A ideia do OpenStreetMap se tornar uma Agência de Mapeamento Global é empolgante, mas será que isso é possível? Entenda…
Para qualquer pessoa que trabalha com Cartografia, Geoprocessamento, Bases de Dados Geográficos, enfim todos que atuam com Geotecnologias, a ideia do OpenStreetMap (OSM) se tornar uma Agência de Mapeamento Global é muito empolgante, e de muitas maneiras isso já está acontecendo. Mas será que isso é viável?
Vamos por partes…
Esta discussão surgiu recentemente na lista de discussão da iniciativa Geo4All, a qual compartilho aqui e pretendo colaborar com minha análise.
O OpenStreetMap é um projeto de mapeamento colaborativo para criar um mapa livre e editável do mundo, inspirado por sites como a Wikipédia, por exemplo.
Uma comunidade voluntária de mapeadores desenvolve e mantém os mapas do OSM, através de dados coletados com receptores GPS, smartphones, fotos aéreas, imagens de satélite, entre outras fontes.
Por contarem com conhecimento local, os mapeadores editam e atualizam os mapas em tempo real, com softwares abertos como iD ou JOSM.
Veja aqui um passo-a-passo de como ser um mapeador do OSM
Por sua vez, a comunidade em geral também confere e confirma os dados pela interface do próprio site Openstreetmap.org.
Todos os mapas, dados e metadados ofertados pelo OSM são abertos, disponíveis sob uma licença Open Database License, e são formalmente operados pela OpenStreetMap Foundation (OSMF), em nome da comunidade de mapeadores.
Como já definiu o amigo Thierry Jean em um artigo para a revista MundoGEO, o OSM é o projeto de mapa colaborativo que já atingiu a massa crítica que lhe confere a força de ser o principal projeto de mapa colaborativo global.
Confira o artigo OpenStreetMap como uma comunidade de governos e não somente de pessoas
Colaboração, integração, revolução…
Hoje, através de aplicativos e APIs como o OSM API, Geofabrik, Mapzen, etc, pode-se facilmente acessar dados de altíssima qualidade e atualizados, para qualquer região, cidade ou país do mundo.
Isso seria impensável há alguns anos…
Existem, hoje, centenas de exemplos de colaboração da comunidade do OSM com outras iniciativas, como por exemplo o HOT – Humanitarian OpenStreetMap Team – que está convocando mapeadores de todo o mundo para ajudar a eliminar a Malária. São dois projetos para mapear mais de 500 mil quilômetros quadrados em 7 países no Sul da África, América Central e Sudeste Asiático, como parte da iniciativa Missing Maps da DigitalGlobe, Clinton Health Access, Bill & Melinda Gates Foundation, MapBox, Path e Tableau Foundation.
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É importante levar em conta também a contribuição da Fundação Geoespacial Open Source (OSGeo), assim como o Consórcio Geoespacial Aberto (OGC), no uso de padrões abertos pela comunidade de Geotecnologia.
As pessoas envolvidas com o OSGeo e empresas membros do OGC têm um perfil mais voltado para a área acadêmica e técnica, por outro lado a comunidade do OSM pode criar um mapa do mundo sem necessariamente ter conhecimentos avançados de Geotecnologias.
Obviamente, os dados abertos são fundamentais para iniciativas como OSGeo e GeoForAll, e a colaboração com o OSM, tanto localmente como globalmente, é um caminho natural devido a inúmeras sinergias.
Do tradicional para o novo
Este novo fato, da ascensão do OpenStreetMap como uma Agência Global de Mapeamento, representa tanto uma ameaça como inúmeras oportunidades para a indústria de Geotecnologia.
Toda a indústria de GIS precisa levar em conta o fato de que sua maneira de trabalhar vai aos poucos mudar a partir do OpenStreetMap, considerando que não será preciso levantar dados de locais que já estão mapeados.
Segundo a opinião do Thierry em seu artigo, a qual compartilho, uma evolução natural seria que as empresas públicas e privadas gradualmente “desistam”, nos próximos anos, de utilizar uma base própria para então utilizar a do OpenStreetMap, porque esta será superior e mais atualizada.
Por outro lado, empresas de mapeamento vão continuar existindo e tendo a oportunidade de produzir e comercializar dados para nichos de mercado e para necessidades específicas, mas todas deverão – naturalmente – se beneficiar de uma base comum gerada e atualizada pela própria comunidade global.
Ainda, grandes empresas , governos e concessionárias podem ver o OSM como uma imensa oportunidade de obter dados e também de colaborar como o mapa global, através da convergência de informações e disponibilidade irrestrita, para todos, a qualquer tempo.
O OSM e a convergência com devices de coleta de dados e computação em nuvem vai mudar a realidade do mapeamento ao redor do globo muito rapidamente, gerando ganhos para usuários, e por outro lado a indústria geoespacial vai ter que se adaptar a esta realidade para redefinir seus rumos.
Em 2012 a comunidade do OSM no Brasil fez um encontro no evento MundoGEO#Connect:
Confira também o vídeo deste webinar (em inglês) que fizemos em parceria com a ICA e OSGeo com uma introdução ao universo do OSM:
Com informações do Geo4All, OSGeo, OSM e revista MundoGEO
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Fonte: GEOeduc