Para se definir Economia Espacial é necessário ter em mente, pelo menos, três aspectos: (a) o fato de aplicações espaciais serem transversais; (b) pensar em exemplos de outros setores, tais como sociedade da informação; e (c) não limitar a definição por apenas algumas características do setor espacial.

O primeiro item diz respeito ao fato de a tecnologia espacial perpassar diversos setores. Há um transbordamento dos efeitos da tecnologia e aplicações espaciais, fazendo com que todos os setores se beneficiem do seu desenvolvimento.

O segundo item diz respeito a pensar o setor espacial utilizando outros exemplos que sejam tão complexos quanto o setor espacial. O exemplo mais próximo é o da sociedade da informação, que também é extremamente complexo e transversal a quase todas as atividades da sociedade.

E por fim, para um setor com tecnologias tão transversais e diversas não se deve limitar sua definição com base em apenas poucas características. Pensar em economia espacial apenas em termos de hardware não incluiria as aplicações espaciais, onde a maior parte dos recursos está concentrada.

Assim, uma definição utilizada é a da OCDE (adaptada, 2012): “economia espacial é a gama completa de atividades e o uso de recursos que criam e fornecem valor e benefícios aos seres humanos no decorrer da exploração e utilização do espaço”.

Portanto, inclui todos os atores públicos e privados envolvidos no desenvolvimento, fornecimento e uso de produtos e serviços relacionados ao espaço, desde pesquisa e desenvolvimento, fabricação e uso de infraestrutura espacial (estações terrestres, veículos lançadores e satélites) até aplicações habilitadas para o espaço (navegação equipamentos, telefones via satélite, serviços de meteorologia, etc.) e o conhecimento científico gerado por tais atividades. A economia espacial vai muito além do próprio setor espacial, uma vez que também compreende os impactos cada vez mais abrangentes e em constante mudança dos produtos, serviços e conhecimentos derivados do espaço na economia e na sociedade

*Michele Cristina Silva Melo – Servidora da agencia espacial brasileira, cedida ao Inep no cargo de Diretora de Avaliação da Educação Básica. Membro dos comitês de economia espacial e transporte espacial da International Astronautical Federation (FAA). Professora da disciplina Cadeia Produtiva Aeroespacial (Economia Espacial) do Mestrado Profissional da Economia/UnB (convênio AEB/UnB)

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