A humanidade convive com a utilização de padrões há muito tempo e depende dela para o estabelecimento das relações de troca de informação. Prova disto é a existência do sistema métrico, referência mundial.

Hoje, com a complexidade dos processos produtivosf e gerenciais, é necessário registrar de forma organizada a maneira de se produzir. Portanto, a padronização deve ser vista dentro das corporações como algo benéfico a todos, desde o nível operacional ao estratégico. Temos também que considerar que vivemos na era da informação tecnológica, na qual a utilização e troca crescente de informações através de aplicativos e plataformas são imprescindíveis.

Neste contexto, a CVRD utiliza, de maneira crescente, dados e sistemas de informação geográfica para o planejamento, instalação e operação de suas atividades nas diversas unidades de negócio. Com o crescimento acelerado dos negócios da Companhia Vale do Rio Doce e a dispersão das informações geográficas em diversas unidades operacionais, tornou-se necessário uma integração e distribuição dos dados cartográficos disponíveis.

A CVRD desenvolve um programa com ações encadeadas e focadas principalmente na normatização dos processos relacionados à aquisição, manutenção e disponibilização dos dados em sistemas de informações geográficas, em ambiente tecnológico seguro e centralizado.


Motivação para adoção de um padrão de utilização

Para assegurar o adequado gerenciamento das relações entre suas atividades e o território onde atua, a CVRD utiliza a tecnologia geográfica como ferramenta operacional básica. São três frentes de gestão integrada: Apoio e Integração, Produção de Dados Geográficos e Sistemas de Informação Geográfica.

A produção de Dados Geográficos tem como finalidade suprir as necessidades da Companhia de informações seguras do território sob sua interferência ou influência direta, que é de alguns milhões de hectares, distribuídos por um amplo espaço geográfico. A tomada de decisão, em muitas situações, é fortemente impactada por aspectos baseados na localização geográfica.

A  Vale, através do DIAT (Departamento de Gestão Ambiental e Territorial), resolveu fazer uma integração de tecnologias no sentido de criar uma base de dados e metadados corporativa, permitindo que a informação geográfica e sua reutilização fosse mais eficiente e amigável através da disponibilização do seu acervo estratégico através do Sistema de Gestão Territorial (SIG Territorial).

Normatização de Dados e Informações Geográficas da CVRD

O número considerável de informações geográficas e da grande diversidade de dados geográficos produzidos e envolvidos nas operações da Companhia reflete a necessidade de conhecer, registrar e disponibilizar um importante acervo existente de elevado teor técnico e econômico.

A construção de um banco de dados geográficos é, reconhecidamente, o item mais custoso de um projeto de SIG, e a padronização é uma iniciativa para dividir tarefas e compartilhar custos na construção dos bancos de dados geográficos compartilhados.

Assim, a CVRD passou a utilizar, a partir de 2004 a normatização para dado geográfico e sistemas de informação geográfica, que hoje está em sua quarta revisão, e é utilizada por usuários Vale e fornecedores de dados geográficos.

Vantagens

Um dos principais trabalhos executados pela CVRD é o de identificar as áreas da Companhia e os órgãos públicos ou privados que são detentores de acervos ativos de dados geográficos (arquivos vetoriais e raster), e recuperar e integrar estes diversos tipos de dados através de um padrão técnico que forneça uma resposta rápida, eficiente e segura.

A normatização de dados fornece orientações quanto ao formato de apresentação dos dados geográficos, como tipos de projetos, sistema geodésico e sistema de referência, simbologia e siglas de projetos, formatos de arquivos vetoriais e raster, além de um padrão de estrutura de diretório e nomenclatura de arquivos.

Fornece ainda referências básicas, para o público interno, de técnicas para a aquisição de dados geográficos e uma tabela de feições para vetorização, orientando qualquer trabalho, para serviços internos e contratados.

Essa normatização traz alguns benefícios como:

Padronização: Carrega para cada grupo de arquivos os diversos assuntos e temas relacionados a eles embutidos dentro das normas de nomenclatura;

Organização: Mantém um ordenamento alfabético por assunto, facilitando e agilizando a consulta;

Integração: A padronização dos nomes dos arquivos e estruturação controlada de diretórios permite a circulação dos arquivos nas unidades de negócio, e sua integração em ambiente corporativo;

Segurança: Facilidade na concessão de privilégios específicos por diretórios para tipos diferentes de usuários.

Padrão CVRD de Metadados


Outra frente da normatização foi a definição de um Padrão CVRD de Metadados, através de um conjunto de informações essenciais para ajudar na localização, qualificação e entendimento sobre os dados geográficos. O padrão criado foi baseado no Federal Geographic Data Committee (FGDC) e ajustado segundo necessidades geradas por usuários da Companhia.

Ganhos expressivos com a publicação dos metadados aumentam a preocupação e responsabilidade sobre a qualidade dos dados. Outro ponto importante é que diminui o tempo de retrabalho da informação, minimiza ou até evita a aquisição duplicada de dados, e também eleva o grau de confiabilidade e valoriza o acervo geográfico da empresa. As informações obtidas com os metadados possibilitam a interoperabilidade, além do que o custo na geração da informação é menor do que a geração redundante dos dados geográficos.

Padrão CVRD de Metadados
Padrão CVRD de Metadados


Ganhos e desafios

Como resultado do emprego da normatização para dado geográfico e Sistemas de Informação Geográfica (SIG), houve um considerável ganho na comunicação entre usuários técnicos internos e externos da CVRD, pois o padrão é um documento de comunicação normativa. Identificamos no acervo quais dados estão disponíveis, se atendem às necessidades, onde encontrá-los e como acessá-los.

A expansão do acervo cartográfico gerou uma base de dados corporativa e centralizada, que possibilita uma abordagem integrada das áreas de atuação da Companhia nas esferas municipal, estadual e mundial. Esta base de dados está sendo compartilhada por todas as unidades da Vale.

A empresa precisa muito mais do que informação, precisa gerar e gerir conhecimento. Assim, o conhecimento adquirido pela identificação do acervo aumentou a qualidade da decisão a ser tomada, baseada nos dados, através de um controle de ordem gerencial e administrativa.

Este conhecimento propicia a proteção e manutenção dos investimentos da empresa no que tange aos custos de aquisição, tratamento e organização dos dados geográficos.

No entanto, a padronização está em contínua progressão, visto que é necessário aprimorar os conhecimentos técnicos e atentar aos padrões externos existentes ou a serem criados. É importante vencer os obstáculos que um padrão impõe, como as resistências naturais quando algo novo é proposto, a necessidade de aprimoramento e qualificação técnica e os limites de delegação dos trabalhos executados através da identificação dos atores.

Adriana Bredof Crem
Geógrafa, Administradora do Banco de Dados
Geográficos Corporativo da CVRD
adriana.crem@cvrd.com.br