Problemas da Estação Total – ao Software

A tecnologia da Automação Topográfica já é fato consumado entre profissionais que são seus usuários ou beneficiários. Produtividade em campo, cálculos e desenhos realizados com velocidade espantosa, vêm cada vez mais demonstrar que esse caminho da modernização não tem mais retorno. A própria automação rege conceitos e técnicas em busca da eficiência ótima nos levantamentos visando o uso correto das informações armazenadas. E é justamente aí que entra em cena a comunicação. Todos os dados coletados em campo deverão chegar com integridade até o computador, onde serão verificados e convertidos por um software especializado.

A comunicação então não se restringe exclusivamente à transferência de dados da estação total ao computador, a definição é um pouco mais ampla. Os três passos essenciais são apresentados a seguir:

Levantamento
Fase mais sujeita a erros na automação topográfica. Antes de iniciar o levantamento, o usuário deve estar ciente das limitações do programa topográfico a ser utilizado para o cálculo, e seguir uma metodologia de levantamento e gravação dos dados compatível, mesmo que o limite, dificulte ou atrase o levantamento. Ex.: softwares que não aceitam a reocupação de estações, a utilização de auxiliares, ou o nome do ponto com caracteres alfanuméricos.

Transferência
A transferência entre a estação total e o computador, ou vice-versa, é feita por um cabo serial conectando a estação total à uma porta serial do computador (interface RS-232). Normalmente existem duas portas seriais no computador, a COM1 com saída de 9 pinos, normalmente usada para o mouse, e a COM2 com saída de 25 pinos (nos computadores compatíveis IBM-PC).

A configuração correta da porta serial a ser usada e da interface da estação total é o passo mais crítico da transferência. Ambas deverão ser idênticas no computador e na estação.

Os principais valores são:
? Baud Rate – taxa de transferência ou a velocidade em que os dados serão transmitidos
? Parity – indica a maneira pela qual serão verificados os dados quanto à sua correta transmissão
? EndMark – indica o caracter de terminação de linha transmitida.

Normalmente a porta mais usada é a COM2, com um adaptador serial 9/25 pinos, mas qualquer porta poderá ser conectada desde que não esteja ligada a outro programa ou driver. No Windows 95, por exemplo, a porta configurada para o mouse (normalmente COM1 por causa da pinagem) só poderá ser usada se o computador for ligado sem o mouse. É importante verificar se a COM2 está ativada no setup e se os cabos internos estão ligados. Depois da transferência, um arquivo com os dados da estação é gravado no computador.

Um outro método usado em certos modelos de estação total é o cartão de memória PCMCIA. Esses cartões têm grande capacidade de armazenamento de dados. O de 4 Mb, por exemplo pode coletar cerca de 40.000 pontos. O cartão armazena os dados em forma de arquivo, e para estabelecer a transferência, basta retirá-lo da estação e colocá-lo em um leitor (drive específico similar ao do disquete) conectado no computador. Esse método tem a vantagem de o equipamento não precisar ser transportado ao escritório, ou de um computador portátil ir a campo.

Conversão
Outro problema na comunicação é a conversão. Como o formato dos dados é próprio de cada fabricante, é preciso convertê-los para o formato de caderneta usado pelo software topográfico. A conversão seria apenas selecionar o arquivo de interesse, mas não é tão simples assim.

A existência de erros no procedimento de utilização da estação total podem gerar muitas complicações na hora de converter o arquivo, criando uma caderneta que não representa o levantamento, e forçando a edição manual dos arquivos.

O ideal seria empregar uma estação total capaz de gerar arquivos de saída configuráveis pelo usuário para permitir uma padronização dos dados.

A comunicação preestabelece conhecimentos básicos de uso do equipamento, do software topográfico e também do próprio computador. Tudo isso demanda treinamento. Sem esse treinamento, aí sim, existe um grande problema.

A transferência de dados da estação total ao software pode gerar erros.

Fernando Cesar Ribeiro é engenheiro civil e consultor técnico da Manfra & Cia Ltda (PR). email: manfra@sul.com.brv