Um encontro na próxima terça-feira (21) vai reunir diversos especialistas de instituições públicas e privadas para discutir o panorama atual, avanços e perspectivas do uso de drones na pulverização e no controle biológico das lavouras. Esses veículos, já largamente empregados na agricultura para detectar pragas e doenças, entre outras, vem ganhando cada vez mais espaço na aplicação de defensivos pelas vantagens que oferecem. Uma delas é a facilidade de sobrevoar áreas de difícil acesso.

O debate, a partir das 14 horas, é uma iniciativa que envolve o MundoGEO, a Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ALSV Agro Drone Pulverização, SarDrones e SkyWorks. A moderação será realizada pelo fundador e CEO do MundoGEO, Emerson Granemann.

Para o pesquisador da Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP), Lúcio André de Castro Jorge, o uso de drones, para a pulverização de defensivos agrícolas em lavouras é uma nova opção que começa a ter seu uso intensificado na agricultura. Geralmente o trabalho é realizado com pulverizador de arrasto ou autopropelido, com avião agrícola ou ainda com pulverizador costal, em casos de pequenas propriedades ou áreas experimentais.

Mas os veículos aéreos não tripulados apresentam algumas vantagens em relação às ferramentas tradicionais. “Com esses veículos de pequeno porte é possível sobrevoar áreas de difícil acesso, realizar pulverização localizada em locais com falha de controle, não causar o amassamento da cultura, o tempo de exposição do aplicador é menor”, esclarece o pesquisador.

No entanto, o especialista em processamento de imagens aéreas captadas por drones, lembra que essa tecnologia ainda carece de resultados de pesquisa sobre as metodologias adequadas de avaliação, a qualidade técnica das pulverizações, as diferentes aplicabilidades, assim como as vantagens e desvantagens em relação às tecnologias já utilizadas.

“Na Embrapa tem sido feito um esforço para testar o uso de drone na pulverização de produtos fitossanitários em sistema com delineamento de pesquisa e sistema semelhante a áreas de produção comercial. A proposta é apresentar a viabilidade prática e os parâmetros técnicos para o controle eficiente de plantas daninhas, insetos e doenças nas culturas avaliando também o custo operacional quando comparado com a pulverização com outras tecnologias”, afirma Castro Jorge.

Mapa regulamenta uso de drones

O uso de drones para pulverização já é bastante comum em alguns países da Ásia, pioneira na prestação desse serviço. A China contabiliza 30 mil aparelhos na pulverização de lavouras. No Brasil, o uso de drone para pulverização ainda é recente, mas vem crescendo em algumas culturas, como as de eucalipto, cana-de-açúcar, arroz, café e laranja, nas regiões Sul e Sudeste do país.

“No entanto, são poucos os países do mundo que possuem normativos específicos para pulverização com drones. Nesse sentido, o Mapa está regulamentando seu uso, visando o aperfeiçoamento e utilização da tecnologia, buscando sempre a segurança do operador, das pessoas próximas e do meio ambiente”, diz o agrônomo do órgão, Lucas de Souza. No encontro, ele vai apresentar alguns pontos importantes do regramento que está sendo construindo.

O diretor-fundador da ALSV Agro Drone Pulverização, André Veiga, aponta diversas vantagens no uso de drones, entre elas, a eliminação do amassamento e aumento da produtividade, a precisão da aplicação com melhoria da qualidade e aplicação localizada.

Veiga vai abordar pontos da legislação para os quais acredita haver a necessidade de flexibilização, bem como a agilidade na liberação de documentos, além de lembrar que o trabalho com drones exige atenção e profissionalismo.

Adoção total depende de ajustes

Para o engenheiro aeroespacial Wender Santos, diretor-técnico da SkyWorks Agro, ainda é preciso realizar alguns ajustes no uso de drones para pulverização, como a deriva, para que a tecnologia seja adotada plenamente pelo mercado e também para garantir a permanência dos prestadores de serviço.

Assim como Veiga, ele também defende melhorias em alguns pontos da legislação para que o país possa aumentar a produtividade, manter-se na vanguarda e atrair mais investimentos externos para o setor de tecnologia.

“Os ganhos de produtividade com o uso de drones em enxame para algumas aplicações, por exemplo, é consideravelmente maior do que os métodos tradicionais de execução destas atividades. No entanto, a operação ainda não encontra aplicação real por falta de regulamentação, mesmo com o avanço da tecnologia”, comenta. Ele ainda vai abordar o conceito de Drones-as-a-Service (DaaS) como forma de democratizar o acesso a tecnologias inovadoras já integradas em drones e operadas por especialistas.

“No uso para pulverização isto garante a entrega de resultados de alta qualidade para os produtores, permite que prestadores de serviço consigam reduzir seus custos, e também riscos são menores para ambos”, completa.

Gustavo Scarpari, fundador da SarDrones, acredita que o advento dos drones vai contribuir muito para o uso de agentes biológicos, uma vez que viabiliza tecnicamente sua liberação e traz maior qualidade.

“No caso do Trichogramma, por exemplo, que é aplicado no estádio de ovo e na modalidade a granel, o drone se tornou a ferramenta perfeita para a liberação. Acredito que hoje mais de 90% do Trichogramma já é liberado via drones”, calcula.

Segundo Scarpari, no caso da Cotesia, que é o controle biológico mais antigo do mundo, com mais de 40 anos de uso, o drone é ainda mais impactante porque, além de toda vantagem técnica, ele ainda permite a retirada de pessoas do campo, de trabalhos exaustivos e perigosos para assumirem outros tipos de tarefas. Entre as diversas vantagens que também vai apresentar no webinar está a possibilidade de usar o drone para fazer a aplicação de controle biológico em horários compatíveis com a biologia do agente, ou seja, a operação pode ter início no final da madrugada, quando o clima é mais fresco.

Inscreva-se para garantir seu lugar ao vivo e seu certificado de participação no webinar Pulverização e controle biológico com drones.

Com informações da Embrapa Instrumentação

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