A pandemia de Covid-19 transformou e continuará a transformar a rotina das pessoas. É fato conhecido que empresas e governos buscam encontrar uma maneira rápida de fornecer medicamentos e suprimentos utilizando drones.

O ditado de que “a necessidade é a mãe da invenção” encontra um significado coerente no cenário atual, mas exigirá enfrentar os mitos e erros da percepção pública do que é possível e a realidade de como melhor aplicar e escalar essa tecnologia para o seu próprio desenvolvimento.

Na visão da maioria das pessoas, quando questionadas sobre entregas por drone, existe uma imagem de milhares de pequenas aeronaves com pacotes pendurados sendo entregues a praticamente todas as casas de uma grande cidade. No entanto, essa seria a aplicação menos prática e menos viável para drone delivery já concebida. Da mesma forma, embora possa decepcionar algumas pessoas, ainda é pequena a possibilidade de ver todos os nossos pedidos online serem entregues em nossas casas por drone a qualquer momento.

Apesar de muitas vezes ser apresentada pelo marketing de grandes empresas, os problemas associados à implementação de um conceito de distribuição doméstica generalizada são enormes. Por exemplo, é preciso encontrar uma combinação complexa de segurança, proteção e necessidade de infraestrutura dispendiosa para tornar o uso difundido prático, mesmo no médio prazo.

Como costumo dizer, o “futuro presente” do drone delivery é muito mais emocionante e muito mais próximo do que se pensa! Na realidade, é mais provável que a evolução da entrega por drones aconteça assim:

1 – Entrega em meia milha

Os drones transportam carga do centro de distribuição principal para hubs de distribuição menores, ou de aeroportos para centros de armazenamento de entrega posterior, com o objetivo de aumentar a capacidade em áreas remotas e de difícil acesso ou durante emergências (como entrega de suprimentos durante pandemia atual), ou onde o acesso é temporariamente restrito.

2 – Entrega em última milha

Os drones entregam itens rapidamente, resultando no salvamento ou melhora significativa da qualidade de vida, como por exemplo, o transporte de medicamentos, órgãos e sangue para hospitais, ou o transporte e entrega de produtos a partir de hubs de distribuição para condomínios fechados e comunidades mais distantes.

3 – Entrega industrial

Os drones movimentam cargas e ativos em áreas industriais e em áreas de atividade logística, como refinarias, aeroportos ou grandes locais que demandam operações menores de entrega interna, como documentos, peças de reposição ou ferramentas.

Além disso, sem dúvida, as aplicações serão ampliadas para permitir novos cenários. No auxílio à telemedicina, drones poderão entregar itens críticos para pacientes gravemente enfermos. Na prestação de serviços, trabalhadores em campo poderão receber peças sobressalentes ou ferramentas durante reparos onde o tempo é crítico. Na engenharia, suprimentos poderão ser entregues em obras em locais de difícil acesso. Enfim, encomendas poderão ser retiradas por moradores em pontos de coleta especialmente projetados para receber drones.

Para alcançar esses cenários mais rapidamente, todas as partes interessadas na indústria de drones devem reconhecer a necessidade de áreas de teste para experimentar e avaliar novas tecnologias e sua integração no espaço aéreo e na sociedade de forma segura e eficaz. É de extrema importância trabalhar em estreita colaboração com reguladores e entidades que definem padrões para transmitir “lições aprendidas” e para facilitar a adoção em larga escala.

Em tempos de pandemia e da necessidade de isolamento social, acreditamos na aceleração do entendimento e da adoção da tecnologia de drone delivery no Brasil. O caminho a seguir é claro, e seja na terra, na água, ou no ar, os drones estarão presentes em praticamente todos os aspectos do nosso universo, da mesma maneira que a eletricidade fazia quando foi descoberta há mais de um século, beneficiando a sociedade do mundo inteiro.