A invasão dos Veículos Aéreos Não Tripulados no mercado mundial

tualmente os Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs) são responsáveis pela expansão e desenvolvimento da indústria aeroespacial mundial, com estimativas de grandes investimentos, saindo dos atuais US$ 2,7 bilhões/ano para cerca de US$ 8,3 bilhões/ano até 2015. Os Estados Unidos são o principal produtor e usuário da tecnologia, representando 36,5% das compras em nível mundial, devido ao interesse de suas Forças Armadas, seguidos por Israel (7,9%), França (7,1%), Reino Unido (5,7%) e Rússia (4,4%).
A Associação Internacional de Veículos e Sistemas Não tripulados (AUVSI) possui um relatório com dados bem interessantes sobre o mercado de VANTs para os Estados Unidos e que pode ter semelhanças com o mercado brasileiro devido às dificuldades de regulamentação e os benefícios que os VANTs podem trazer em diversas áreas. O estudo aborda o exemplo do Japão, que iniciou o uso de VANTs no início dos anos 1990, na agricultura, e faz estimativas de crescimento desse mercado nos Estados Unidos.

No estudo, os pesquisadores estimaram as perdas financeiras e da geração de novos empregos em função do atraso na regulamentação do uso de VANTs. Uma das conclusões foi a de que a Agricultura de Precisão (AP) e Segurança Pública são os mercados mais promissores para a tecnologia. Estima-se que esses dois mercados representem 90% das aplicações de VANTs.

Para a AP o estudo destaca dois segmentos: sensoriamento remoto e a aplicação de insumos/defensivos com precisão. Uma variedade de sensores remotos está sendo usada para fazer o monitoramento e verificar anomalias na saúde de diversas culturas, taxas de crescimento e localizar focos de doenças ou pragas. Esses sensores podem ser ligados a veículos terrestres, veículos aéreos e até mesmo satélites aeroespaciais. Aplicações de precisão são muito úteis para os agricultores, pois utilizam técnicas de pulverização para cobrir de forma mais seletiva as plantas. Isso permite que os agricultores apliquem pesticidas ou nutrientes apenas onde realmente é necessário, reduzindo o montante pulverizado e, dessa forma, poupando dinheiro e reduzindo impactos ambientais. O preço médio de um VANT é uma fração do custo de uma aeronave tripulada, como um helicóptero ou avião agrícola, sem nenhum dos riscos de segurança.

Outros países já adotaram o uso de VANTs a partir do zero (ou seja, o primeiro ano de adoção), onde nem as empresas nem os consumidores tinham experiência anterior com a tecnologia. Nestes países, essa tecnologia está em funcionamento há mais de duas décadas. O crescimento do mercado se deu com um início rápido seguido de um nivelamento do mercado. A experiência no Japão começou a taxas de crescimento superiores a 20% ao ano, como pode se visto no gráfico.

Porcentagem de crescimento do uso de VANTs no mercado agrícola japonês

No estudo da AUVSI os pesquisadores consideraram que a integração dos VANTs ao Sistema Aeroespacial dos Estados Unidos pode trazer alguns benefícios e chegaram às seguintes conclusões:

1. O impacto econômico da integração será de mais de US$13,6 bilhões nos três primeiros anos de integração e vai crescer de forma sustentável, acumulando mais de US$82,1 bilhões entre 2015 e 2025;

2. A integração irá criar mais de 34 mil empregos na indústria e mais de 70 mil novos postos de trabalho nos primeiros três anos;

3. Todo o ano a regulamentação é adiada. Os Estados Unidos perdem mais de US$ 10 bilhões de potencial econômico. Isso se traduz em uma perda de US$27 milhões por dia.
Estima-se que até 2025 serão gerados mais de 100 mil novos postos de trabalho nos Estados Unidos que estejam relacionados à fabricação ou aplicações dos VANTs.

Curiosidades a parte, segundo o relatório da AUVSI:

• Os VANTs têm um período de vida de cerca de 11 anos e são relativamente fáceis de manter;

• Os preços de VANTs podem variar, mas em média ficam em torno de 30 mil a 300 mil reais, conforme as especificações e finalidade. Os menores funcionam com bateria elétrica e os maiores geralmente têm motor de combustão.

Wilson Anderson Holler
Engenheiro Cartógrafo, Esp. (UFPR), Supervisor de equipe na Embrapa Gestão Territorial
wilson.holler@embrapa.br