Quatro cargas úteis, construídas e projetadas pelo Escritório Nacional de Reconhecimento (NRO) norte-americano, serão lançadas em órbita em 15 de julho, continuando os esforços da agência para alavancar o pequeno mercado de lançamentos comerciais para suas missões.

O contrato da agência, encarregada de adquirir e gerenciar os satélites de Inteligência do país, para o lançamento dos satélites, foi possível por meio do Programa Orbital/ Suborbital (OSP) da Força Aérea dos EUA. O OSP é um mecanismo que permite o fomento de pequenos fornecedores comerciais de lançamentos nacionais.

O Sistema de Inteligência de Defesa (SINDE) brasileiro merece um programa como este. O Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE) merece um gestor dentro do Ministério da Defesa (MD), que defina as diretrizes de interesse das três Forças para que a Força Aérea Brasileira (FAB) possa desenvolver os projetos espaciais, com a rubrica de recursos aportados adequados às necessidades de investimento.

Uma integração do PESE à capacidade de pesquisa e desenvolvimento do Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) daria robustez e consubstanciaria a terceirização de pequenos projetos de fabricação e construção à indústria nacional de defesa.

E cadê a vontade política?

A inação do Ministério da Defesa com relação a este assunto é impressionante. A falta de capacidade de se estabelecer uma conversa entre o MD e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) é surpreendente.

Enquanto isto, o Conselho Nacional da Amazônia Legal (CNAL), que tem como líder o Vice-Presidente da República, sofre. Sofre com falta de dados, com a falta de análise desses dados, com a falta de geração de conhecimento e com a conseqüente falta de orientação das ações a serem implementadas. Ciclo da Inteligência?

A base da atividade de Inteligência é a Inteligência Geoespacial (Geointeligência). Segue-se, diminuindo-se a quantidade de dados possíveis de serem coletados, a Inteligência de Fontes Abertas (OSINT), a Ciberinteligência (CYBERINT), a Inteligência de Sinais (SIGNALINT) e, por fim, a Inteligência de Fontes Humanas (HUMINT), que coleta – presencialmente – dados de campo.

Nota-se, claramente, a supremacia da tecnologia sobre o trabalho de homens de campo. Não que não seja importante. Pelo contrário, é muito importante. Aliás, é essencial a confirmação, pela equipe de campo, de todos os dados gerados pela tecnologia.

Mas isto já é a ação decorrente. O trabalho em campo, de confirmação, já pode – e deve – ser correlata às atividades de fiscalização e atuação dos agentes responsáveis, seja do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), ou do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), apoiados pela Polícia Federal (PF), pela Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) ou pelas Forças Armadas.

E os satélites? Bem, os satélites – em todo o mundo – geram dados (muitos dados). Que, adequadamente trabalhados em uma Central de Monitoramento, com tecnologia de fusionamento de big data e algoritmos de detecção automatizada de padrões, fornecem a base para as análises que irão orientar os trabalhos de campo. É simples. E bem mais barato que movimentar algumas Brigadas de Infantaria de Selva em helicópteros por 5.500.000 km2.

Que possamos, jamais, perder a esperança de ver o Brasil assumindo o papel de destaque, regional e mundial, que está destinado a exercer.

*Ivan Carlos Soares de Oliveira é Doutor em Ciências Militares, área de aplicação Sensoriamento Remoto, pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME); Mestre em Geologia, área de aplicação Analise Ambiental, pela Universidade de Brasília (UnB); e especialista em Geoprocessamento, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
ivan@btechnologyi.com

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