Na tarde do dia 17 de março, o satélite GOCE (Gravity field and steady-state Ocean Circulation Explorer) desenvolvido pela Agência Espacial Europeia (ESA) foi colocado numa órbita baixa da Terra, quase heliossíncrona, por um lançador Rockot, a partir do cosmódromo de Plesetsk , no norte da Rússia.

O GOCE é o primeiro de uma nova família de satélites da ESA concebidos para estudar o nosso planeta e o seu ambiente, a fim de melhorar o conhecimento e compreensão dos processos do sistema da Terra e a sua evolução, para que possamos enfrentar os desafios das alterações climáticas globais. Em particular, o GOCE irá medir as diferenças de minutos no campo de gravidade da Terra a nível global. 

“O GOCE é o primeiro satélite científico da ESA dedicado à observação da Terra, desde o Envisat em 2002. As dimensões mudaram, mas o fundamento permanece o mesmo: para obter os melhores resultados científicos, a nossa tecnologia pode fornecer ótimos benefícios à comunidade científica e, consequentemente, aos cidadãos da Europa e do mundo”, afirmou Jean-Jacques Dordain, Director-Geral da ESA. 

Durante 24 meses, o satélite irá recolher dados de gravidade tridimensionais em todo o planeta. Os dados em bruto serão processados em terra para produzir o mapa mais preciso de sempre do campo gravitacional da Terra e aperfeiçoar o geóide: a verdadeira forma de referência do nosso planeta. O conhecimento preciso do geóide, que pode ser considerado como a superfície de um oceano global ideal em repouso, terá um papel muito importante em estudos futuros do nosso planeta, dos oceanos e da atmosfera. Servirá de modelo de referência para medir e modelar as alterações do nível do mar, a circulação dos oceanos e a dinâmica das calotas de gelo polares. 

Os dados recolhidos pelo GOCE irão fornecer uma precisão de 1 a 2 cm na altitude do geóide e 1 mGal para a detecção de anomalias do campo de gravidade (as montanhas, por exemplo, costumam provocar variações gravitacionais locais que vão desde dezenas de miligal a aproximadamente uma centena). A resolução espacial será melhorada de várias centenas ou milhares de quilômetros em missões anteriores para 100 km com o GOCE. 

A cartografia do campo de gravidade da Terra com esta precisão será útil para todas as áreas das ciências da Terra. 
Para a geodesia, irá proporcionar um modelo de referência unificado para medições de altura em todo o mundo, eliminando as descontinuidades entre os sistemas de altura para as diversas massas terrestres, países e continentes.

O mapa geóide preciso permitirá uma melhor determinação orbital para satélites que monitorizam o manto de gelo e, assim, uma maior precisão das medições. 

Para a geofísica, combinando os resultados do GOCE com os dados do magnetismo, da topografia e da sismologia, irá ajudar a produzir mapas detalhados em 3D das variações de densidade na crosta terrestre e no manto superior. Este será um importante contributo para a melhoria de toda a modelação de bacias sedimentares, fendas, movimentos tectônicos e alterações verticais do mar/terra, melhorando a nossa compreensão dos processos responsáveis pelas catástrofes naturais.

 
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