O termo “vazio cartográfico” é geralmente usado para referir-se à falta de mapas no Brasil. A própria Comissão Nacional de Cartografia (Concar) informa que pouco mais do que 1% do território encontra-se mapeado na escala 1:25.000, um nível de detalhamento mínimo para a tomada de decisão por parte dos gestores públicos.

Porém, muito mais do que esses 1% estão espalhados em empresas e autarquias por esse Brasil afora. Estados, municípios e grandes companhias privadas têm feito um grande esforço para realizar mapeamentos que sirvam como base para projetos, mesmo que essa produção seja despadronizada. As próprias empresas da área de geo-processamento têm, em seus acervos, mapas e imagens de várias regiões do Brasil. Dessa forma, talvez o termo mais indicado para a situação atual seja um “caos cartográfico”, já que o que falta é saber onde estão os mapas, ou ainda, quem pode atualizar os mapas com a melhor relação custo/benefício possível.

O decreto assinado no dia 27 de novembro deste ano, que instituiu a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE), é um grande passo na direção da padronização de dados e do compartilhamento de informações geoespaciais na esfera pública, mas também define como a iniciativa privada deve  concentrar seus esforços para a produção, modelagem, armazenamento e distribuição dos dados cartográficos.

Como o Brasil tem realidades muito distintas, as tecnologias de mapeamento também variam ao longo do território. Cada solução é indicada para uma região, sendo que na maioria das vezes as tecnologias são complementares.

A idéia de que a produção de base cartográfica é uma atribuição exclusiva do governo é ultrapassada e incompatível com o momento e com o avanço tecnológico atual. O papel do governo é criar o ambiente propício para o crescimento econômico, e conseqüentemente para o aumento de projetos e de empregos. A questão não é tecnológica, mas econômica.

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Eduardo Freitas OliveiraEduardo Freitas Oliveira
Engenheiro cartógrafo, técnico em edificações e mestrando em C&SIG
Editor da Revista InfoGEO
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