso de VANTs nos levantamentos urbanos. Todos estes elementos são trabalhados com interfaces de software cada vez mais didáticas e amigáveis, sejam de mercado ou open source.

Logicamente, apenas a tecnologia não representa o sucesso de um projeto em prefeituras, que têm como público final o contribuinte, o técnico da prefeitura como executor, geralmente um cargo comissionado como gestor e um político como elemento decisório. São muitos interesses integrados e ao mesmo tempo conflitantes, que tem uma janela temporal de quatro anos para desenvolvimento, execução e finalização. Um dos principais elementos balizadores para a criação de uma inteligência fiscal e formulação de políticas públicas é a manutenção atualizada de um cadastro técnico multifinalitário, ou seja, a construção de bases e sistemas que atendam às pendências das secretarias usando plataformas conjuntas, provendo respostas às demandas da sociedade e aos diversos órgãos da administração municipal.

Atualmente falamos no desenvolvimento de um cadastro 4D (x,y,z,t), ou seja com a possibilidade de medição dos elementos planialtimétricos associados ao monitoramento das transformações urbanas multitemporais que sofrem continuamente o território de um município. Se pensarmos neste conceito desenvolvido em um ambiente multiusuário versionado, teremos um grande potencial para a modelagem de bancos de dados geográficos.

Podemos considerar que os principais desafios tecnológicos e culturais no âmbito da gestão municipal estão associados ao desenvolvimento e disseminação do conceito das cidades inteligentes, as “Smart Cities”. Este conceito refere-se ao desenvolvimento de um planejamento sustentável associado a gestão da ampla e complexa gama de informações geradas dinamicamente nas cidades. Embora saibamos que, infelizmente no Brasil a realidade da maioria das prefeituras seja de mapeamentos desatualizados, problemas de infraestrutura, defasagem tecnológica e recursos humanos escassos, o avanço, diversificação, didática e barateamento da tecnologia aparecem como uma luz para a solução de parte destes problemas. Outra questão importante é a popularização das geotecnologias aos gestores, assessores e secretários municipais, que já conseguem enxergar a importância e confiança das soluções espaciais no planejamento e tomada de ações para gestão eficiente do território. Além disso, o entendimento que o desenvolvimento de soluções corporativas, eficientes, seguras e otimizadas ficam como legado deixado à população, dificultam a dissolução destes avanços em futuros governos não tão visionários.

Sendo assim, um dos grandes desafios está na criação de centros operacionais que usem a componente espacial como elemento norteador na análise e tomada de ações e sirvam como cerne na congregação de bases, infraestruturas, equipamentos e soluções corporativas voltadas a uma dinâmica na coleta, disseminação e uso eficiente das informações. Estes centros devem prover a capacitação, além de suporte colaborativo e metodológico a núcleos de geotecnologias instalados nos órgãos, secretarias governamentais e de pesquisa, para permitir o estudo e desenvolvimento aplicado de soluções voltadas a integração entre bases, sistemas dinâmicos, processos otimizados e unificados na gestão urbana, gerando assim serviços eficientes aos contribuintes e secretarias municipais.

Capacitações sobre GIS para Prefeituras

Para ficar por dentro de tudo que a geoinformação pode fazer para melhorar a gestão do espaço urbano, participe do curso Geoinformação na Gestão Municipal no dia 5 de maio, e do fórum Geoinformação para Cidades Inteligentes no dia 7. Ambos serão realizados durante o MundoGEO#Connect LatinAmerica 2015, em São Paulo (SP).

O curso apresentará formas de coleta e atualização de dados geoespaciais para as diversas aplicações em municípios. Serão demonstradas as precauções necessárias em relação às especificações técnicas dos processos de licitação e os vários desafios encontrados na implantação de sistemas de informações geográficas, bem como suas aplicações para o cadastro, arrecadação, planejamento, gestão ambiental, entre outras.

Já este fórum inovador vai contar com a presença de especialistas para discutir e apresentar resultados de projetos que incluem a coleta, processamento, representação e a análise de informações geoespaciais em sistemas de suporte à gestão inteligente de cidades. Também será debatido sobre a relação inseparável entre o novo conceito de Cidades Inteligentes (Smart Cities) e a importância do acesso rápido a informações geoespaciais atualizadas, para facilitar a tomada de decisão em situações rotineiras e emergenciais nas áreas urbanas.

Veja aqui as opções de participação do MundoGEO#Connect 2015.

Fonte:  MundoGEO#Connect 2015