Um verdadeiro evento sísmico abalou o mercado de Geotecnologia: o Google Earh Enterprise se tornará de código aberto a partir de março. Entenda as causas e consequências, e veja como você pode tirar proveito disso
Três momentos são marcantes na história do Google Earth. Primeiro, a compra da Keyhole pela Google em 2004 e o lançamento do Google Earth, que revolucionou o setor de Geotecnologia para sempre. Uma década depois, foi liberado gratuitamente o Google Earth Pro, levando uma ferramenta profissional para milhões de pessoas. E em março próximo será liberado o código do Google Earth Enterprise, o que vai permitir que corporações possam disponibilizar seus dados nessa plataforma, agora open source.
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Desde 2015 a Google já havia sinalizado sobre a descontinuidade de vários produtos geoespaciais, incluindo o Google Earth Enterprise (GEE), e no último dia 31 de janeiro veio a boa notícia, de que o Google Earth Enterprise vai se tornar um software de código aberto.
Segundo o comunicado oficial da Google, cerca de 470 mil linhas de código dos produtos GEE – GEE Fusion, GEE Server e GEE Server Portable estarão disponíveis no GitHub, para qualquer desenvolvedor, sob a licença Apache2.
Por outro lado, os outros produtos da área de mapeamento, como o Google Earth Enterprise Client, Google Maps JavaScript API V3 e Google Earth API, continuarão como softwares proprietários.
Por dentro do Google Earth Enterprise
O GEE permite a criação de um verdadeiro mundo virtual, disponível na intranet da empresa ou órgão público e acessível a vários colaboradores. Além disso, distribui espacialmente informações já presentes na organização, nas áreas de ERP, CRM, GIS, CAD, entre outras.
A interface única do sistema, acessível a qualquer usuário, técnico ou não, combina imagens, plantas, ruas, pontos de interesse e modelos 3D de edificações em um mesmo globo. O GEE permite a visualização dos dados da organização tanto na base de imagens de satélites do Google como nos próprios servidores da instituição, aumentando assim a segurança para empresas e órgãos públicos.
Os principais componentes do GEE são o Google Earth Fusion, o Google Earth Servidor e o Google Earth Cliente/Google Maps. Os dados geoespaciais, na forma de imagens e vetores, são organizados pelo Google Earth Fusion, formando o banco de dados, que é gerenciado e disponibilizado na intranet da organização para diversos usuários através do Servidor. Por sua vez, os usuários passam a visualizar, imprimir, pesquisar e criar dados através do Google Earth Cliente ou do Google Maps.
Nos EUA, praticamente todos os órgãos de defesa usam a ferramenta, principalmente pelo fator segurança, já que o GEE roda independentemente da internet pública. O Virtual Alabama é um exemplo de sucesso da implantação do GEE, com toda a administração pública do Estado interligada através da ferramenta.
Prefeituras podem usar o GEE para criar verdadeiras “cidades virtuais”, possibilitando o gerenciamento de todos os recursos da cidade. Várias informações importantes ficam disponíveis para todas as secretarias, autarquias e outras entidades municipais, melhorando os processos decisórios e o atendimento das necessidades dos cidadãos.
Como exemplos de informações que podem ser distribuídas estão os dados sobre agricultura e abastecimento, cultura e lazer, defesa civil, educação, finanças, indústria e comércio, meio ambiente, obras, segurança pública, trânsito e transportes, planejamento, entre outras.
Dentro de prefeituras, todas as informações espaciais do município ficam organizadas em um servidor do próprio órgão. O Google Earth Server gerencia as informações e os usuários das secretarias, através do Google Earth Cliente, podem acessar e atualizar as informações espaciais. Os munícipes, por sua vez, podem enviar informações espaciais às secretarias utilizando o Google Earth gratuito.
O Google lançou o Google Earth Enterprise em 2006 e parou de vendê-lo há quase dois anos. Desde então, o Google lançou atualizações e forneceu suporte a organizações com licenças existentes.
Uma vez que o código do GEE será liberado no GitHub, as organizações serão livres para modificá-lo, de forma colaborativa ou independentemente, para suas próprias necessidades como software open source.
Segundo a empresa, a Google tentará facilitar o uso desses recursos publicando instruções para que as corporações possam executar o Google Earth Enterprise em sua nuvem pública.
Descontinuidade?!? #SQN
Desde 2015, havia muita incerteza e muito tem sido prognosticado sobre as consequências da descontinuidade do Google Earth Enterprise.
Porém, agora a situação parece muito mais clara. O futuro do Google Earth Enterprise será aberto.
O anúncio de 30 de janeiro passado marca o início de um novo marco para a GEE. Os recursos do GEE Server, Fusion e Portable serão abertos e disponíveis para a comunidade global de desenvolvedores.
Um resultado muito importante é que o suporte ao produto, de parceiros da Google e da comunidade de código aberto, continuará para o GEE, incluindo melhorias que inevitavelmente serão disponibilizadas.
Um exemplo é a empresa Thermopylae Sciences & Technology, que trabalha em estreita colaboração com a Equipe de Produtos do Google Maps e desde o anúncio de descontinuidade do GEE não parou, testando as últimas atualizações do Google, comunicando bugs e incubando formas inovadoras de manter o GEE funcional para novos usuários.
Com o código aberto do GEE, surge agora a oportunidade de desenvolver novos recursos e conectar outros componentes, o que revitalizará o ecossistema de tecnologia geoespacial e garantirá que padrões amplamente utilizados, como o KML, continuem suportados pelas plataformas da Google e de outros fornecedores.
Oportunidades de negócios
O Google Enterprise propicia um ambiente privado com dados corporativos estratégicos, que ficam ‘separados’ dos demais dados abertos na internet, tudo isso em uma plataforma web com acessibilidade para os diversos membros de uma instituição pública ou privada, de maneira fácil e rápida.
O GEE de código aberto é uma boa notícia para todos os tipos de usuários, desde curiosos até empresas, mas principalmente para os governos, que podem ter agora uma plataforma corporativa aberta para integrar seus dados.
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Post publicado originalmente no site do Instituto GEOeduc