Quase 33 anos passaram desde que os dois catadores encontraram uma capsula de metal no Instituto Goiano de Radiologia – IGR, local este imprudentemente abandonado, do qual resultou no acidente com césio-137 em Goiânia-GO, sendo ainda o maior acidente radioativo do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora de usinas nucleares.
A partir de toda a cadeia de eventos que se sucedeu desde as 19 gramas de césio coletada, gerou-se cerca de 3500 m3 de lixo radioativo, mais de 6 mil toneladas que foram acondicionados em contêineres concretados e dispostos na cidade de Abadia de Goiás, a 23 km de Goiânia, onde a CNEN instalou o Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste, que monitora os rejeitos radioativos e cuida do controle ambiental.
Cientistas afirmam que foi realizado uma série de testes para atestar a viabilidade no local para receber os materiais radioativos, até que fosse possível determinar Abadia de Goiás como destino final para os rejeitos. Criou-se, então, um laboratório de rádio ecologia, que averiguou as condições do Lençol Freático no local, constatando que o solo não possuía águas subterrâneas para o abastecimento do município, e uma vez depositados os rejeitos radioativos no local, não teria possibilidades de vazamentos.
A estrutura criada tem vida útil de 300 anos, resistente a tremores ou queda de avião por exemplo, encontrando-se dentro do que hoje é o Parque Estadual Telma Ortegal de 1,6 milhoões de m². “”Ali, foi colocado o que apresentava mais radioatividade, incluindo 50 veículos, nove casas totalmente demolidas e 45 ruas inteiras que foram arrancadas. Além disso, também há árvores, roupas, utensílios domésticos e animais que tiveram de ser sacrificados””, explicou o assistente em Ciência e Tecnologia do CRNC-CO, Marco Antônio Pereira da Silva.
Atualmente há uma plantação de hortaliças cultivadas e consumidas nos fundos dos prédios da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) que foi erguida no local, o que pode vir a ajudar na desmistificação de boatos ou preconceitos quanto ao depósito de rejeitos na cidade. “Trimestralmente, fazemos coleta e análise na fauna, na flora, no solo e no lençol freático. Essa pesquisa resulta em um relatório anual, enviado a órgãos como Ibama e Ministério Público. Nunca constatamos vazamento ou anomalia nem tivemos nosso trabalho contestado”, afirma Leonardo Bastos Lage, servidor da CNEN e coordenador do Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), instalado no Parque Telma Ortegal.
A parte dos morros onde estão enterrados os rejeitos, são cobertos por grama, onde bombas d’água na beira de um rio levam a água até eles, deixando-os sempre regados, servindo para manter a área intacta, para quando há queimadas no parque. Há quem diga que na ocasião só se enxerga os morros verdes, evidenciando o efeito do césio, mas não, trata-se apenas do sistema de irrigação funcionando. “Se der erosão no solo, pode expor uma parte do concreto. Mas isso é algo difícil de acontecer”, explica o supervisor de radioproteção, Cesar Luiz.
*Ingrid Luna Baia Viana. Estudante de engenharia sanitária e ambiental na UFPA
Referências Bibliográficas
1 – http://www.cesio137goiania.go.gov.br/o-acidente/
2 – https://www.bbc.com/portuguese/geral-45783343
3 – https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2011/03/18/interna_ciencia_saude,243245/abadia-de-goias-abriga-ha-24-anos-lixo-radioativo-do-desastre-com-cesio-137.shtml
4 – http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/09/deposito-de-rejeitos-do-cesio-137-em-abadia-de-goias-foi-alvo-de-polemica.html
5 – https://g1.globo.com/goias/noticia/com-cuidados-extremos-deposito-em-abadia-de-goias-guarda-6-mil-toneladas-de-rejeitos-do-cesio-137.ghtml
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