Afinal, quem é o responsável?

Membros do Open Geospatial Consortium (OGC) realizaram, há algum tempo, uma pesquisa com fornecedores de informações geoespaciais e usuários ao redor do mundo com a intenção de diagnosticar quais as necessidades para desenvolver uma melhor estrutura para os padrões de medidas e um modelo robusto sobre qualidade de dados geoespaciais. O resultado da pesquisa apresenta vários pontos preocupantes.

Um dos resultados mais surpreendentes foi a dispersão da responsabilidade pela qualidade dos dados espaciais nas organizações. Em 25% das organizações, as pessoas que entram com os dados são responsáveis pela sua qualidade. Em 20%, a responsabilidade é atribuída a nenhum indivíduo. Isso é potencialmente assustador quando você considera as possibilidades de que, em algum momento, uma ambulância pode ser enviada para alguma dessas coordenadas.

Segundo a pesquisa, a maioria não possui uma forma de quantificar a qualidade dos dados espaciais e também não segue qualquer Norma em relação à manutenção da qualidade de dados geográficos. A maioria dos entrevistados não lista os requisitos de qualidade de dados espaciais em contratos ou na solicitação de propostas. O estudo também apontou que a precisão é considerada o item mais importante em termos de qualidade de dados geográficos, seguida dos atributos das feições mapeadas.

Uma das atividades mais realizadas nas organizações que fazem algum tipo de controle de qualidade de dados espaciais é a integração de dados geográficos de diversas fontes. Três quartos dos entrevistados disseram que seus dados são agora armazenados em bancos de dados espaciais, em oposição às bases de dados de arquivos simples no desktop ou em HDs externos.

O OGC encontrou outra surpresa na mineração de dados do inquérito. De acordo com Sam Bacharach, diretor-executivo do Consórcio, a organização foi surpreendida por constatar que poucos entrevistados tinham conhecimento da legislação, normas e padrões atuais que orientam e afetam a maneira como os dados devem ser armazenados e mantidos.

A organização ISO/TC 211 oferece uma série de normas que tratam de diferentes aspectos da informação geográfica, que incluem a ISO 19113:2002 (princípios da qualidade), ISO 19114:2003 (processos de avaliação de qualidade), ISO 19115:2003 (metadados) e especificação técnica ISO/TS 19.138 (medidas de qualidade de dados espaciais).

Especificamente a ISO 19114 pode ser utilizada para construir um programa de avaliação. Já para a precisão posicional existem algumas normas que podem ser aplicadas. A ISO 19115 fornece uma estrutura de metadados, que devem conter informação sobre a qualidade pretendida, ou seja, sobre os requisitos de qualidade e dos resultados concretos alcançados pela avaliação. Normalmente, constitui-se de um relatório separado.

Outro dado importante é que grande parte dos entrevistados estão dispostos a pagar de 5% a 20% a mais do valor para contratos que assegurem a qualidade dos dados.


Wilson Anderson Holler

Engenheiro cartógrafo e supervisor da área de gestão territorial estratégica da Embrapa Monitoramento por satélite
holler@cnpm.embrapa.br

Paulo Martinho
Engenheiro agrônomo, mestre em agricultura tropical e subtropical. Atua na área de gestão territorial estratégica da Embrapa Monitoramento por Satélite
paulo@cnpm.embrapa.br