Um empreendimento moderno e arrojado. É nessa premissa que a empresa de tecnologia geoespacial Hex desabrocha. O negócio foi peça chave das investigações para identificar o foco do vazamento de petróleo que atingiu a costa marítima do país. O feito – que ajudou a Polícia Federal a chegar ao principal suspeito do crime ambiental – foi possível graças ao monitoramento remoto de imagens via satélite.

Na contramão do que muitos possam pensar, a Hex não é novata em investigações de manchas de óleo no mar. Entre seus trunfos, a empresa tem no currículo a marca de ter sido a primeira a assinar um artigo científico publicado na comunidade internacional sobre o tema.

“Em 2016 publicamos um artigo científico relacionado a detecção de manchas de óleo no mar a partir do emprego de imagens SAR (radar) dos satélites Sentinel 1A e 1B. Este artigo foi selecionado para ser apresentado em um dos maiores eventos da comunidade científica relacionada à geotecnologias do mundo, que naquele ano foi realizado na cidade de Nice, na França”

Leonardo Barros, diretor-executivo da Hex
Em 2016, a empresa publicou um artigo científico relacionado a detecção de manchas de óleo no mar (Imagem Plêiades)

Linha de trabalho

O trabalho da Hex é baseado em ferramentas geoecológicas, como o sensoriamento remoto. Trata-se de técnicas que permitem obter informações da superfície da terra à distância, através de sensores remotos instalados a bordo de satélites artificiais colocados em órbita da terra.

“O sensoriamento remoto possui aplicações nos mais diversos setores, como na área da defesa, segurança pública, meio ambiente, agricultura, gestão fundiária, monitoramento de obras e estruturas críticas, detecção de manchas de óleo. Costumo dizer que a grande maioria das operações que demandam a execução de algum tipo de fiscalização ou monitoramento de campo ou no território, provavelmente o sensoriamento remoto poderá agregar valor e em alguns casos, até mesmo, viabilizar o que seria impossível sem ele”

Atualmente, a HEX executa a maior operação de sensoriamento remoto no Brasil, com mais de 180 milhões de km² monitorados, equivalente a 1,2 vezes as terras emersas do nosso planeta.

A Hex ajudou a Polícia Federal a chegar no foco do vazamento de petróleo que atingiu a costa marítima do país (Imagem Sentinel-1B)

Informação sensível

Em resumo, o produto que a HEX entrega aos clientes é informação sobre temas relacionados à gestão territorial. Na maioria dos casos, já são entregues informações analisada. A empresa não vende softwares, equipamentos ou aloca mão de obra.

“Somos focados na entrega da informação de valor para os nossos clientes de acordo com os seus objetivos em relação a algum território, área ou instalações”

A Hex realiza, por exemplo, trabalhos de apoio a detecção de desmatamentos e, por consequência, no planejamento de operações de combate. Mais recentemente, a companhia iniciou o monitoramento de grandes barragens no que tange a detecção da movimentação da superfície dos terrenos.

“Outro trabalho muito interessante foi a contratação da HEX por uma agência do governo britânico para o desenvolvimento de um algoritmo para detecção de manchas de óleo no mar de forma automática. Tivemos êxito e além da conclusão do contrato, o governo britânico nos conferiu um Atestado de Capacidade Técnica, além de nos convidar para um evento de tecnologias aplicadas à indústria do petróleo”

Diferencial

A Hex é responsável pelo Skynet, uma plataforma digital de sensoriamento remoto que oferece mais do que imagens de satélites. Além de ser um software capaz de realizar o processamento digital de imagens em larga escala de maneira automática, otimizando e acelerando os processos de interpretação de alterações e uso da cobertura do solo, também fornece informações de valor direcionadas para cada tipo de negócio.

A rotina de download das imagens é integrada aos principais servidores que as disponibilizam, como NASA, Amazon (AWS) e European Space Agency (ESA). O tratamento das cenas é feito de maneira automatizada, permitindo a realização de programações para o download de imagens, descompactações, composições coloridas, detecção de alvos, pré vetorização por meio de algoritmos próprios e/ou adaptados à realidade de cada cliente, entre muitas outras funções.

Leonardo comenta que a plataforma já provou ser bastante consistente no que tange ao grande volume de dados distintos que consegue processar:

“Sem dúvida nenhuma, pelo contato que temos com grandes empresas deste segmento na América do Norte e na Europa, o SKYNET é extremamente robusto e diferenciado”

Início

A Hex foi fundada em 2003 por Mariano Pascual, especialista em computação com pós-graduação nas áreas de sensoriamento remoto, geoprocessamento e análise ambiental pela UnB (Universidade de Brasília).

Até o ano de 2011, a empresa não se lançou comercialmente no mercado. A partir da entrada de Leonardo Barros, como sócio diretor executivo, e o Mariano na direção técnica; a empresa foi lançada para valer no mercado em 2012. Todo o investimento foi realizado por meio de aportes dos seus sócios.

Prêmios

Em 2018, a Hex foi escolhida para receber o prêmio conferido pela empresa Airbus Defense & Space por meio de um desafio mundial. Na ocasião, a empresa apresentou seu processamento automatizado de imagens de radar para detecção de manchas de óleo no mar.

“Nossa solução baseada no SKYNET foi considerada a mais inovadora do desafio e conquistamos o primeiro lugar”

Leonardo Barros, diretor-executivo da Hex (Imagem: Marianna Naves Bittencourt/Objetiva Assessoria)