A SkyDrones Tecnologia Aviônica, de Porto Alegre, recebeu no último dia 24 de fevereiro o Certificado de Autorização de Voo Experimental (Cave) para a versão com capacidade de 30 litros de seu drone de pulverização Pelicano.

O documento, emitido pela Agência Nacional de Aviação Civil, é o primeiro passo para o modelo receber a Autorização de Projeto – o equivalente, para drones, à Certificação de Tipo para as aeronaves tripuladas. Essa Autorização, por sua vez, é pré-requisito para a empresa comercializar no País o drone com mais de 25 quilos de peso máximo de decolagem (PMD). O que se enquadra na Classe 2 da Anac, que vai até os 150 quilos de PMD.

Conforme o empresário diretor-executivo Ulf Bogdawa, a SkyDrones é a primeira fabricante nacional a receber o Cave. Ele lembra que já havia uma empresa com a certificação, nesse caso, para o drone de uma fabricante chinesa, representada por ela. Por isso, Bogdawa salienta que a conquista da SkyDrones representa um marco para o setor, “pela dificuldade de se desenvolver tecnologias de drones no Brasil”.

Na prática, o Cave permite que a fabricante realize voos de demonstração e de aperfeiçoamento de projeto do Pelicano de 30 litros. “Estamos utilizando a mesma tecnologia dos Pelicanos de 10 litros. Com isso, aplicamos no novo modelo mais de 5 mil horas de experiência em operações”, entusiasma-se o empresário.

Fundada em 2008, a SkyDrones é especializada em soluções para o mercado de aparelhos não tripulados para a agricultura, inspeção de redes elétricas, mineração e até geração de mapas de intensidade de ventos para parques eólicos, entre outros setores. Desde 2018, ela é considerada Empresa Estratégica pelo Ministério da Defesa brasileiro. Com isso, ela está apta tanto para contar com a estrutura das Forças Armadas quanto a receber incentivos governamentais para desenvolver suas tecnologias. Além disso, a empresa porto-alegrense se tornou em 2017 a primeira empresa de drones no mundo associada a uma entidade aeroagrícola – no caso, o Sindag.

Falta de política para o setor

Atualmente com boa parte de suas energias voltadas no desenvolvimento de soluções para agricultura, Bogdawa ressalta que o principal obstáculo ao desenvolvimento de drones no País é a falta de uma política consistente para fomento à tecnologia. “O governo é o principal entrave a si mesmo e ao setor”, assinala o empresário. “De um lado, você tem a Anac tentando ajudar – por exemplo, com a simplificação das regras o registro de drones já certificados. De outro, vem o sistema da Receita Federal tornando proibitiva a importação de componentes (motores, controladores de voo, baterias etc).”

Explicando a ironia: quando a SkyDrones importa os componentes (motores, baterias, controladores de voo etc.) para equipamentos desenvolvidos por ela, as taxas de importação superam os 30%. Ao passo que, quem comprar um drone importado semimontado, paga alíquota zero ou perto de zero. “É preciso levar em conta ainda que, como fabricante, a nossa empresa utiliza a mão-de-obra brasileira para sua produção, bem como desenvolve aqui o design e todo om projeto. Ou seja, é difícil ser competitivo. Por isso que praticamente não existem fabricantes desse de hardware no Brasil.

Imagens: SkyDrones/Divulgação