A informação real para os processos BIM

Como citei na última edição da revista MundoGEO, acredito em algumas semelhanças da tecnologia BIM com as já tão consagradas tecnologias GIS. Não somente por compartilharem o “I” de informações, mas também por necessitarem da integração permanente das tecnologias de aquisição de dados espaciais para a geração de modelos geométricos. Historicamente, a indústria de softwares GIS teve algumas lacunas dessa integração com os equipamentos de aquisição de dados em campo, principalmente os espaciais que envolvem diretamente o posicionamento. Somente mais recentemente, nos últimos 10 anos, pudemos contar com produtos que realmente facilitaram a coleta de dados para alimentação ou atualização de bases em tempo real e, dessa forma, puderam definitivamente usar o termo “integração dos processos”. Até mesmo os profissionais da área de levantamentos, que antes tinham que saltar um abismo para se apropriarem dos processos de geração dos modelos que usam seus dados coletados, já fazem parte das equipes multidisciplinares que gerenciam e controlam todas as etapas do fluxo de informações. Cabe lembrar também que o avanço tecnológico das comunicações via celular e outras colaboram continuamente por nos tornarem “online” na maior parte do tempo durante geração de dados de campo e, muitas vezes, a transferência é feita imediatamente.

Porém, no meu entendimento, essa questão de integração passa obrigatoriamente por ambas as indústrias de desenvolvimento de softwares e de medições (leia-se equipamentos para coleta, armazenamento e comunicação). Talvez pela tecnologia BIM ainda ser até certo ponto desconhecida pelos profissionais e empresas do setor de levantamentos, pouco se tem visto em relação a esforços para usarem as medições em conjunto com outras empresas de engenharia e arquitetura que vão planejar, projetar, construir, operar e manter os seus empreendimentos. Isso faz com que a demanda, mesmo que latente, ainda esteja reprimida para investimentos no desenvolvimento de novas ferramentas de soft-
ware que possam dialogar mais de perto com os equipamentos e consequentemente com o tratamento mais efetivo dos dados de campo.

Felizmente me parece que esse cenário pode mudar. Recentemente estão sendo anunciados acordos de cooperação técnica entre fabricantes de equipamentos e desenvolvedores de softwares que suportam a tecnologia BIM. Dessa forma, as empresas trabalhando juntas prometem melhorar a integração entre os dados de campo e os fluxos dos processos BIM que, inevitavelmente, devem aumentar a produtividade nas tarefas e também a confiabilidade dos dados. Outras iniciativas noticiam o desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis que podem controlar uma Estação Total Robotizada, simplificando assim o processo de locação de coordenadas BIM diretamente nas obras. As aplicações se estendem ainda quando detalhamos outros tipos de levantamentos “as built” e “as is”, passando pelas validações de modelos de projeto usando Laser Scanning, ambas com várias finalidades, e que serão temas da próxima coluna.

 

Fernando Cesar Ribeiro

Possui graduação em Engenharia Civil e mestrado em Engenharia de Transportes pela USP. Atualmente é colaborador no Laboratório de Topografia e Geodésia na Poli-USP, professor e coordenador do Curso de Edificações do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e professor da Faculdade de Engenharia da FAAP. Ocupa o cargo de Diretor Operacional da Sigma Geomática, onde é responsável pelas aplicações especiais e Laser Scanning
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