A Embrapa lança nessa sexta-feira (13/8) o GeoWeb do Sistema de Inteligência Territorial Estratégica (SITE) da Aquicultura, com acesso on-line e gratuito.

Construída a partir de um sistema de informações geográficas, a plataforma pode ser acessada na web e permite visualizar, sobre o mapa do Brasil, centenas de dados sobre o segmento aquícola. Eles podem ser cruzados com informações dos cinco quadros que compõem os SITEs desenvolvidos pela Embrapa: natural, agrário, agrícola, de infraestrutura e socioeconômico. 

“Esta é a primeira vez que elaboramos um SITE voltado a uma atividade econômica específica, o que foi uma das dificuldades e uma das inovações do trabalho”, pontua o geógrafo André Farias, analista da Embrapa Territorial (SP). Outros produtos do gênero analisavam biomas ou regiões geoeconômicas, além da macrologística agropecuária.

Justamente por essa especificidade, o SITE Aquicultura ganhou um sexto quadro, o aquícola, com informações sobre diversas estruturas da cadeia produtiva: associações de aquicultores, laboratórios de formas jovens, fábricas de ração e de gelo, empresas de consultoria na área, de produtos para sanidade, de equipamentos, unidades de beneficiamento e até instituições de ensino com cursos na área. 

“Trata-se de um sistema inédito, não existem informações georreferenciadas, padronizadas e organizadas sobre aquicultura no Brasil. Não há nenhum banco que compile essas informações. Além do ineditismo do sistema, ele tem o objetivo de facilitar o diálogo entre os formuladores de políticas públicas e os produtores aquícolas”, explica a geógrafa Marta Ummus, da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO), que lidera o projeto.

O SITE apresenta dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a produção de 24 espécies aquícolas. Estão disponíveis informações de quantidade produzida ou valor da produção para os anos de 2013 a 2019. O usuário pode consultar os números nacionais ou de uma unidade da federação e visualizá-los no mapa. A aquicultura também está presente no quadro agrícola do SITE com informações sobre os estabelecimentos agropecuários que praticam a atividade.

Variação da quantidade produzida de tambaqui em Rondônia, juntamente com a localização de fábricas de ração (pontos amarelos) e gelo (pontos azuis) para pescado, bem como empresas de sanidade aquícola (pontos roxos)

Cinco quadros

Os cinco quadros que geralmente compõem os SITEs apresentam informações sobre fatores que impactam a produção rural. Nas questões agrárias, a presença de unidades de conservação, por exemplo, pode restringir algumas atividades; já a existência de comunidades quilombolas e assentamentos da reforma agrária pode indicar a agentes públicos e organizações não governamentais áreas prioritárias para programas sociais. 

“Será possível analisar as informações considerando todas as variáveis desses diferentes quadros que contribuem ou não para o desenvolvimento da atividade aquícola em determinadas regiões em detrimento de outras”, conta Ummus.

Para o SITE Aquicultura, o quadro natural ganhou reforço nas informações sobre Recursos Hídricos. A organização do sistema hidrográfico nacional e as redes de monitoramento podem ser visualizadas no mapa e consultadas em forma de tabela. Há também diferentes informações sobre disponibilidade e qualidade de água, a exemplo dos balanços hídricos feitos pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

O SITE apresenta os balanços qualitativos e os quantitativos, por curso d’água ou bacia hidrográfica, além do balanço qualiquantitativo, com análise integrada dos dois atributos. “Essa informação é importante porque, se você está pensando em estabelecer o seu empreendimento aquícola em uma bacia com criticidade tanto em termos quantitativos quanto qualitativos da água, esse é um ponto a considerar porque vai impactar o seu modelo de negócio”, analisa Farias.

No quadro socioeconômico, além de dados sobre a população geral e os produtores rurais, foram incluídas informações específicas que afetam a aquicultura, como o gasto médio das famílias com pescado. A seção sobre infraestrutura apresenta o traçado das rodovias, hidrovias e ferrovias e informações sobre geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. A aquicultura depende de energia elétrica, por exemplo, para acionar os aeradores que mantêm o nível de oxigênio adequado para os peixes e outros animais aquáticos.

Recursos para o usuário

O SITE Aquicultura reúne dados de 12 instituições, como IBGE, ANA e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), além de secretarias estaduais do Meio Ambiente. Eles estão dispostos em 296 camadas de informação nos seis quadros – a esse número podem ser adicionadas as milhares de combinações possíveis de espécie, ano e Unidade da Federação, na caixa de consulta sobre produção aquícola. 

Ao navegar pelo SITE, o usuário seleciona uma ou mais camadas e faz combinações entre elas para obter as respostas que deseja. A seleção pode ser feita navegando pelos quadros e pela caixa de consulta ou por meio de uma busca de camadas, também chamadas de planos de informação. É possível definir níveis de transparência para melhor visualização. Os mapas gerados podem ser impressos.

A plataforma também permite fazer filtros. Por exemplo, o usuário pode selecionar a camada de “Estimativa de valores médios das terras em 2019” e fazer um filtro para o mapa exibir apenas as localidades em que o valor médio do hectare é menor do que R$ 10 mil. Para encontrar mais facilmente um fornecedor de insumos, ao inserir a camada “Laboratório de formas jovens”, pode filtrar apenas os que produzem larvas de camarão. 

Municípios do Sul e parte do Sudeste e Centro-Oeste do Brasil com estimativa de valor médio da terra em 2019 abaixo de R$ 20 mil, juntamente com o indicador de balanço quantitativo dos cursos d’água

Todas as camadas podem ser baixadas em formato shapefile, arquivo aberto para trabalhos de geoprocessamento, o que permite novas análises a partir dos dados fornecidos. Cada camada tem disponível uma relação de metadados, com a fonte e uma série de outras informações.

Outro recurso disponível é exibir no mapa diferentes delimitações territoriais: um município, um bioma, uma região hidrográfica e até mesmo uma região geoeconômica de expansão agropecuária como o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e a Sealba (Sergipe, Alagoas e Bahia).

Mapa mostra o volume de produção de camarão em municípios da costa nordestina, juntamente com a locação de laboratórios fornecedores de larvas dessa espécie

Com informações e imagens da Embrapa Pesca e Aquicultura