A reunião entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Comissão Nacional de Atividades Espaciais da Argentina (CONAE), ocorrida no fim de agosto deste ano, com participação do presidente da AEB, Marco Antonio Chamon, apontou que os dois países estão cooperando de forma mais próxima na missão SABIA-Mar, que consiste em um sistema de Observação da Terra destinado ao sensoriamento remoto de sistemas aquáticos oceânicos e costeiros, composto de dois satélites.

O acordo para o Satélite Argentino Brasileiro de Informações sobre Alimentação, Água e Meio Ambiente (SABIA-Mar) foi assinado em 1998 e ratificado sete anos mais tarde. Do lado brasileiro, entretanto, o desenvolvimento do satélite ficou em compasso de espera, o que pode mudar a partir de agora.

Em abril deste ano, representantes da AEB e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) estiveram na Argentina para participar da revisão Mission Critical Design Review (MCDR) do SABIA-Mar Argentino, que ocorreu no Centro Espacial Teófilo Tabanera, que pertence à CONAE, em Córdoba.

Na ocasião, o coordenador de Satélites e Aplicações da AEB, Rodrigo Leonardi, afirmou que a SABIA-Mar “será uma missão muito importante para a América do Sul e para toda a América Latina”. Ele acrescentou que o projeto dará “impulso a outras missões espaciais no futuro, inclusive em cooperação com o Brasil.”

Cooperação foi também o destaque do representante do INPE, o coordenador-geral de Engenharia, Tecnologia e Ciência Espaciais, Adenilson Robert da Silva. “Percebemos um avanço muito importante em uma missão que tem cobertura global. Acredito que esse satélite pode ser um grande fator de união dos dois países, Brasil e Argentina”, disse.

Brasil participou da MCDR do SABIA-Mar Argentino. Foto: AEB

Essa retomada na cooperação foi confirmada pela ministra de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Luciana Santos, que também esteve na Argentina para se reunir com autoridades da CONAE. Em Córdoba, encontrou-se com o diretor da instituição argentina, Raúl Kulichevsky, para discutir os aspectos técnicos e programáticos necessários para que os interesses de ambos os países sejam atingidos satisfatoriamente.

De acordo com nota divulgada pelo MCTI, entre os termos discutidos, chegou-se à conclusão de que é importante aproveitar o legado do satélite Amazonia 1, “aproveitando a disponibilidade de hardware da Plataforma Amazonia e da carga útil do programa brasileiro para complementar e agregar valor à Missão SABIA-Mar”, conforme descrito na minuta da reunião realizada dia 24 de abril. Nesta reunião também estiveram presentes Laura Frulla (Física e Pesquisadora da SAOCOM), Josefina Peres (Gerente de Projetos de Satélites da CONAE), e Ana Medico (Subgerente Cooperação Institucional da CONAE).

O INPE também deixou público que a missão SABIA-Mar está em andamento. Durante visita do administrador da NASA à instituição em julho deste ano, o diretor da instituição elencou os projetos em desenvolvimento e incluiu o SABIA-Mar B (Brasil) neste rol, além das missões AQUAE e Amazônia. O Laboratório de Integração e Teste (INPE) já está trabalhando na construção do satélite brasileiro, como adiantou o presidente da AEB em entrevista ao Canaltech. Marco Antonio Chamon, que assumiu a AEB em julho, era o responsável pelo projeto SABIA-Mar quando estava no INPE.

SABIA-Mar Argentino: desenvolvimento avançado 

Enquanto o Brasil recoloca a missão SABIA-Mar entre os seus projetos espaciais, a Argentina está cada vez mais próxima de finalizar o desenvolvimento de seu satélite. Já existe uma data prevista para o lançamento: início de 2025.

Em agosto deste ano, a CONAE, em conjunto com a Comissão Nacional de Energia Atômica da Argentina (CNEA) e com as empresas VENG e INVAP, finalizaram um novo teste de um dos quatro painéis solares do SABIA-Mar. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Integração e Ensaios (LIE) da CONAE em Córdoba.

Painéis solares do SABIA-Mar Argentino. Foto: CONAE.

“É uma grande satisfação ter concluído exitosamente os ensaios dos painéis solares do SABIA-Mar, o que representa um novo marco para o avanço da missão”, declarou o diretor da CONAE, Raúl Kulichevsky.

Com essa etapa concluída, os painéis seguiram para a sede da INVAP, em Bariloche, para a realização de testes dinâmicos, submetendo o equipamento a vibrações que devem ocorrer durante o lançamento. Além disso, a expectativa é de que os painéis solares da outra asa do satélite cheguem à CONAE para os mesmos ensaios que foram finalizados.

Os painéis solares são um componente vital para a missão espacial porque obtêm energia elétrica a partir da radiação e garantem o funcionamento dos instrumentos durante toda a sua vida útil. O SABIA-Mar argentino terá a bordo quatro painéis solares que medem 1,80 x 1,20 metros e pesam 12 quilos. No total, possui uma superfície de 10 metros quadrados e 2.400 células que irão gerar uma potência de 2.400 watts.

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