Há 63 anos, no dia 4 de outubro de 1957, o primeiro satélite chamando de Sputnik foi lançado da base de Baikonur no Cazaquistão. A missão foi estudar as camadas superiores da atmosfera e também as condições de lançamento de cargas úteis ao espaço.

Os satélites são utilizados em diversas áreas como na comunicação, observação da terra, navegação, ciência, meteorologia, desenvolvimento tecnológico, defesa, exploração espacial, voo tripulado. O tema espacial está sendo discutido neste domingo dia escolhido para a Agência Espacial Brasileira (AEB), autarquia do MCTI, apresentar seus projetos e atribuições. As atividades fazem parte do 1º Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações, evento coordenado pelo ministério.

O “Uso de Satélite como Impulsionador da Ciência”, foi o tema de abertura da palestra realizada pelo diretor de Divisão de Portifólios da (AEB), Paulo Barros, e do coordenador de Satélites e Aplicações da AEB, Rodrigo Leonardi.

Na palestra realizada de forma virtual pelo canal do MCTI no YouTube foram abordadas questões como as aplicações dos satélites e seu uso no desenvolvimento das atividades científicas.

Após o lançamento do Sputnik, mais de 9,5 mil satélites já foram lançados desde então, o que dá uma incrível média de 3 satélites lançados por semana.

“Esses números dão uma ideia de que o lançamento de satélites não é algo que a humanidade realiza de vez em quando, mas sim uma atividade continua ao longo das últimas seis décadas”

destaca Rodrigo Leonardi

A frota atual de satélites em atividade é de cerca de 2,4 mil sendo que 55 são usados para fins científicos, o que, segundo Leonardi, é um número expressivo. Os satélites artificiais utilizados como impulsionadores da ciência têm a missão de estudar o universo (a estrutura, evolução, composição), entender melhor o sistema solar, entender melhor o sol, essencial para a vida no planeta, entender o planeta terra, experimentos espaciais, desenvolver tecnologia e compreender melhor os princípios básicos da física.

“Os satélites científicos também são utilizados no estudo da astrobiologia na qual é procurada vida fora do planeta Terra, além de aplicações na medicina, pois num voo tripulado é necessário preservar a saúde dos astronautas e entender o impacto na saúde desses tripulantes ao permanecerem no espaço que é um ambiente hostil”

explica Leonardi

Dos mais de 9,5 mil satélites lançados ao espaço ao longo de seis décadas, atualmente 2,4 mil estão em atividade e o restante, quando termina sua vida útil, reentram na atmosfera, se desintegram neste processo e alguns voltam a ocupar a órbita terrestre:

“Infelizmente outros desses objetos continuam no espaço criando detritos espaciais que vem se tornando um problema sério, inclusive as Nações Unidas têm discutido como controlar e minimizar esse problema do lixo espacial, pois é um problema sério e a humanidade tem que pensar como solucioná-lo no futuro”

alerta o coordenador de Satélites e Aplicações da AEB

O diretor de Divisão de Portifólios da AEB, Paulo Barros, explica que atualmente quando alguém lança um satélite ao espaço, é necessário que se tenha um plano para quando terminar a vida útil do satélite:

“Ao encerrar o ciclo de vida é preciso que o satélite seja retirando da órbita o enviando para mais longe da terra ou fazendo com que ele reentre em segurança na atmosfera”

Amazônia-1

Num projeto desenvolvido 100% em solo brasileiro pelo MCTI, AEB e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), unidade vinculada do MCTI, o satélite Amazônia-1 tem seu lançamento previsto para os primeiros meses de 2021, em Bali na Índia. O lançamento estava programado para 2020, porém com a pandemia de coronavírus a data precisou ser alterada.

O satélite terá a missão de fornecer dados (imagens) de sensoriamento remoto para observar e monitorar o desmatamento especialmente na região amazônica e também a diversificada agricultura em todo o território nacional. Com seis quilômetros de cabos e 17 mil conexões, o Amazônia-1 será em 2021 o terceiro satélite brasileiro de assessoramento remoto junto ao Cibers-4 e ao Cibers-4A.

“Com este lançamento o Brasil consolida o conhecimento completo no ciclo de desenvolvimento de satélites, ganhando também maturidade nas atividades de integração e testes de satélites. Quando desenvolvemos satélites temos a preocupação de fortalecer a indústria nacional, ainda temos muito espaço para crescer e precisaremos do apoio da iniciativa privada”

Barros também ressaltou que ao enfrentar os desafios relacionados à exploração espacial, desenvolve-se tecnologia, cria-se novos produtos e promovemos o uso pacífico do espaço.

Veja como foi esta entrevista:

Mockup

Na segunda palestra do dia foi proposta uma atividade voltada principalmente ao público infantil com o tema “Monte o Mockup de Seu Satélite Em Casa”. Na atividade, a pós-doutora em Engenharia e Tecnologias Espaciais, Jenny Robledo Asencio, realizou uma breve introdução sobre tecnologia de veículos espaciais e sobre como os satélites são projetados. Ao final do evento virtual, a pesquisadora ensinou como construir um mockup de um satélite que seja capaz de proteger uma carga útil. O Mockup é um modelo ou uma representação em escala ou de tamanho real de um projeto de satélite ou de um dispositivo e é utilizado para apresentar uma ideia de uma forma elaborada com design muito próximo ao final do produto.

Jenny explicou aos internautas que, em primeiro lugar, era preciso definir a missão. A atividade lúdica propôs duas: a primeira foi desenvolver um mockup que simule a reentrada na atmosfera terrestre de um modulo espacial carregando experimentos e a segunda missão era desenvolver um mockup com uma estrutura capaz de proteger sua carga útil (uma bexiga com água) com o objetivo era proteger a bexiga com água de uma queda.

Jenny explicou também que o planejamento deve levar em conta o material usado, o custo deste material (no caso desta experiência o ideal é que seja material reciclado), quanto melhor o material mais caro será e também que era preciso fazer um esboço de como será a estrutura. Por fim, era necessário calcular quanto tempo levou para planejar a estrutura. A correlação é quanto mais tempo a pessoa levar para fazer o mockup mais caro é o projeto.

A fase 3 do projeto propôs foi dedicada à montagem. A proposta foi que as crianças fizessem a estrutura em casa com ajuda dos pais e depois submetesse o mockup à dois desafios: o primeiro era jogar a estrutura de uma altura de seis metros na qual a cair no solo a bexiga não poderia estourar e e segunda foi sacudir a estrutura por 1 minuto. Se a bexiga não estourasse a pessoa passou passaria no teste. “Num projeto espacial são críticos os custos, o bom planejamento e o desempenho”, finalizou Jenny.

Veja como foi esta atividade virtual:

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