O processo de construção de Cidades Inteligentes implica em três pontos principais: definição de seus pilares norteadores, na definição dos projetos estruturantes e na sustentabilidade econômica e temporal do projeto de Cidade Inteligente.

Neste artigo vamos aprofundar em um dos pontos estruturais do projeto de cidades inteligentes: a definição dos Pilares de uma cidade inteligente.

A definição de Cidade Inteligente não apresenta um consenso na literatura mas verificamos algo de comum em todas as definições: a proposta do conceito de cidade inteligente é sempre norteado por pilares. E tais pilares regem as propostas de políticas públicas e dos projetos da cidade em questão.

Os pilares das cidades inteligentes são encontrados na literatura também pelas terminologias mais comumente usadas “dimensões” e /ou “temas”. Ou também podem ser compreendidos como uma analogia a uma outra terminologia muito utilizada no setor privado: os Valores da instituição.

Depois de 15 anos atuando com gestão pública e de visitar mais de 20 países, eu enxerguei claramente um dos nossos maiores erros: acreditar que porque funcionou lá fora vai funcionar aqui, sem adaptações. O fato é que o conceito de cidades inteligentes discutido “lá fora” está muito desconectado da realidade brasileira. Tanto na Europa, quanto nos Estados Unidos, o conceito de cidades inteligentes está associado ao uso das tecnologias para o aprimoramento dos serviços, com foco sobretudo na eficiência e melhoria constante dos serviços já prestados.

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Para termos uma Cidade Inteligente no Brasil, é preciso, antes de tudo entender que nosso contexto é completamente diferente, pois aqui, muitos serviços sequer foram implantados, ou funcionam de forma desestruturada. E focar esforços na melhoria do que ainda nem foi implantado é pouco “inteligente”, resulta em preocupar-se com a decoração do bolo quando a massa ainda nem foi comprada.

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A Cidade Inteligente no Brasil deve ter quatro pilares principais, a saber: o foco nas pessoas (Cidade Humana), o foco na melhoria da qualidade dos serviços prestados economizando tempo e dinheiro (Cidade Eficiente), o equilíbrio entre o tripé Social, Econômico e Ambiental (Cidade Sustentável) e a Governança regida por Líderes que tenham visão estratégica e sistêmica (Governança Inteligente).

Assim, entendendo “Cidades Inteligentes” como no conceito aqui apresentado, seu significado se torna muito mais abrangente do que a aplicação de projetos puramente tecnológicos e políticos como o Wi-fi na praça, ou que limita as possibilidades de uma PPP de Iluminação Pública à troca das lâmpadas comuns pela de LED.

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Uma cidade inteligente é liderada por líderes inteligentes. Estes, por sua vez, têm visão estratégica e sistêmica, e sabem tirar o maior proveito dos recursos políticos e econômicos que tem em mãos, assim como sabem que um projeto assim não é construído sozinho e para deixar este legado, vai precisar engajar a equipe de servidores, os secretários, os vereadores, o setor privado, as universidades e os cidadãos na definição da cidade que queremos.

Logo, o primeiro passo para construir um projeto de Cidades Inteligentes, é definir seus pilares, pois são os pilares estruturantes que vão nortear as ações dos quatro agentes da inovação (Setor Público, Setor Privado, Universidades e População) na condução do município à condição de Cidade Inteligente.

*Grazi Carvalho, Mentora em Liderança para Cidades Inteligentes
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