Bases de dados complexas e criadas com diferentes ferramentas poderão ser
descritas ou sumarizadas através de mapas de tópicos

O tema de nossa coluna de hoje é um assunto bem atual, os chamados mapas de tópicos. Este nome é minha tradução para o nome em inglês, Topic Maps. Mas antes de discutirmos o que são mapas de tópicos vamos ver qual á a definição da palavra mapa. Procurando um dicionário na Internet encontrei o Michaelis – Moderno dicionário da língua portuguesa da editora Melhoramentos localizado na pagina do UOL (http://www.uol.com.br/michaelis). Entre as diversas definições de mapa apresentadas lá, vamos usar a terceira: "Lista, catálogo, relação, quadro sinóptico". Mas lista, catálogo, quadro sinóptico DE QUE??? No caso do mapa de tópicos estas listas são sobre conhecimento. Conhecimento é uma palavra chave no mundo de hoje, a sociedade da informação.

Os modernos sistemas buscam administrar não só informações mas também, e principalmente, conhecimento. Com o surgimento da Internet uma quantidade enorme de informações ficou disponível para acesso, e a quantidade só tem aumentado. Mas todos nós sabemos como é difícil achar as coisas na Internet. Nós já discutimos interoperabilidade (capacidade que um sistema possui de compartilhar e trocar informações e aplicações) e ontologias (teorias que definem um vocabulário relativo que descreve um certo domínio) em colunas anteriores. Mapas de tópicos, como veremos abaixo, combinam de certa maneira essas duas disciplinas porque eles são uma maneira para se criar índices de bases de conhecimento. Depois que esses índices são criados eles podem ser combinados, podem ser alterados e compartilhados.

Diversas pesquisas têm sido feitas ultimamente no sentido de desenvolver técnicas que permitam organizar formalmente o conhecimento humano de forma que ele seja armazenado em computadores e possa também ser utilizado não só em desenvolvimento de sistemas mas também durante a própria utilização do sistema. É aí que entram os nossos mapas de tópicos, eles são uma forma padronizada de se compartilhar informações, de como se navegar nessas bases de conhecimento armazenadas em computador. Isto significa que à medida que forem sendo descobertos novos meios e técnicas de se navegar nesses imensos bancos de dados, esses meios podem ser guardados e usados novamente por outros usuários. As ferramentas que estão sendo desenvolvidas para se trabalhar com mapas de tópicos vão permitir que esses caminhos através das bases de dados sejam modificados ou até mesmo combinados, dando assim ao usuário uma boa flexibilidade para a navegação de bases até então estranhas para ele.

Mas os mapas de tópicos são principalmente uma maneira simples de descrever bases de conhecimento e permitir que essa descrição seja compartilhada, já que ela é baseada em um padrão (ISO/IEC 13250). Assim, bases de dados complexas e criadas com diferentes ferramentas poderão ser descritas ou sumarizadas através de mapas de tópicos. O nome tópico foi escolhido não só por significar assunto, tema, mas também por significar um determinado lugar. Assim, a nossa organização, mental que coloca as coisas em determinados lugares pode ser espelhada nos mapas de tópicos.

A organização dos mapas de tópicos é baseada em duas entidades básicas: os tópicos e as associações. Através desses dois elementos é possível se fazer uma navegação não só no sentido lateral, navegando-se em diversos assuntos paralelos, como também navegar no sentido de dentro para fora e vice-versa, desde um nível mais geral até os pequenos detalhes de uma base de conhecimento. Por exemplo, um usuário tentando ler um mapa turístico de uma cidade poderia usar a linguagem de mapas de tópicos para personalizar um mapa eletrônico. Ele poderia mostrar apenas assuntos de interesse histórico ou ainda usar uma determinada técnica para encontrar lugares de interesse, com critérios como: encontrar sempre um lugar histórico perto de um restaurante e que seja possível se andar a pé na região.

Para encerrar, vamos dar uma definição formal. A representação padrão de intercâmbio dos mapas de tópicos é definida usando-se uma arquitetura SGML. Um mapa de tópicos é basicamente um documento, ou conjunto de documentos, SGML (ou XML) no qual diferentes tipos de elementos (derivados de um conjunto básico de opções) são usados para representar tópicos, ocorrências de tópicos e relações entre esses tópicos. Mapas de tópicos são aindas um assunto em pleno desenvolvimento e diversos programas têm sido criados para dar suporte a essa nova tecnologia de indexação de conhecimento. Um endereço interessante na Internet sobre mapas de tópicos é http://www.topicmaps.com , mas atenção porque o conteúdo está em inglês. Na pesquisa para esta coluna não achei nenhum sítio em português sobre esse assunto, portanto, se alguém souber de algum, por favor, me envie um e-mail.

O que é XML?
XML é a abreviação de eXtensible Markup Language. Ela é chamada de extensível porque não é fixa como HTML, por exemplo. Ela foi projetada para possibilitar o uso de SGML na Internet. SGML é a linguagem da qual HTML é um limitado subconjunto.

XML não é uma simples e pré-definida markup language, mas sim uma metalinguagem, para se criar formalmente outras linguagens. Com XML o usuário pode criar sua própria markup language (na realidade é isto que está acontecendo com a criação de diversas novas linguagens em diversos domínios). Uma markup language pré-definida como HTML é um meio de se representar uma classe específica de documentos. Com XML podem ser criadas linguagens para se representar QUALQUER tipo de documento.

Frederico Fonseca
é engenheiro mecânico, tecnólogo em Processamento de Dados e mestre em Administração Pública. Participa da equipe de geoprocessamento da Prodabel, responsável pela implantação do GIS da Prefeitura de Belo Horizonte. Atualmente cursa doutorado na Universidade do Maine. email: fred@spatial.maine.edu