Sistemas AVL oferecem mais do que informações sobre a localização remota de veículos

À medida que a tecnologia de rastreamento de veículos se torna mais presente, também surgem novas aplicações e os usuários vão descobrindo que podem ser integradas várias outras funções, visando o completo monito-ramento das unidades móveis.

Ou seja, os sistemas AVL estão extrapolando seu principal objetivo, que era prover informações de localização remota de veículos. Também estão extrapolando as funções de segurança, através de dispositivos como botões de pânico, cortes de ignição, combustível e travas eletromagnéticas, até mesmo a comunicação bi-direcional de mensagens em formatos pré-definidos, textos livres ou ordens de serviço, enviados e recebidos através dos mais variados tipos de terminais de dados, com teclados numéricos, alfanuméricos ou touch-screen.

A nova ordem agora é o controle remoto total do funcionamento do veículo e seus componentes como motor, sistema de arrefecimento, hidráulico e etc. Com o surgimento dos novos motores e a presença cada vez mais forte de componentes eletrônicos que gerenciam os principais comandos, têm permitido a utilização da mesma tecnologia utilizada nos sistemas AVL convencionais para transmissão de parâmetros importantes como temperatura do motor, pressão do óleo, rotação, status de sistemas como air-bag, ABS e outros.

Isto tem sido possível principalmente pela adoção de redes de comunicação nos veículos, entre a mais conhecida a rede CAN (Controller Area Network), que funciona como uma "Intranet" local nos veículos. Através dessas redes, todos os módulos eletrônicos são conectados e gerenciados por um módulo principal, através de um simples cabo. Além da economia em centenas de metros de fios e conseqüentemente vários quilos a menos nos veículos, essas redes são extremamente seguras e permitem, entre outras coisas, disponibilizar essas informações para outras aplicações.

As assistências técnicas podem então, conectando equipamentos específicos nos veículos, gerar precisos relatórios de diagnóstico e solucionar os problemas de maneira extremamente rápida e confiável. Isso já vinha sendo executado há alguns anos, com o surgimento dos primeiros veículos munidos de componentes eletrônicos. O que está mudando é que isso agora passa a ser realizado remotamente por meio dos dispositivos de comunicação sem fio, como as redes de telefonia celular e as realizadas via satélite.

O objetivo passa a ser monitorar o veículo, não apenas motivado pelos aspectos de segurança – no sentido de evitar furtos e roubos -, nem no de logística – acompanhar da origem ao destino, determinada carga ou produto. Além disso, controlar todos os parâmetros do veículo objetivando uma atuação preventiva em seu funcionamento e não apenas corretiva, e tudo isso remotamente. Exemplo: o motorista receber uma informação de que o motor está prestes a apresentar determinado problema e já sugerindo a concessionária mais próxima para atendê-lo.



Essas informações também serão extremamente interessantes para a indústria de máquinas pesadas, máquinas agrícolas, construtoras, locadoras de máquinas para terraplanagem, etc. Pois agora, além de saber sobre a localização e horas de uso da máquina, também será possível saber, remotamente, como essas máquinas vêm sendo operadas pelos usuários, identificando os bons e os maus operadores.

Em se tratando de Brasil, considerando nossas dimensões continentais e nossas insuficientes coberturas de telefonia celular – ainda pouco abrangentes nas rodovias brasileiras e no campo – o sistema de transmissão mais adequado para garantir completa cobertura em todo o território nacional ainda é o satelital. Felizmente a tecnologia nesse aspecto também tem evoluído, com a indústria ofertando equipamentos cada vez mais reduzidos, leves e acessíveis, de modo que a estética não seja tão comprometida, tornando viável sua instalação não apenas em caminhões, mas também em veículos menores.

Num futuro bem próximo, poderemos viajar tranqüilos porque alguém estará recebendo informações em tempo real sobre as condições de funcionamento de nossos veículos e nos instruindo em caso de pane como proceder ou prevendo essas panes antes mesmo que elas aconteçam.

Diogo Nava Martins é engenheiro civil e gerente de Produtos AVL da Santiago & Cintra. E-mail:diogo_martins@santiagoecintra.com.br