Pedro Soethe*

Em 2018, fomos impactados com dois casos bem peculiares em viadutos no País. O primeiro foi em Brasília, no Eixão Sul, que caiu logo no começo do ano, mais precisamente em fevereiro, causando ainda grande transtorno, já que até o momento continua sendo reconstruído. E o custo? Já ultrapassou 10 milhões de reais.

Agora, mais recentemente, foi a vez do viaduto do Jaguaré na Marginal Pinheiros, em São Paulo, sofrer com a falta de manutenção e transformar a cidade em um verdadeiro caos sem data para terminar. Até o momento não existe prazo para resolução e muito menos o custo, mas com certeza terá número parecido ou até maior que o primeiro exemplo.

Então como seria possível evitar estes prejuízos milionários? Existem maneiras tradicionais de se fazer a manutenção preventiva para esses tipos de estrutura, entre elas, levantar pessoalmente das condições, executar ensaios de qualidade para tentar identificar possíveis patologias. Todos os dados encontrados e analisados devem então ser confrontados com o projeto original para tentar localizar inconsistências ou alterações.

Mas é aí que começam todos os problemas: primeiro temos a questão do tempo para fazer todos estes levantamentos e ensaios, segundo os projetos originais quase todos já foram perdidos. Mesmo quando ainda são feitos dessa maneira, os dados ainda são analógicos, geralmente em papéis, que muitas vezes não são armazenados ou anexados aos projetos originais, mesmo porque já se perderam.

Imagine, hoje, alguém chegar para o prefeito de uma grande cidade e perguntar quais são os três maiores problemas nas suas pontes/viadutos? Poucos iriam saber exatamente a resposta, aposto que seriam “estão com rachaduras” ou “estão com problemas diversos”.

Aqui começa a entrar a tecnologia. Hoje temos ferramentas tecnológicas que podem fazer boa parte do trabalho e sistematizar o projeto de verificação, análise, simulação de cenários e até predição de problemas – com alguns cliques no mouse é possível ter um relatório completo das principais alterações detectadas no período de um ano, um mês ou uma semana, por exemplo.

Primeiro passo é a criação do gêmeo digital da estrutura, isto é totalmente possível, hoje esse processo pode ser feito por meio de verificações a laser, drones, até levantamentos tradicionais unidos, que podem levar para um computador a exata imagem tridimensional com todas as características geométricas totalmente mesuráveis e verificais.

Além disto, usando um software é possível remodelar a mesma estrutura com todas as suas características, não só geométricas, mas também identificar qual é o tipo de material dos múltiplos componentes, sua resistência, a pressão, a torsão, a abrasão, a lixiviação, etc. Qual a quantidade de ferragem, drenagem, o tipo de pavimento, o passeio, a sinalização, entre milhares de outras possibilidades. Tudo pode ser reescrito com todas suas características dentro do computador, isto é chamado de BIM (Building Information Modeling).

Com o gêmeo digital dentro do computador com todas as suas características reais e suas condições de contorno dentro de um sistema computacional, é possível fazer o que quiser dentro de um ambiente controlado e simular o que bem entender: e se chover demais? E se esta determinada estrutura se romper? E se um caminhão bater neste pilar? E se? Enfim, podemos testar o que quisermos, e assim achar uma alternativa para aquele possível acontecimento.

Se todos os processos forem feitos de maneira digitalizada é possível definir o orçamento preciso e como será necessário atuar de forma mais rápida e eficaz. Cidades como Brasília e São Paulo, possuem milhares de estruturas como pontes/viadutos, é essencial o uso de tecnologias que automatizem e gerem informações confiáveis, testáveis e seguras. Uma coisa é certa, tudo o que escrevi aqui, o investimento é menor tanto no seu custo financeiro direto e indireto, quanto em tempo.

Pedro Soethe* é especialista técnico da área de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) da Autodesk no Brasil.

Geo e Drones na Indústria 4.0

Você já pode marcar na sua agenda: de 25 a 27 de junho acontecem em São Paulo (SP) os eventos MundoGEO Connect e DroneShow 2019, os maiores da América Latina e entre os cinco maiores do mundo no setor. Alinhados às tendências globais e com foco na realidade regional, o tema geral do MundoGEO Connect e DroneShow em 2019 será “Drones e Geotecnologia na Indústria 4.0”.

Os conteúdos dos cursos, palestras e debates estão sendo formatados por um time de 32 curadores para atender as demandas de empresas, profissionais e usuários principalmente nos setores de Agricultura, Cidades Inteligentes, Governança Digital, Infraestrutura, Meio Ambiente, Recursos Naturais, Segurança e Defesa.

Dentre as tecnologias disruptivas que estarão em destaque, estão Big Data, Inteligência Artificial / Machine Learning, Internet das Coisas, Realidade Virtual e Aumentada, BIM, Tecnologia Autônoma, entre outras, tudo isso cada vez mais integrado às Geotecnologias (Mapeamento, Cadastro, Imagens de Satélites, Inteligência Geográfica, GIS).

Os sites do MundoGEO Connect e DroneShow 2019 apresentam o time de curadores que está ajudando a desenhar de forma inovadora os conteúdos dos eventos. Ainda este ano será divulgado o formato e prazos para submissão de trabalhos, as formas de participação de startups e a lista completa de cursos inéditos e atividades paralelas da feira. Confira um resumo de como foi a última edição:

Imagem: Pixabay