A atuação da máfia do carvão no Norte de Minas levou o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a Polícia Militar do Meio Ambiente a desencadear uma operação de repressão em toda a região.

Com o uso do helicóptero Guará 01, eles descobriram que a situação das matas nativas na área é mais preocupante do que haviam imaginado. A exemplo de outras operações realizadas pelo IEF, os trabalhos foram feitos, basicamente, em duas etapas. Na primeira, técnicos do instituto e policiais militares fizeram sobrevôos por toda a região, para mapear os pontos de desmates e outras irregularidades.

O mapeamento foi feito com o auxílio de aparelhos de localização GPS. Durante os sobrevôos, as equipes avistaram as regiões onde as matas nativas foram desmatadas ou estão sendo queimadas e posicionaram o helicóptero exatamente sobre a área.

O GPS forneceu as coordenadas exatas dos locais, que, posteriormente, foram repassadas às equipes de terra. As equipes podem até ter dificuldade de encontrar o acesso até os pontos onde foram vistas as irregularidades, mas sabem onde elas estão ocorrendo e percorrem a região até encontrar os acessos. Os fiscais constataram que, apesar de ser a principal causadora do desmatamento ilegal, a máfia do carvão não é a única responsável pela degradação, já que atividades como a mineração clandestina e a chamada "limpeza" de pastos também contribuem para que o problema se agrave. Somente em dois dias de sobrevôos, os fiscais mapearam 293 áreas de desmates, cada uma delas com, em média, três pontos de destruição.

A operação revelou a forma de atuação da máfia do carvão e como os criminosos negociam selos verdes – certificados de procedência legal do produto – e notas fiscais fraudulentas para "esquentar" o carvão ilegal. Segundo dados do IEF e do Ministério Público, o esquema é responsável pela sonegação de pelo menos R$ 117 milhões anualmente, somente com o carvão. As investigações em torno da máfia revelaram também que o esquema conta com a conivência, e até com a participação ativa, de siderúrgicas, elevando o montante sonegado para mais de R$ 2 bilhões.

O uso do GPS revelou que a máfia está diversificando sua forma de atuação e vem adotando uma série de estratégias diferentes para continuar praticando os crimes ambientais. Uma delas é começar o desmatamento pela parte do meio das matas. Como o principal alvo dos produtores clandestinos de carvão é o cerrado, que tem vegetação bem fechada, esta forma de atuação dificulta que os desmates clandestinos sejam descobertos. Quem passa pelas estradas que margeiam as matas, não percebe que seu interior transformou-se em uma clareira sem vida, que cresce rapidamente devorando a vegetação nativa.

"Eles sabem que estão fazendo desmatamento ilegal e adotam estas medidas para tentar camuflar a ilegalidade", observa o gerente do núcleo do IEF em Salinas, Francisco Damião Ribeiro. "Sabendo as coordenadas do local onde há alguma situação ilegal, rodamos até achar a estrada que leva ao desmate", acrescenta.

Informações do portal Estado de Minas