A transformação da mobilidade urbana como ferramenta de impacto ambiental, social e econômico foi o tema do painel “Como empresas inovadoras estão transformando a mobilidade urbana para gerar valor ambiental, social e econômico”, realizado na última quarta-feira (4/6), segundo e último dia da Smart City Business Brazil.
O debate foi mediado por Roberto Gregório, vice-presidente de mobilidade urbana do Instituto Smart City Business America (ISCBA), e reuniu representantes de empresas que lideram iniciativas voltadas à mobilidade e inovação: Marcelo Sakai (Mobicity), Pedro Somma (iFood), Tatiana Mattos (BlaBlaCar Brasil) e Thiago Hipólito (99). Tatiana, da BlaBlaCar, destacou como a proposta de compartilhar assentos vazios em veículos particulares resultou em ganhos concretos. Segundo ela, enquanto a taxa média de ocupação de carros é de apenas 1,4 pessoas, na plataforma esse número chega a 2,4; o que representa uma utilização mais eficiente dos recursos e menos carros nas ruas. A executiva afirmou que, com mais de 130 milhões de usuários no mundo, a empresa evitou a emissão de cerca de 2 milhões de toneladas de CO₂ e gerou uma economia de R$ 2,4 bilhões para seus usuários.
“Mais do que otimizar o carro, o objetivo é otimizar o território percorrido”,
disse.
A necessidade de tornar o transporte mais eficiente e sustentável também foi defendida por Thiago Hipólito, diretor sênior de inovação da 99. A empresa, que conta com uma base de 55 milhões de usuários, aposta na mobilidade como uma plataforma multimodal. Além do serviço tradicional de transporte por aplicativo, mantém uma frota de táxis que representa cerca de 3% da operação e prepara o lançamento da 99 Food, nova frente de entrega de alimentos. Hipólito ressaltou o avanço da empresa na eletromobilidade: em 2022, a frota contava com apenas 80 veículos elétricos; a meta para 2025 é atingir 17 mil. Ele também mencionou a criação de um braço de fintech, oferecendo soluções financeiras para motoristas parceiros, e destacou que, até agora, a empresa conseguiu evitar a emissão de 1,5 tonelada de CO₂.
Na mesma linha, Marcelo Sakai, CEO da Mobicity, defendeu a importância de gerenciar caronas no ambiente corporativo como forma de reduzir o trânsito e otimizar frotas. De acordo com ele, cerca de 70% das pessoas ainda dirigem sozinhas, o que gera congestionamentos e eleva o nível de estresse nas cidades. Sakai explicou que a empresa começou oferecendo soluções para caronas em universidades e evoluiu para o segmento B2B, auxiliando empresas na gestão de suas frotas. Como exemplo, citou o caso da Enel, onde cerca de 40% da frota está ociosa.
“Estimamos que metade das frotas corporativas estejam ociosas. Com tecnologia e gestão de dados, podemos transformar essa realidade, gerando benefícios econômicos e ambientais”,
afirmou.
Representando o iFood, Pedro Somma, diretor de inovação em Sustentabilidade, apontou que a mobilidade está diretamente ligada ao acesso e que o trânsito responde por cerca de 62% das emissões de gases de efeito estufa na cidade de São Paulo. A empresa realiza aproximadamente 120 milhões de entregas por mês, sendo 90% delas feitas por motocicletas. Para reduzir esse impacto, o iFood investe na ampliação do uso de veículos elétricos, como bikes e motos, além de ter criado um fundo voltado à eletromobilidade. Segundo Somma, a empresa também busca tornar as entregas mais eficientes, especialmente nas grandes cidades, como o Rio de Janeiro, onde já é possível observar trajetos mais curtos e otimizados.
“A sustentabilidade é um compromisso estratégico. Queremos preparar a cidade para essa transformação”,
pontuou.
Além das soluções focadas em eficiência e sustentabilidade, o painel também trouxe exemplos de como a tecnologia pode contribuir para a segurança no trânsito. Renata, da Society – Mobiltec, apresentou um sistema de bloqueio remoto de celulares em frotas, impedindo o uso dos aparelhos enquanto os veículos estão em movimento.
“Nosso dispositivo permite o bloqueio de chamadas durante a condução e pode ser acionado à distância, promovendo mais segurança para motoristas e pedestres”,
explicou.
Na avaliação do mediador, Roberto Gregório, o setor vive uma mudança sistêmica.
“Estamos construindo um novo paradigma de mobilidade, que busca eficiência, inclusão e respeito ao meio ambiente”,
afirmou ao final do painel.
eVTOLs e o futuro da mobilidade aérea urbana
O painel “O Futuro da Mobilidade Aérea Urbana com os eVTOLs” recebeu especialistas para debater o tema na Arena Mobilidade da Smart City Business Brazil 2025. Mediado por Alexandre Bürgel, consultor da Innova Ação Soluções, o debate reuniu especialistas e gestores públicos para discutir os avanços, desafios e perspectivas da utilização dos eVTOLs — veículos elétricos de decolagem e pouso vertical, os chamados “carros voadores”, muito semelhantes aos drones porém com capacidade de transportar objetos e pessoas — como solução para a mobilidade urbana. Participaram do painel Edinho Guedes, secretário de Mobilidade Urbana de Jacareí (SP), e Marcelo Gutierrez, membro do Fórum de Transição Energética na Aviação Civil, ligado ao Ministério de Portos e Aeroportos.
Em sua apresentação, Edinho Guedes destacou a importância de pensar a mobilidade aérea como uma extensão das políticas públicas de transporte e planejamento urbano. Segundo ele, os eVTOLs oferecem uma oportunidade de transformar o modo como as cidades lidam com os desafios de deslocamento, sobretudo em regiões metropolitanas densamente povoadas.
“Estamos diante de uma mudança de paradigma. A mobilidade aérea urbana com eVTOLs não se trata apenas de inovação tecnológica, mas de uma nova forma de pensar o espaço urbano, integrando diferentes modais de transporte para tornar as cidades mais eficientes e sustentáveis”,
afirmou Guedes.
Ele também mencionou os esforços de Jacareí, no interior paulista, para se preparar para essa nova realidade. A cidade, que integra a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, estuda a implantação de políticas de mobilidade urbana que incluam a infraestrutura necessária para a operação dos eVTOLs, como vertiportos e corredores aéreos.
Marcelo Gutierrez ainda apresentou a visão do governo federal sobre o papel dos eVTOLs no contexto da transição energética na aviação civil. Ele ressaltou que o Brasil possui vantagens competitivas, tanto pelo seu potencial tecnológico quanto pelo seu histórico de inovação no setor aeronáutico.
“O país já é referência global na fabricação de aeronaves regionais e agora tem a chance de liderar também na mobilidade aérea urbana com aeronaves elétricas. No entanto, essa transição exige a construção de um arcabouço regulatório robusto e alinhado com as melhores práticas internacionais”,
explicou Gutierrez.
Gutierrez destacou a atuação do Fórum de Transição Energética na Aviação Civil, que reúne representantes do setor público, privado e da academia, com o objetivo de elaborar políticas que incentivem o desenvolvimento e a operação segura dos eVTOLs no Brasil. Entre os principais desafios apontados por ele estão a definição de normas para certificação, segurança operacional, gerenciamento do espaço aéreo e a criação de incentivos para a produção de aeronaves elétricas.
Um dos pontos mais debatidos durante o painel foi a necessidade de integrar os eVTOLs ao sistema de mobilidade urbana já existente. Edinho Guedes enfatizou que a adoção desse novo modal não pode ocorrer de forma isolada, mas sim como parte de uma estratégia que privilegie a conectividade entre diferentes formas de deslocamento, incluindo transporte coletivo, ciclovias e veículos autônomos.
“Não podemos repetir os erros do passado, quando novas tecnologias chegaram às cidades sem uma visão sistêmica. A integração do modal aéreo com os modais terrestres é essencial para que a mobilidade urbana seja de fato eficiente e democrática”,
comentou.
Gutierrez ainda destacou a sustentabilidade como um dos principais motivadores para a adoção dos eVTOLs, uma vez que esses veículos, por serem elétricos, reduzem significativamente as emissões de gases de efeito estufa em comparação com os modais a combustão.
Ao final do painel, os palestrantes abordaram temas como os prazos para a regulamentação dos eVTOLs no Brasil, os modelos de negócios em desenvolvimento e a aceitação social dessa nova tecnologia. Marcelo Gutierrez apontou que os primeiros voos experimentais em ambientes urbanos devem ocorrer ainda nesta década, mas ressaltou que a operação comercial plena dependerá da consolidação de regulamentações e da infraestrutura adequada.
Edinho Guedes reforçou a necessidade de os municípios se prepararem desde já, investindo em estudos de viabilidade, capacitação técnica e parcerias com a iniciativa privada. “A mobilidade aérea urbana não é uma utopia. É um futuro cada vez mais próximo e as cidades que se anteciparem estarão melhor posicionadas para colher seus benefícios”, concluiu o secretário.
Prefeituras têm disponibilizado cada vez mais serviços online para a população, aponta estudo
A 12ª edição do Smart City Business Brazil, um dos principais encontros da América Latina dedicados ao futuro das cidades, iniciou seu segundo e último dia com a palestra Cidades Inteligentes no Brasil: Dados sobre a Transformação Digital Municipal, apresentada por Manuella Ribeiro, coordenadora de Projetos de Pesquisa TIC do CETIC.br.
De acordo com a Pesquisa TIC Governo Eletrônico 2023, que analisa a evolução dos tipos de acesso à internet no país entre 2015 e 2023 – dentre outros temas -, a conexão via fibra óptica tornou-se a principal forma de acesso à internet no Brasil, consolidando-se como a escolha de 94% dos usuários em 2023.
Em 2015, apenas 27% dos usuários utilizavam a fibra óptica como principal forma de conexão. Desde então, a tecnologia passou por um crescimento acelerado, superando outras modalidades e chegando ao topo da lista a partir de 2021. A mudança reflete tanto o avanço da infraestrutura das cidades quanto o aumento da demanda por velocidade e estabilidade na navegação.
“Principalmente durante o período da pandemia, as prefeituras ampliaram suas ações e serviços via internet para atender à população. Aliado a isso, a presença em redes sociais também aumentou e, hoje, 90% das gestões municipais têm conta em pelo menos uma rede social. Tudo isso, impulsionado pelo acesso das pessoas à internet”,
destaca Ribeiro.
Em 2013, o único serviço online das prefeituras presente em 70% dos municípios era a possibilidade de fazer downloads de documentos e formulários. Dez anos depois, Pelo menos metade das prefeituras já oferece diversos serviços online, como emissão de nota fiscal eletrônica (83%), emissão de boletos de tributos e outras guias (70%), preenchimento e envio de formulários via website (68%), realização de de emissões de licenças, certidões, permissões entre outros documentos (65%), consulta de processos administrativos ou judiciais em andamento (57%) e inscrições e matrículas para concursos, cursos e escolas (50%).
Quanto maior o porte, mais tecnologia
No estudo, cidades com mais de 500 mil habitantes são consideradas de grande porte, enquanto municípios com 10 mil ou menos, são pequenos. Em 90% das capitais do país possuem centros de segurança, trânsito e transporte. Nas regiões Sudeste e Sul, estes centros costumam ser integrados.
Em cidades de grande porte 62% das frotas de ônibus tem dispositivos de GPS integrados, enquanto municípios de pequeno porte só tem 13% do transporte público monitorado. Bilhetes ou cartões eletrônicos aos cidadãos para o uso do transporte coletivo existem em 90% dos municípios com mais de 500 mil habitantes. Já nos locais com 10 mil, somente 3% da população tem acesso.
“Ao observarmos o cenário nacional, é evidente que as cidades de grande porte, em geral, contam com mais acesso a tecnologias inteligentes e infraestrutura adequada para oferecer serviços digitais à população. No entanto, é fundamental evitar generalizações. Cada prefeitura tem sua própria realidade, com desafios e prioridades distintas, que precisam ser analisados e respeitados. Somente com esse olhar sensível e técnico será possível promover ações eficazes para o desenvolvimento das cidades e o bem-estar de seus cidadãos”,
ressalta Ribeiro.
Smart City Business Brazil apresenta soluções inéditas para cidades do futuro
Entre os destaques da 12ª edição do Smart City Business Brazil, um dos principais encontros da América Latina sobre tecnologia e gestão urbana, estão lançamentos globais e soluções apresentadas pelas marcas expositoras.
A Shimano, líder global em tecnologia para ciclismo, reforça seu legado de inovação com o lançamento do novo XTR M9200 Di2, seu primeiro sistema de câmbio totalmente sem fio. Projetado para mountain bike, o conjunto oferece trocas de marchas rápidas e precisas, maior robustez e um sistema de frenagem aperfeiçoado. O lançamento do Di2 aconteceu simultaneamente no Japão, onde está a sede da empresa, e foi transmitida para o mundo todo.
“O Di2 wireless foi completamente redesenhado para garantir máximo desempenho e confiabilidade, mesmo em condições extremas”, destaca Juliano Xavier, diretor da Shimano para a América Latina. “ O novo XTR M9200 Di2 eleva a excelência da marca, proporcionando desempenho inédito em trilhas desafiadoras”,
completa.
O sistema Di2 da Shimano se destaca por sua precisão e desempenho em competições e por funcionalidades inteligentes que o tornam ideal para o uso cotidiano. Uma das características mais interessantes é seu mecanismo de autocorreção: quando o câmbio sofre algum impacto – comum em trilhas acidentadas ou mesmo no asfalto irregular das cidades – o sistema eletrônico detecta automaticamente qualquer desregulagem e retorna imediatamente à marcha original, garantindo uma pedalada estável e sem interrupções.
Primeira participação
A Company Brazil e a AutoDefesa são empresas que participam pela primeira vez do evento. Emerson Cordeiro, diretor de Invenções da Company Brazil, destacou o lançamento do piso modular com tecnologia de absorção de impacto Air4, desenvolvido para quadras esportivas e espaços urbanos. A solução, 100% brasileira, tem a capacidade de reduzir impactos e melhorar o desempenho em atividades esportivas. Segundo ele, a experiência na feira foi extremamente positiva, com grande interesse do público em como a tecnologia pode contribuir para cidades mais inteligentes e acessíveis.
“Estamos revolucionando o esporte brasileiro com um sistema que une durabilidade e inovação”,
afirmou
Já a AutoDefesa apresentou um pacote completo de soluções para segurança urbana, com destaque para o SOS Cidadão, um aplicativo emergencial com botão de pânico, geolocalização em tempo real e integração com centrais de operação, projetado para aumentar a proteção de moradores em situações de risco.
“Na AutoDefesa, estamos redefinindo a segurança urbana com tecnologia inteligente. Nosso novo aplicativo SOS Cidadão representa um avanço crucial na proteção das pessoas, integrando emergência, geolocalização e resposta rápida – porque em cidades inteligentes, a segurança precisa ser ágil, conectada e acessível a todos”,
de acordo com o head de vendas da empresa, Regis Rosa.
O evento é promovido pelo IEG (Italian Exhibition Group), um dos principais grupos de feiras e exposições no cenário global, com a parceria do Instituto SmartCity Business America.
Mais informações: Link
Sobre o IEG
Em 2022, a IEG – Italian Exhibition Group, um dos principais organizadores de feiras e congressos da Europa, iniciou suas atividades no Brasil com o objetivo de expandir sua presença no país por meio do grupo IEG Brasil. Atualmente, o portfólio inclui 12 feiras voltadas aos setores de fitness, saúde, bem-estar, esquadrias, tratamento de superfícies, geotecnologias, drones, espaço, facility management e construção: NEEX, Fesqua, Fesqua Vetro, Ebrats, Feipat, DroneShow, MundoGEO Connect, SpaceBR, e-VTOL, Expo InfraFM, Smart City Business Brasil e Fenagra. A IEG – Italian Exhibition Group, listada na Bolsa de Valores de Milão, consolidou-se como líder na organização de feiras e congressos B2B na Itália, com atuação em seis áreas temáticas principais:Alimentos & Bebidas, Joias & Moda, Bem-estar, Esportes & Lazer, Turismo & Hospitalidade, Estilo de Vida & Inovação, Meio Ambiente & Tecnologia. O grupo organiza mais de 50 feiras e 190 eventos e congressos por ano. Nos últimos anos, iniciou um processo de internacionalização por meio de aquisições e parcerias estratégicas no Brasil, Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e China. Em 2024, o grupo registrou um faturamento de 250 milhões de euros, com um EBITDA de 65,9 milhões, um aumento de 25,8% em relação a 2023.