Quando criamos a revista InfoGEO em espanhol sabíamos que seria certa a eventual publicação na versão em português de textos de interesse global e aplicação local. Nesta edição publicamos uma visão instigante do GIS através da opinião da empresa argentina 4Datalink, que presta serviços de tecnologia para empresas de energia de vários países.

Entretanto, é na entrevista polêmica, imperdível e inspiradora com Carlos Salmán, presidente da empresa mexicana SIG S.A., que podemos parar para pensar. Ela deveria, aliás, ser decorada até a exaustão por dois tipos de públicos brasileiros.

Primeiro os nossos governantes, que sistematicamente deixam em último plano qualquer ação de longo prazo sempre em benefício das ações populistas. Exemplo concreto são os R$ 240 milhões de reais gastos pelo governo no referendo sobre o desarmamento, quando em 2004 a liberação de recursos na área de segurança foi de apenas R$ 165 milhões, de acordo com a revista Isto É de 12 de outubro de 2005.

Na entrevista com Carlos Salmán, fica muito claro que mais do que computadores, mapas digitais e imagens de satélite, o que realmente pode mudar a cara da América Latina é a transformação de informação em conhecimento e a sua democratização para fornecer uma completa radiografia de cada país. Desta forma, fica bem mais fácil administrar de maneira moderna, eficiente e inteligente.

Em segundo lugar, por nossos empresários do setor de geotecnologias, particularmente os que atuam na área de comercialização e implantação de sistemas GIS e de mapeamento. Salmán, como empresário de sucesso, tem uma visão muito clara do papel social das empresas privadas perante a sociedade. Particularmente na área de obtenção de dados via imagens de satélite ou aerofotogrametria, Carlos Salmán descreve com absoluta tranqüilidade a importância de cada método, priorizando sempre a melhor solução para o usuário.

De brinde ele ainda fornece uma verdadeira receita de quais as principais etapas para se investir em geotecnolgias com sucesso. Foi um grande prazer entrevistá-lo quando estive na Cidade do México – depois de Buenos Aires, Santiago, Bogotá e Caracas, minha última escala da viagem de divulgação da revista InfoGEO em espanhol.

Também merece destaque nesta edição o artigo de André Gurgel, outro idealista que criou o Geobusca.net. Ele aborda com muita clareza o verdadeiro tsunami de popularização que os usos mais populares do GPS e das imagens de satélite no Google e no MSN vêm trazendo ao mercado.

Muitos que trabalham diretamente na área ainda não perceberam os efeitos desta revolução anunciada. Mas podem ficar certos: os próximos anos (meses ?) prometem grandes mudanças no mercado.

É esperar, aproveitar as oportunidades e surfar.

Emerson Zanon Granemann
Engenheiro Cartógrafo
Editor
emerson@mundogeo.com