A escolha do sistema deve atender a critérios técnicos como o tipo de tecnologia e o meio de comunicação

Com o aumento significativo da demanda por soluções para monitoramento de frotas e transmissão de dados móveis, tem surgido em proporção igualmente impressionante um grande número de empresas oferecendo uma vasta variedade de equipamentos. Mas como escolher a alternativa mais apropriada nesse festival de opções?

O caminho mais lógico é identificar quais são as reais necessidades do seu projeto, enumerando todos os fatores relevantes e, em função deles, pesquisar no mercado quais os produtos que atendem às exigências. E nunca o contrário! Ou seja, tentar adaptar uma solução inapropriada seria a atitude mais equivocada possível a ser tomada.


Sistema eCTrack

Por razões econômicas as pessoas às vezes se sentem tentadas a optar pelo "mais barato", entretanto, em curto período de tempo, elas descobrirão o que essa postura representará no futuro: a não satisfação com o sistema ou gastos continuados maiores que o esperado. Em outras palavras, não adianta querer levar um elefante em um fusca. Cada sistema possui sua própria tecnologia com suas virtudes, defeitos e aplicações e não adianta inventar malabarismos.

Muito bem, então quais seriam os fatores a serem avaliados em um projeto de AVL? Todos os sistemas possuem particularidades, mas seguramente a mais importante é o meio de comunicação utilizado. Existem três grandes grupos a considerar: a) os que utilizam transmissões via satélite para comunicação entre as unidades móveis e a base; b) os que utilizam celular; e c) os que utilizam rádio.

Fica fácil perceber que se a frota percorre todo o país por áreas às vezes inóspitas, a única solução seria um equipamento via satélite. Se essa frota opera praticamente em áreas metropolitanas e/ou rodovias com boa cobertura de telefonia celular, essa poderia ser uma ótima opção. Praticamente todas as tecnologias podem ser utilizadas para isso, seja CDMA, TDMA, AMPS (analógico) e a recém chegada GSM (incluindo GPRS). Mas se existe um fluxo muito grande de dados a serem transmitidos e em área limitada a alternativa mais viável seria a utilização de uma estrutura existente de rádio (UHF, VHF ou trunking). Essa opção ainda é mais interessante quando a estrutura de rádio é do próprio usuário, pois nesse caso não haveria custo com as transmissões (airtime).


CrossCheck AMPS

Observem que embora alguns produtos usem a mesma tecnologia de comunicação, eles possuem diferenças técnicas gritantes. Soluções via satélite podem usar diferentes constelações – baixa e alta órbita – cada uma com suas características. Certos equipamentos utilizam celular mas com baixíssima velocidade de transmissão e protocolos pouco robustos e confiáveis. É preciso ficar atento aos detalhes!

Outro fator importante é a precisão desejada. Soluções que possuem incorporados receptores GPS de um modo geral garantem valores da ordem de 5 a 15 metros. Os que não possuem GPS dependem da posição de antenas em solo e sua precisão pode variar bastante, de poucos metros a dezenas e até centenas de metros.

Alguns produtos são inteligentes, outros não. O que isso significa? Os não inteligentes dependem exclusivamente da intervenção da base e de seus operadores e, sendo assim, dependem também de que as informações cheguem até a base. Esses produtos apresentam pontos frágeis pois, se a informação não chegar, nada poderá ser feito em caso de emergência e, mesmo quando chegar, depende da ação humana. Outros produtos possuem "inteligência embarcada". Esses equipamentos permitem armazenar uma série de pré-programações que gerenciam o veículo e são capazes de tomar decisões analisando uma série de fatores. Também geram menor custo de airtime ao longo do tempo, pois gerenciam melhor a comunicação com a Base.


TT8000 Front

Nunca se deve esquecer que esses equipamentos serão instalados e terão que operar sob as duras condições existentes dentro de um veículo (temperatura, vibração, oscilação de voltagem, etc.). Certifique-se que o produto foi totalmente desenvolvido para aplicação móvel veicular. Soluções que usam no todo ou parte componentes não fabricados para esse fim não apresentam robustez suficiente. O uso de celulares comuns adaptados e PDAs pode se constituir em problemas de manutenção e requerem utilização cuidadosa por parte do usuário.

Vários outros componentes precisam ser considerados, como: necessidade ou não de voz além de dados, escuta remota, número de entradas e saídas digitais e/ou analógicas para monitoramento de sensores e acionamento de dispositivos, existência de portas seriais para futuras expansões, capacidade de processamento, memória interna, etc.

Por fim, há a necessidade de avaliar a perspectiva do equipamento permitir soluções híbridas, ou seja, mais de um meio de comunicação disponível. Isso pode ser muito útil para garantir uma maior área de cobertura e redução de custos de airtime. Além disso, verificar se existe a disponibilidade de upgrade. As tecnologias de comunicação têm mudado com uma velocidade cada vez maior e a melhor forma de garantir o investimento a longo prazo é saber se no futuro seria possível a substituição do meio de transmissão mediante alguma substituição de placa e atualização de firmware.


V-Track color

Em resumo, a escolha de um sistema AVL requer a mesma atenção e cuidado como qualquer outro investimento. É preciso critério técnico. Não se deixe levar pela emoção, pelo discurso fácil e por "tentações" de baixo custo. Continua valendo a máxima popular: "cuidado para não comprar gato por lebre".

Diogo Nava Martins é engenheiro civil e gerente de produtos AVL da Santiago & Cintra. diogo_martins@santiagoecintra.com.br