Qualquer pessoa que já utilizou até hoje o Google Earth, tem visto imagens de nosso planeta que somente um satélite pode oferecer. Muitas delas vêm da missão Landsat, cujos satélites têm monitorado como tem mudado a Terra durante quase 50 anos.

Agora, a NASA e o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) lançaram no dia 27 de setembro passado o último satélite da família, o Landsat 9, para continuar gerando imagens que ajudam os especialistas a gerenciar incêndios florestais e recursos hídricos, assim como rastrear os impactos da mudança climática.

A importância deste programa reside em ‘guiar’ as decisões políticas e científicas, assim como salvaguardar os recursos naturais a partir das imagens do planeta que tem capturado há quase 50 anos.

O Landsat 9 orbitará a Terra a uma distância de 705 quilômetros de altura, de onde vai gerar diariamente cerca de 700 imagens da superfície de nosso planeta.

Juntamente com o Landsat 8, os satélites registrarão o planeta completo a cada 8 dias. Segundo afirmou Deb Haaland, Secretária de Estado dos EUA, o novo satélite oferecerá informação muito valiosa, e ambos “nos ajudarão em grande medida a guiar-nos”.

Haaland explicou que a informação que provê os satélites Landsat serve para tomar decisões em meio a uma crise climática onde seus impactos são cada vez mais notáveis.

Fabricado pela empresa Northrop Grumman, este satélite de observação da Terra decolou na última segunda-feira a partir da base aérea de Vandenberg (Califórnia), a bordo de um foguete Atlas V.

As imagens que vai obter se somarão a um arquivo de mais de 9 milhões de registros do Landsat, que foram testemunho das mudanças da Terra como parte de um programa da NASA em conjunto com o USGS.

Lutar contra a mudança climática

Após o lançamento, o administrador da NASA, Bill Nelson, assinalou que a iniciativa Landsat é crucial para lutar contra a mudança climática.

“Ajuda os agricultores, os cientistas a compreender e gerenciar os recursos da terra e tudo o que se necessita para sustentar a vida humana, como alimentos, água e bosques”, enfatizou.

O Lansat estabelece um registro a longo prazo de nosso planeta, e nos permite rastrear os impactos da mudança climática – Bill Nelson (NASA)

Nelson ressaltou que este programa, que começou em 1972, “estabelece um registro a longo prazo de nosso planeta e nos permite rastrear os impactos da mudança climática”, desenvolvendo “a capacidade para medir realmente o que está sucedendo”.

Por sua parte, Karen Germain, da divisão de Ciências da Terra da NASA explica que este registro histórico “nos ajuda a compreender não só que a mudança climática está ocorrendo, mas quão rápido e se está acelerando, e lo que ambas coisas significam para nós”.

Um lançamento sem incidentes

As condições meteorológicas permitiram o lançamento do novo satélite, com uma tecnologia e resolução melhoradas com respeito a seu predecessor.

Em que pese a presença de nuvens, neblina e inclusive fumaça de incêndios florestais antes da decolagem, “o lançamento se levou a cabo sem incidentes“, explicou a NASA durante a transmissão.

A agência detalhou que a etapa superior do foguete “alcançou a órbita síncrona solar quase polar desejada para o Landsat 9 após pouco mais de 16 minutos de voo”, depois do qual se colocou do outro lado da Terra para liberar a nave espacial.

Melhoras na análise da água

As imagens que proporciona a missão Landsat “permitem rastrear que cultivos semear, a deflorestação, o impacto dos incêndios florestais, a disponibilidade de água potável de lagos como o Erie, ou inclusive a ‘magia’ de saber quanta água estão utilizando os cultivos”, segundo a oceanógrafa da NASA Laura Lorenzi.

A investigadora ressaltou que o novo satélite aprofundará no entendimento das zonas costeiras e as superfícies dos oceanos, lagos e reservatórios graças a uma banda adicional que permite ver no espectro azul.

A especialista explicou que antes do Landsat 8, lançou em 2013 as imagens mostravam os corpos de água como uma mancha negra, que impedia analisar estas superfícies, ainda que se forneciam informação sobre a deterioração dos arrecifes.

Este novo observatório conta com um Sensor de Infravermelho Térmico 2 para calcular a umidade do solo e detectar a saúde das plantas, e com o sensor Operational Land Imager 2, que proporciona dados nas porções do espectro visível, infravermelho próximo e infravermelho de onda curta.

Fonte: EFE/NASA/SINC