Novos satélites darão continuidade à previsão do tempo e prevenção a eventos extremos

Desastres ocasionados por extremos de tempo e clima vêm trazendo escalada de perdas e danos ao meio ambiente e à vida no planeta, de tal ordem que os prejuízos econômico-financeiros sobrepassam os orçamentos de Estados e põem em questão todas as estratégias de desenvolvimento sustentável, de forma que a adaptação se tornou a nova disciplina na busca árdua de alcançar possibilidades de suportar certo grau de sustentabilidade para as comunidades e sociedades globais. A adaptação conta com as convergências entre ciências e tecnologias para a geração de resiliências. As plataformas espaciais integradas via satélites para o sensoriamento remoto têm sido utilizadas para diversas demandas de observação, monitoramento e gestão ambiental e do clima para suportar e promover sustentabilidade geral.

A gestão de meio ambiente terrestre é suportada no monitoramento de tempo e clima apoiados por sensoriamento remoto com base em plataformas espaciais via satélites. São desafios à Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) as inovações tecnológicas no Brasil, considerando-se as demandas de adaptação aos extremos de tempo e clima. O planejamento e o desenvolvimento em geral contam com a disponibilização de sistemas e plataformas tecnológicas integradas espaciais, terrestres e oceânicas compartilhadas entre a pesquisa científica e o suporte pleno a prevenção, resposta e redução de desastres.

Mapa da cobertura da vegetação diária do Brasil com base nos dados do Meteosat-10. Fonte: www.lapismet.com

Satélites Meteorológicos Geoestacionários (com centro sobre a linha do Equador e girando com velocidade da Terra a uma distância de ~ 36,000 km) de nova geração são projetados para monitorar camadas atmosféricas de baixa estratosfera e alta troposfera, as nuvens e suas propriedades a cada 15 minutos. Como resultado, pode-se medir o comportamento dos tipos de nuvens que se transformam em tempestades do gênero thunderstorms e fenômenos atmosféricos associados às descargas atmosféricas. Os satélites medem os gradientes de temperatura com o tempo e, portanto, pode-se estimar o crescimento das nuvens. Satélites também podem estimar outras propriedades das nuvens, tais como a sua largura, a composição microfísica (gelo, água), e espessura. Monitorando todos esses aspectos do crescimento de nuvens ou ”cumulus”, pode-se facilmente predizer condições meteorológicas das nuvens e sequência de eventos do tipo tempestade nos próximos 30-90 min. É essa capacidade de alerta antecipado que é desejável integrar em um sistema de alerta geral aos eventos extremos para a prevenção de altos riscos de desastres associados a tempestades tropicais, tufões, furacões com descargas atmosféricas. Assim, os dados de satélites geoestacionários podem proporcionar vantagem significativa no aviso prévio de condições meteorológicas perigosas, antecipando alertas antes de sistemas de radar tradicionais.

A Agência Espacial Europeia (ESA) e a Eumetsat iniciaram suas atividades preparatórias de planejamento, formulação e definição do Sistema Geoestacionário Meteosat de terceira geração (MTG), para assegurar a continuidade com melhorias do Sistema Meteosat de segunda geração (MSG), funcional desde 2007. O MTG será um novo sistema operacional e “backbone” europeu para serviços Eumetsat, com lançamento previsto para 2018. O Sistema MTG foi concebido com inovações tecnológicas para satisfazer as principais demandas técnicas de usuários pertinentes a:

•Modelamento em tempo real.
•Previsão do tempo de curto prazo.
•Predição numérica de tempo de curto e médio prazos a nível regional e global.
•Monitoramento do clima e da composição atmosférica.

O segmento espacial que está sendo desenvolvido pela ESA, baseado nos requisitos especificados pela Eumetsat, terá seis satélites: quatro imageadores e dois sondadores. Os satélites imageadores irão prover imagens a cada 10 minutos utilizando 16 canais espectrais. Os satélites sondadores irão prover dados de perfis verticais detalhados da temperatura e umidade atmosférica. Uma inovação destacável nestes satélites sondadores, como parte do desenvolvimento do projeto Copernicus inserido na iniciativa Global Monitoring for Environment and Security-GMES pertinente ao Framework Program FP-7, são os sondadores do espectro ultravioleta visível pMapa da cobertura da vegetação diária do Brasil com base nos dados do Meteosat-10. Fonte: www.lapismet.comróximo ao infravermelho, para analisar os gases atmosféricos.

Imagem do satélite Meteosat-10

Humberto Alves Barbosa
Doutor em sensoriamento remoto (PhD) pela Universidade de Arizona. Professor da Universidade Federal de Alagoas, onde coordena o Laboratório de Processamento de Imagens de Satélites. Experiência nas áreas de meteorologia e sensoriamento remoto, com ênfase no sistema vegetação-clima-atmosfera. Coopera com a Eumetsat no âmbito da Eumetcast Brasil, através da atividade de treinamento e difusão de conhecimentos