As últimas safras têm sido de muitos desafios aos produtores rurais brasileiros, especialmente a temporada 2021/22 que entrará para a história como uma das mais instáveis na região Centro-Sul. De acordo com dados da Embrapa, somente no caso da soja no Paraná e no Rio Grande do Sul, por exemplo, as perdas atingiram em torno de 38 milhões de toneladas, o equivalente a US$ 20 bilhões. Os cafeicultores também enfrentaram problemas com o clima, que provocou uma queda de 15,3% na safra deste ano. Já os citricultores foram castigados com volume 10,61% menor do que a previsão inicial.

Com todas essas perdas, o principal instrumento que existe hoje e que pode garantir renda e proteção aos agricultores contra as intempéries é o seguro rural. Apesar da sua importância, seu uso ainda é incipiente no Brasil. Atualmente há aproximadamente quatro milhões de produtores sem acesso ao seguro agrícola, sendo a sua maioria pequenos e médios, o que acende um alerta no campo.

Diante desse mercado com um potencial de R$ 20 bilhões, a Picsel, uma insurtech especializada no agronegócio, desenvolveu uma solução digital para potencializar as contratações das seguradoras. A plataforma usa inteligência artificial, informações de satélites, conhecimentos de agrometeorologia e atuária para fazer uma análise rápida e precisa do risco do negócio.

Para se ter uma ideia do potencial dessa tecnologia, recentemente a insurtech realizou o monitoramento de aproximadamente 30 milhões de hectares no Brasil, com destaque para o acompanhamento de toda a safra de soja no RS e quase 70% da safra nacional de algodão. “Criamos uma plataforma com soluções de ponta a ponta para o seguro agrícola, com robustez em tecnologia e ciência avançada. Enquanto em vias normais a contratação leva até cinco dias em média, com a nossa solução a cotação e a contratação são concluídas em até três minutos, tudo de forma simples e bastante rápida”, diz Daniel Miquelluti, COO da Picsel.

Dados precisos

Atualmente, as seguradoras trabalham com base nos dados do IBGE, e o grande problema é que essas informações são obtidas muitas vezes por média de município ou região. A proposta da Picsel é ir muito além, pois devido ao seu investimento em tecnologia consegue gerar os seus próprios dados e qualificar cada risco de forma aprimorada. Na prática, a insurtech permite que os produtos sejam customizados e a precificação seja proporcional ao risco de cada cliente.

Para isso, utiliza imagens de três tipos de satélite com alta resolução, interligados aos dados climáticos, amostragem de solo, com especificação de genética de cada cultivar, alinhado ao manejo de cada produtor. Assim, compilam e montam uma série histórica de produtividade por fazenda, algo inédito no mercado. “Toda essa base de dados nos permite customizar o seguro cliente por cliente. Enquanto o setor tarifa todo mundo por igual, fazemos essa precificação de acordo com o risco de cada agricultor”, reforça Miquelluti.

Tecnologia avançada

Com o mínimo de dados informados pelo corretor na cotação do seguro, a insurtech realiza simulações em ambiente computacional, considerando todas as variáveis que influenciam o desenvolvimento das plantas ao longo da safra, do plantio até a colheita. Com o cruzamento de milhões de dados e o uso da ciência avançada e tecnologia de ponta, são capazes de mensurar até 30 anos de produtividade agrícola por fazenda e que é infinitamente melhor que qualquer dado hoje utilizado pelo mercado.

A interface com o usuário final é simples. O cliente pode qualificar o risco de forma precisa e compor uma carteira equilibrada de acordo com sua regra de negócio. A solução da Picsel permite também monitorar remotamente todas as áreas seguradas, antecipar potenciais sinistros e gerenciar as vistorias de forma segura, com muita transparência e agilidade. Afinal, sua metodologia padroniza todo o processo de perícia que precisa ser seguida rigorosamente pelos peritos para que possam executar o serviço.

Outra vantagem para as seguradoras é poder aumentar seu leque de serviços. A tecnologia da insurtech, a qual realiza o cruzamento de informações em um grande banco de dados, permite principalmente às empresas, que não tem experiência mas possuem muito interesse, ter uma fatia desse mercado, ampliar a oferta do seguro de forma personalizada obtendo consequentemente maiores ganhos.

Transparência ao ressegurador

O ressegurador é muito importante no mercado de seguros, pois ele absorve mais de 80% do risco que entra em uma seguradora. Apesar de ter grande relevância, o mercado está estressado em razão dos recentes prejuízos. Falta capacidade de resseguro, o que impede as seguradoras de comercializarem seus seguros nos mesmos patamares que em anos anteriores.

Com a plataforma da Picsel, isso também vai mudar. O ressegurador pode acompanhar as operações digitalmente e on time, gerando muito mais transparência e segurança. “Nosso objetivo é sempre criar soluções digitais inovadoras, práticas e mensuráveis, através de ciência e tecnologia, para aumentar a rentabilidade da carteira dos nossos clientes”, finaliza o executivo.

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