Em 2018, o diretor da Agência Norte-americana de Geointeligência, Robert Cardillo, afirmou que, em cinco anos, a NGA estaria lidando com “um milhão de vezes mais” dados e, em vinte anos, seriam necessários empregar 8 milhões de analistas para lidar com essa imensa quantidade.

Quais seriam, então, as soluções para isso?

Observando-se a evolução da tecnologia mundial, percebe-se que duas soluções devem ser responsáveis por uma revolução na atividade de Inteligência de Imagens e, por conseguinte, na atividade de Inteligência Geoespacial (GEOINT): a Inteligência de Imagens Autônoma (A-IMINT), e a Inteligência Artificial Embarcada (E-AI).

Deixando a abordagem da Autonomous Image Intelligence para outra oportunidade, a Embedded Artificial Intelligence já se demonstra uma realidade cada vez mais presente.

Em outubro próximo passado, a Intel anunciou detalhes do primeiro satélite alimentado por inteligência artificial a orbitar à Terra: o CubeSat PhiSat-1.

Em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA) e a startup Ubotica, o projeto tem como objetivo monitorar o gelo polar e a umidade do solo, mas também deve resolver um desafio antigo da indústria espacial: a presença de nuvens em imagens adquiridas com sensores eletro-ópticos.

O sensor hiperespectral coleta um grande número de imagens e, em seguida, por meio da Inteligência Artificial, as imagens com nuvens são filtradas, equalizadas e mosaicadas de forma automática com as imagens “limpas”, de modo a ser possível enviar para a estação terrestre de captação de dados somente o produto final, caso se deseje.

Para a aprendizagem do algoritmo de Inteligência Artificial, foram utilizados dados de missões espaciais existentes.

Este tipo de tecnologia poderá ser visto em alguns satélites já em 2021, como da empresa israelense ImageSat, da norte-americana Maxar, ou da européia AirBus.

Todas possuem pesquisas avançadas no campo da Inteligência de Imagens e, muito provavelmente, lançarão satélites com este diferencial, em busca de maior participação no mercado internacional de provisão de imagens orbitais e serviços de Geointeligência.

É o futuro da Inteligência de Imagens, valendo-se – cada vez mais – da Inteligência Artificial.

Imagem de capa: Ilustração do Satélite Runner, da ISI


*Ivan Carlos Soares de Oliveira , consultor sênior da BTI Technology & Intelligence, é Doutor em Ciências Militares, área de concentração Sensoriamento Remoto, pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME); Mestre em Geologia, área de concentração Análise Ambiental, pela Universidade de Brasília (UnB); especialista em Geoprocessamento, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); especialista em Inteligência, pela Escola de Inteligência Militar do Exército (EsIMEx); e especialista em Fotoinformação, pela Escola de Instrução Especializada do Exército (EsIE). Atualmente é professor convidado da EsIMEx, e professor e coordenador do curso de Inteligência de Imagens para a Segurança, na Logos Inteligência e Planejamento Estratégico

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