Nesta edição, colunista inicia série de artigos sobre padrões para GPS

A coluna desta edição inicia uma série de três artigos sobre padrões para formato de dados aplicados em posicionamento com GPS. A ênfase dada será em termos de posicionamento cinemático empregando-se as técnicas DGPS e RTK, muito embora tais padrões possam ser igualmente utilizados para posicionamento estático. Nesta edição, iremos apresentar a definição para diferentes padrões e fornecer exemplos para diferentes campos de atividade. Na próxima, iremos nos concentrar no padrão NMEA definido pela National Marine Electronics Association, padrão este amplamente usado em conjunto com diversos equipamentos eletrônicos de navegação, que possibilita a visualização de informações extraídas por estes sensores. E, na última, iremos nos dedicar ao padrão definido pela Radio Technical Committee for Maritime Services, através do grupo de estudo SC 104. Este padrão é conhecido pela sigla RTCM, e é utilizado quando da transmissão de correções e/ou observações a partir de uma estação GPS.

A palavra padrão sugere algo que possa servir como base para comparações, por exemplo, entre regras, modelos, ou algum tipo autorizado de medições. A International Association of Standards (ISO) define padrão como um conjunto de regras, guias e definições que garantam que materiais, produtos, processos e serviços estejam de acordo com propósitos almejados. A questão que se coloca seria que tipo de padrão se encaixa para determinado propósito. Assim sendo, pode-se mencionar como tipos de padrão aqueles que visam produtos, aqueles que visam performance, aqueles que lidam com procedimentos, aqueles que se preocupam com dados e finalmente aqueles que se preocupam com qualidade. Como exemplo de padrões para produtos pode-se citar o padrão estabelecido pela Organização Hidrográfica Internacional (IHO) para cartas eletrônicas de navegação S57 (3) App B.1. Como exemplo de padrões para performance cito o padrão para carta eletrônica e display de dados ECDIS da Organização Marítima Internacional (IMO) 95. Como exemplo de padrões para procedimentos, os padrões para controle geodésico. Como exemplo de padrões para dados, os padrões 8211 da ISO/IEC, o padrão S57 da IHO, o padrão 0183 da NMEA e o padrão da RTCM SC104. Como exemplo de padrões para qualidade, o padrão 9000 da ISO.

Existem diversos padrões para posicionamento cinemático. No tocante a padrões para performance existem os roteiros para emprego do DGPS em levantamentos offshore estabelecidos pela United Kingdom Offshore Operator’s Association (UKOOA). Este roteiro foi publicado em setembro de 1994, regulando o emprego do DGPS em operações de exploração e produção de petróleo no Mar do Norte. Outros padrões referentes a performance são os padrões desejáveis para atender a demandas da navegação aérea via técnicas espaciais (RNP) definidos pela International Civil Aviation Organization (ICAO).

No tocante a padrões para formato de dados, visando sua disseminação, está aquele destinado a transmissão de correções diferenciais para DGPS e RTK, conhecido pela sigla RTCM SC-104. Outro padrão é o NMEA 0183, usado para interface entre equipamentos eletrônicos de navegação. Estes dois padrões, que serão explorados nos próximos números da revista infoGeo, possuem características distintas. O padrão RTCM, por exemplo, pode passar desapercebido para a maioria dos usuários por estabelecer a comunicação entre o receptor na estação de referência e o receptor itinerante. Ele varia se a operação é de DGPS ou RTK. O padrão NMEA, contudo, é algo visível por conter informações diversas, como por exemplo as coordenadas da estação itinerante. Os dois formatos podem fazer parte da mesma operação no posicionamento em tempo real, o RTCM na comunicação, e o NMEA no display de informações oriundas do receptor.

No próximo número iremos tratar do padrão NMEA.

Um novo enfoque para a coluna GPS 21

Seguindo a nova linha editorial da infoGeo, estamos reformulando o enfoque desta coluna. Vamos procurar manter o mesmo estilo de redação. Porém, gostaríamos de ter uma maior participação dos leitores, estimulando-os a sugerir temas que gostariam de ver abordados.

Marcelo Carvalho dos Santos é Ph.D. em Geodésia e Engenharia Geomática pela Universidade de New Brunswick, Canadá, onde é professor adjunto e membro do Laboratório de Pesquisa Geodésica. Tem também atuado com consultor em projetos internacionais Msantos@unb.ca