Será que estamos preparados para estudar em Universidades sem professores? Veja como isto vai impactar a forma como os alunos aprendem e se relacionam

Foi destaque na grande mídia, na semana passada, a notícia sobre a Universidade denominada somente com o número 42 – uma alusão ao livro “O Guia do Mochileiro das Galáxias” – onde os alunos aprendem de forma independente, sem professores.

Muitos criticaram, outros apoiaram, mas poucos ficaram alheios ao assunto, porque este fato é simbólico quanto à revolução pela qual o ensino está passando.

O Netflix acabou com as locadoras sem lançar ao menos um DVD físico, o Uber está acabando com os taxistas sem ter nenhum carro, o Airbnb se tornou a maior rede hoteleira do mundo sem ter construído nem ao menos um casebre. Por que as Universidades passariam incólumes pela revolução digital que estamos vivendo???

Mas voltando à “42”, que tinha que ser no Vale do Silício – não se esperaria nada diferente – naquela Universidade os alunos trabalham juntos na resolução de problemas e avaliam o trabalho de seus pares.

Fundada por Xavier Niel, um empresário do setor de tecnologia, a 42 deverá receber cerca de mil estudantes interessados em programação e desenvolvimento de software, e tem o “singelo” objetivo de revolucionar a educação, assim como o Facebook e o WhatsApp fizeram com a comunicação. Só isso…

Pra isso, a Universidade combina o ensino colaborativo com a aprendizagem através de projetos. Porém, o que geralmente seria supervisionado por um professor ou mentor, na 42 é feito de forma totalmente independente.

Esta forma de aprender é muito mais voltada para o mercado, já que os alunos aprendem como se já estivessem trabalhando em uma empresa como desenvolvedores de software, por exemplo. Todos trabalham juntos – como se fosse um co-working – e ao final do projeto a avaliação é feita por um colega, escolhido aleatoriamente.

Aprendendo como em um jogo…

Assim como num game, os alunos vão avançando na “grade”, como se fossem fases ou níveis e, ao final, recebem um certificado de conclusão do curso, que pode levar de três a cinco anos.

Segundo os criadores da Universidade 42, este método faz com que os alunos aprendam de forma ativa e tornem-se mais independentes, algo valorizado pelo mercado de trabalho. Segundo eles, quem já passou pela escola tem mais habilidades para trabalhar em grupo, discutir e defender ideias.

Choque cultural

Críticos do modelo dizem que simplesmente abolir os professores é ir longe demais, e que o ideal seria haver a supervisão de mentores que direcionem os alunos para encontrarem sozinhos as respostas, porém questionando pontos que passariam despercebidos sem a presença de um mestre.

Pessoalmente, eu penso que ainda não estamos prontos para tanta independência assim, ainda mais com a nossa cultura de procrastinação. Imagine quantos deixariam para fazer o projeto na véspera… Da mesma forma, dependendo da idade do aluno, deixar horários e cronogramas totalmente “soltos” poderia virar uma bola de neve.

Por outro lado, esta forma de trabalho geraria lideranças naturais, de alunos que tomariam para si as rédeas de seus pequenos grupos e os levariam ao sucesso.

Enfim, o debate vai longe…

Nano-Faculdade

Se há alguns anos a novidade eram os MOOCs (sigla para cursos online abertos e massivos), hoje já existem várias iniciativas ao redor do mundo que oferecem uma “graduação sem diploma formal”.

Por mais estranho que isto pareça, tem muito aluno optando por cursos mais rápidos e totalmente focados nas necessidades do mercado (alguns deles criados sob-demanda para uma empresa ou aplicação).

Vamos tomar como exemplo o Udacity, que oferece nano-degrees (em uma tradução literal e meio tosca, seria mais ou menos uma “nano-graduação”). São cursos ultra-focados, como por exemplo o de inteligência artificial (parceria com a Amazon), o de machine learning (parceria com Google) e o de engenheiro de carros autônomos (parceria com Uber, Nvidia e Mercedes).

Aproveite pra assistir esta paletra da Udacyti em parceria com LinkedIn sobre como construir um perfil profissional de sucesso:

Incansáveis

Aproveitando, recentemente fui ao lançamento do livro “Incansáveis”, ver a palestra do autor, Maurício Benvenutti, que mora no Vale do Silício e fala em sua publicação sobre as “empresas de garagem” que estão mudando o mundo.

Ainda não posso falar muito, pois estou no comecinho do livro, mas assim que tiver uma impressão mais completa, farei um post aqui pra compartilhar este assunto…

Universidades sem professores - Elas já existem e serão mais comuns do que você imagina

Na sua opinião, como você acha que será a Universidade do Futuro? Envie pra mim sua resposta que será um prazer ler e responder: eduardo@geoeduc.com.

Post publicado originalmente no blog GEOeduc