Técnicos de vários países da América do Sul foram capacitados pelo Instituto

No cenário atual de negociações climáticas em vigor, a pressão para preservação das áreas verdes de países em desenvolvimento é alta. O Brasil, como país com metodologia de monitoramento de florestas consolidada, oferece, através do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), sua experiência para que outros países trabalhem para manter suas florestas de pé. Capacitar recursos humanos para operar metodologias de monitoramento de florestas tropicais por satélite é o propósito do Projeto de Capacitação em Monitoramento de Florestas por Satélite – Capacitree.

A primeira edição de 2017 do Curso Internacional de Monitoramento de Florestas Tropicais ocorre de 17 a 21 de julho no Centro Regional da Amazônia (CRA), em Belém e segue cronograma estipulado pela Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), com quem o INPE mantém o Projeto Monitoramento da Cobertura Florestal Amazônica, executado com financiamento do Fundo Amazônia, cujos recursos são administrados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Em 2016, 34 técnicos da Bolívia, Colômbia, Peru, Guiana, Suriname e Equador estiveram no CRA/INPE, para três edições do Capacitree. Agora, 14 novos participantes da Bolívia, Equador, Venezuela, Peru e Colômbia estão em contato com o que há de mais avançado na área de geotecnologias.

O CRA/INPE dispõe de infraestrutura planejada para receber treinamentos a níveis nacional e internacional, bem como consultores qualificados. Ministrado em espanhol, o curso atual tem como instrutores Carlos Da Costa e João Felipe Kneipp.

O curso permite que os participantes compreendam e façam uso das principais ferramentas do software TerraAmazon. Após o treinamento, eles estão aptos para implementar ou adaptar o programa de monitoramento de florestas tropicais em seus próprios países através de salas de observação. Para isso, terão material específico e assistência técnica dos profissionais do INPE.

Com o software TerraAmazon é possível mapear corte raso, bem como o uso e cobertura da terra. O sistema permite ainda medir o desmatamento e divulgar com transparência todas as informações obtidas a partir de imagens de satélites. De disponibilização gratuita, o TerraAmazon foi desenvolvido pela Divisão de Processamento de Imagens (DPI), ligada a Coordenação de Observação da Terra (OBT/INPE), em parceria com a Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (FUNCATE).

O INPE em parceria com a OTCA, já possibilitou a instalação de salas de observação no Peru e na Bolívia, por exemplo, países sulamericanos por onde se estende a Amazônia. Com a vinda de técnicos estrangeiros a Belém, tais profissionais são capacitados para o monitoramento efetivo de maior parte da região. O trabalho desenvolvido pelo Instituto torna o Brasil líder em iniciativas internacionais para o controle do desmatamento e da degradação florestal a nível mundial.

A analista de desmatamento da Sala de Obervação do Peru, Sheila Agama, disse que o país vem tomando algumas medidas para a mitigação do desmatamento, porém, ainda não têm surtido os efeitos desejados. “Estamos fazendo analises multitemporais para acompanhar os resultados do desflorestamento. Se tem trabalhado com uma diversidade de softwares em departamentos distintos de todo o país para acompanhar objetivos diferentes, que sejam eles desmatamento; mudanças de uso e cobertura da terra; análises multitemporais para identificar uma única espécie, como ela tem avançado no tempo em diferentes períodos. Tudo isso para se poder tomar alguma decisão eficaz”, contou.

Segundo Agama, o trabalho de sensoriamento remoto com softwares diversos vêm sendo utilizado em muitos âmbitos. “O TerraAmazon é uma opção a mais para se aplicar e pelo que percebo, ainda não se tem utilizado no Peru, pelo menos não com frequência”.

Representante do Ministério do Meio Ambiente do Equador, Walter Zumba participa desta edição do curso internacional de monitoramento de florestas. De acordo com ele, o Equador tem buscado melhorar suas políticas, inclusive sua legislação ambiental, o que, efetivamente, dará um maior suporte na luta contra o desmatamento. “A normativa da legislação está sendo reformulada para se formar uma lei uniforme, o Código Orgânico Ambiental, onde estarão descritas as incumbências da Direção Nacional Florestal”, disse.

Além de gerar material didático e realizar treinamentos na modalidade presencial, o Capacitree deu início em abril passado à realização de cursos online, também fruto da cooperação com a OTCA. O objetivo é atender a demanda pela capacitação contínua dos países que partilham a Amazônia. Considerado pelos seus organizadores um curso-piloto, se pretende mantê-lo com periodicidade semestral, nas línguas inglesa e espanhola. Saiba mais aqui sobre o Capacitree Online.