O Instituto AddressForAll aproveita a oportunidade dos censos dos anos 2020 para sensibilizar os institutos de estatística do continente a publicar seus dados de endereços no domínio público. O Instituto AddressForAll foi criado em 2020 e tem por objetivo manter uma base de dados de endereços aberta e gratuita para todos. Para isto, o Instituto entra em contato com municípios, governos, empresas de água e de energia para motivar estas entidades a compartilhar seus dados de endereços. Cada doador tem então a oportunidade de melhorar a base comum e de aproveitar esta base para seu próprio uso. Após começar no Brasil, patrocinadores que julgaram a iniciativa muito importante, convidaram o Instituto AddressForAll a atuar em todos os países da América do Sul.

Thierry Jean, Presidente e cofundador do Instituto nos reporta:

“Nesta busca de endereços em todo o continente, tivemos a oportunidade de conversar com os institutos de estatística responsáveis pela realização dos censos que, na maior parte dos casos, eram previstos para 2020 e estão sendo realizados em 2022. Descobrimos que estes institutos, ou já tem bases de dados de endereços, incluindo a latitude e longitude de cada número de porta, ou planejam coletar esta informação na ocasião do senso atual. Estas bases são riquíssimas e permitem oferecer aos países uma infraestrutura de dados de endereços excepcional. De fato, qual dos Institutos de Geografia dos mesmos países tiveram orçamento para ter equipes em campo em todo o território nacional para levantar dados geográficos?

Ao conversar com os administradores desses institutos de estatística, descobrimos duas coisas:

A primeira é que a base de endereços é geralmente considerada um subproduto do senso e não é enxergada pelos gestores da estatística como um dado tão importante quando, na verdade, é! Ter dados de endereços faz falta a todos os setores da economia e da sociedade civil; bons endereços salvam vidas!

A segunda é que o respeito do segredo estatístico é um conceito premente nos institutos de estatística e, facilmente, os dados de endereços são considerados sujeitos ao segredo estatístico da mesma maneira que os dados do senso em si. Ora, na verdade, os dados de endereço, isto é o número da porta, o nome da rua e a latitude longitude, são dados intrinsecamente públicos que qualquer um pode levantar, andando pela rua.

Temos três países que estão publicando seus dados de endereços coletados no Censo ou planejam fazê-lo: o Brasil e o Uruguai que já publicam os dados há alguns anos, e o Equador que já tomou a decisão de publicar seus dados de endereços em 2022. Já tivemos reuniões on-line com o diretor nacional do INE do Paraguai, Iván Mauricio Ojeda Aguilera, o sub-diretor do INEI do Peru, Anibal Sanchez Aguilar e tivemos uma reunião presencial com o diretor general do DANE, na Colômbia, Juan Daniel Oviedo, e estamos em contato com as equipes de todos os institutos Nacional de estatística do continente. O conceito do segredo estatístico é tão fortemente ancorado na Cultura dos profissionais de estatística que em nossas reuniões nós foram pedidos detalhes de como a liberação dos dados foi feita no Uruguai no Brasil e no Equador. Pensávamos que alguma legislação específica tivesse sido estabelecida ou votada para isto, mas conversando com o IBGE do Brasil o INE do Uruguai o INEC do Equador, entendemos que as decisões foram tomadas pelos próprios funcionários dos institutos que se reuniram e decidiram, por uma análise lógica, que os dados de endereços não fazem parte dos dados privados, sujeitos ao segredo estatístico. Nós estamos, portanto em uma campanha de evangelização para que os Institutos de Estatística do continente publiquem seus dados após ter organizado reuniões internas que cheguem à mesma conclusão.”

Thierry completa: “Adicionalmente, explicamos aos nossos interlocutores a importância de publicar os dados com uma licença verdadeiramente aberta. Recomendamos para isto a licença Creative Commons zero (CC0) que foi idealizada, alguns anos atrás, a qual permite à sociedade civil, às empresas, às startups e aos governos de produzir o maior valor para o público com os dados disponíveis. Licenças como a CC-BY que exigem mencionar a fonte dos dados dão um trabalho enorme para os usuários dos dados, sem agregar muito valor para o doador do dado. Por exemplo, se um pesquisador em Oxford, obtém os endereços dos contaminados pelo convite da Organização Mundial de Saúde e que ele quer colocar estes contaminados no mapa e que, para isto, ele utiliza a base de dados de endereços produzida pelo Instituto AddressForAll, mencionar cada município que forneceu dados de endereço, é um trabalho maior que o estudo em sí.”

Thierry e a equipe AddressForAll, que inclui 11 profissionais do Brasil e da América do Sul, estão trabalhando arduamente para o crescimento da base de dados de endereços aberta que estão constituindo. Thierry explica: “O pais mais adiantado nesta agenda é o Uruguai, que publicou um decreto presidencial em 23 de maio deste ano que estabelece a criação do “sistema único de endereços do Uruguai””. Podemos torcer que a voz do Instituto AddressForAll seja ouvida no continente. Afinal Thierry e a equipe já estão estabelecendo contatos para estender sua atuação na África, para ser preparar para ganhar o mundo. Nada mal para uma ONG nascida na América do Sul.

Contato:
Thierry Jean
presidencia@addressforall.org
+55 11 99607.1319

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