Nos últimos anos houve enorme avanço nas tecnologias de obtenção, processamento, manuseio e manutenção de informações espaciais. A busca de processos calcados no uso de equipamentos e programas de alto rendimento e qualidade foi o principal vetor desta evolução.
Em função das diferenças entre as técnicas atuais e aquelas de que se dispunha, informações obtidas há mais de dez ou quinze anos encontram-se não só desatualizadas como também incompletas.
Podemos identificar os passos principais dessa evolução através dos acontecimentos mais importantes das últimas décadas. Épocas e datas mencionadas não indicam o surgimento da tecnologia abordada, mas o início de seu uso generalizado.
Nos anos 70, o emprego intensivo de distanciômetros eletrônicos e eletro-óticos viabilizou medição de maiores distâncias com grande precisão. Especialmente a determinação de pontos de apoio básico e suplementar para aerolevantamentos foi beneficiada. O emprego de distanciômetros solucionou dois grandes problemas da aerotriangulação. O primeiro ligado à conexão entre subáreas distantes de um mesmo sistema. Segundo, possibilitando espaçar pontos de apoio ao longo de faixas e blocos de fotografias aéreas, diminuiu sensivelmente os custos do processo.
Na primeira metade da década de 80, houve o salto para a fotogrametria analítica, fato marcado pelo Congresso da ISPRS-International Society for Photogrammetry and Remote Sensing, realizado em 1984 no Brasil. Processos de montagem de modelos matemáticos espaciais tornaram-se mais fáceis, além de darem maior precisão a mapeamentos aerofotogramétricos. Embora restituições ainda não resultassem digitais, instrumentos restituidores e aerotrianguladores passaram a ser assistidos por computadores. Além dos aviógrafos surgiram então os ortofotoscópios analíticos, que impulsionaram mapeamentos por ortofotocartas convencionais.
No mesmo período ocorreu notável fortalecimento do uso de imagens obtidas por sensores instalados em satélites artificiais. As resoluções ainda eram bastante baixas, mas a possibilidade de combinação de bandas do espectro eletromagnético facilitava a interpretação de objetos ou espaços. Consideráveis facilidades na elaboração de inventários foram proporcionadas, pela possibilidade de visão integrada de superfícies maiores. Grande competição entre empresas desenvolvedoras de tecnologia de Sensoriamento Remoto resultou em razoável evolução e aproveitamento de imagens de diversas origens, abrangências e resoluções.
Em 1988, em novo congresso de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto da ISPRS, foi dada grande propulsão à Cartografia Digital e ao Processamento Digital de Imagens. A aquisição de informações cartográficas passou a ser realizada por meio de sistemas computacionais associados a instrumentos fotogramétricos analógicos. Os CAD se tornaram agentes de captação de dados sob forma de níveis de informações. Ao mesmo tempo, algoritmos de processamento de imagens passaram a ser apresentados em sistemas sob condições operacionais mais acessíveis. Entretanto, para o âmbito comercial, os métodos de obtenção de imagens ainda eram desfavoráveis e os softwares rodavam apenas em workstations muito caras.
Paralelamente, a complementação e aperfeiçoamento da constelação dos Satélites de Posicionamento Geodésico originavam uso intenso da técnica GPS-Global Positionig System. Iniciava-se a geração de uma rede integrada de pontos geodésicos.
Nessa década destacou-se também o imageamento por ondas de Radar, viabilizando o mapeamento de áreas quase permanentemente coberta por nuvens, como a Amazônia.
Vôos aerofotogramétricos tiveram também relevante emprego de GPS. Além do uso na navegação, está em fase de implantação intensiva a tecnologia do Rastreamento Cinemático para Aerotriangulação. Consiste na determinação por rastreamento GPS das coordenadas do centro de perspectiva da objetiva da câmara aérea no instante de cada exposição. Obtém-se coordenadas para cada pixel da emulsão sensível da foto, dispensando o apoio de campo, a não ser para determinação de vetores de controle. Isso agiliza levantamentos para todos os níveis de aproveitamento .
Em 1992, em novo Congresso da ISPRS, deu-se a grande alavancagem do GIS – Geographic Information System, como instrumento de gestão de espaços e do que neles estiver contido. Tecnologias destinadas a gerenciamento de informações alfanuméricas georreferenciadas, tendo como centro de operações um GIS, formam um ambiente de Geoprocessamento. Grande número de aplicações computacionais é desenvolvido e implementado, visando completa administração da área de abrangência desse ambiente.
A partir do evento seguinte da ISPRS, em 1996, notou-se que o emprego das geotecnologias passou a ser demanda definitiva de usuários em geral, tanto do setor governamental quanto do privado.
Hoje vemos empresas operando, a nível comercial, Sistemas Digitais totalmente computadorizados, empregando tecnologias de correlação de imagens, realizando ajustes radiométricos, correções geométricas, montando modelos digitais de elevação, realizando restituições ou orto-retificações, executando homogeneização e junção de imagens, agregando informações vetoriais, associando atributos e desenvolvendo aplicações GIS, sendo muitas dessas operações executadas em plataforma PC. Vemos também equipes de topografia com estações totais realizando levantamentos digitais de elevada sofisticação.
Convém refletirmos sobre as seguintes indagações:
1-Em qual dessas épocas cada um de nós encontra-se estacionado?
2-Podemos imaginar o que está para vir?- Câmaras fotogramétricas inteiramente digitais? Sensores orbitais de altíssima resolução? GPS&GLONASS? Pixel definitivamente georreferenciado no vôo? Alta demanda de customizações para aplicações específicas de GIS?
3-É possível discernir em que direção investir, especialmente falando-se em capacitação, para acompanharmos o ritmo?
Gráficos de evolução e tendência
Paulo Tavares é Engenheiro Civil/Geodésia formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e diretor técnico da Geomática – Tecnologias da Informação Ltda. email:geomatica@alternex.com.Br