A cooperação espacial de Brasil e China demonstrou mais uma vez que continua sendo o mais importante programa internacional no setor. Os dois paises anunciaram na semana passada a construção do satélite Cbers-2B, para preencher a lacuna entre o Cbers-2 e o Cbers-3.

A China queria antecipar o lançamento do Cbers-3, para coincidir com o fim do Cbers-2, mas o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) considerou o plano inviável no prazo dado. Daí a idéia do Cbers-2B, um clone do Cbers-2. A vida útil do Cbers-2, lançado em outubro de 2003, está prevista para apenas dois anos.

Como o Cbers-3 deve ser lançado somente para 2008, surgiu o risco de faltar imagens no período entre o fim das atividades do Cbers-2, em 2006-2007, e o início de funcionamento do Cbers-3. Para o Governo chinês, essa interrupção comprometeria seus sistemas de informação. Daí a proposta de acelerar a construção e antecipar o lançamento do Cbers-3, para evitar qualquer solução de continuidade.

Técnicos chineses desembarcaram no Brasil há cerca de duas semanas com esta proposta. Os técnicos brasileiros estudaram a idéia e concluíram não haver condições para finalizar o Cbers-3 no prazo requerido. Daí a idéia muito razoável de se produzir um "satélite tampão" entre o Cbers-2 e o Cbers-3, relativamente fácil e rápido de construir e de lançar até 2006. O Cbers-2B será construído e lançado dentro do mesmo esquema de participação e financiamento dos dois anteriores: a China entra com 70% e o Brasil, com os restantes 30%.

Já o Cbers-3 e o Cbers-4 serão criados em outra base: meio a meio. Os dois países terão responsabilidades iguais. Sendo que o Cbers-4, com lançamento previsto para 2010, poderá ser lançado do Centro de Alcântara, se, à época, este preencher os requisitos necessários para tanto. Se as imagens do sistema Cbers tornaram-se indispensáveis à China, no Brasil isso também está a caminho.

Em junho, o catálogo de imagens do Cbers-2 foi colocado gratuitamente à disposição do público em todo o território nacional. O acesso é livre e requer apenas o preenchimento de um cadastro. Trata-se de democratizar ao máximo o uso dos recursos do sensoriamento remoto no país inteiro, que, por suas dimensões continentais, tem óbvia vocação espacial e, do mesmo modo que a gigantesca China, não pode prescindir de imagens de satélite para cuidar de seu território e suas riquezas.

O Inpe prevê a distribuição de 15 mil imagens do Cbers-2 até o final deste ano.

+Informações www.cbers.inpe.br